terça-feira, 24 de novembro de 2015

Estudo - Evocação de Espíritos


EVOCAÇÃO  DE  ESPÍRITOS
(“O Livro dos Médiuns”  - cap. XXV, questões 203, 269 a 285)


Conceituação
Vê-se no dicionário que “Evocação" = ato de evocar (chamar, mandar vir, tra­zer à lembrança, reproduzir na imaginação;  pop.: "evo­car o passado", "evocar espíritos", etc.).
A evocação de Espíritos é uma constante na histó­ria, na teoria e na prática das religiões - todas as religiões!
— Como o Espiritismo trata desse assunto?
Na verdade, toda vez que alguém pensa num Espírito, já o está evocando; isso coloca na condição de evo­cadores todos os que oram.  Porém, eis o que nos diz o Espiritismo sobre as evocações de determina­dos Espíritos (Kardec discorre com detalhes como, quando, por quem e para quê devem ser evocados Espíritos. Em síntese, leciona o mestre lionês):
- evocações exigem fé em Deus, apelo aos bons Espí­ritos e sintonia espiritual de todos os membros do grupo;
- data, horário e local, previamente fixados, são preferíveis, mas não indispensáveis;
- a vinda de qualquer Espírito evocado obedece sem­pre à vontade de Deus, isto é, da lei geral que rege o Universo;
- os Espíritos podem se comunicar espontaneamente ou atendendo a um chamado, isto é, pela evocação; em ambos os casos, prevalece a vontade deles;
- evocações bem sucedidas exigem médiuns flexíveis, seguros, raros;
- evocações de caráter individual (geralmente fami­liares ou amigos): as reuniões devem ser compostas por pessoas afins;
- jamais deverão ser dirigidas perguntas levianas, ou por curiosidade, ou, mais grave ainda, por interesses materiais;
- impedimentos gerais para atendimento:
     . protetores espirituais julgarem inoportuno
     . vontade do  evocado  (falta de vontade, ser contrário a atender)
     . evocado situado em esfera de punição
     . evocado em missão da qual não possa se afas­tar
     . falta de sintonia com o(s) médium(s)
     . prova ou punição, para o evocado ou para o evocador
     . condição da pessoa que evoca
     . local onde é feita a evocação.
Prosseguindo instruções, recomenda Kardec:
  a. evocações particulares devem ser evitadas, tanto pelos médiuns mais experientes quanto pelos iniciantes, pois há sempre o risco de uma mistificação, podendo, nesse caso, o processo evoluir para a obsessão;
  b. a ausência do evocado nem sempre representa não atendimento: em muitos casos ele ali está, ou presente, ou sintonizado pelo pensamento;
  c. evocações no instante da morte são geralmente penosas, face a perturbação que se lhe segue; contudo, decorridos em média oito dias, o Espírito talvez já pos­sa responder; nesses casos, há que haver sempre muita cautela;
  d. mitos, personagens alegóricos, animais e até ro­chedos podem responder a evocações: é que há sempre uma multidão de espíritos prontos para tomarem a palavra para tudo ...
  e. pessoas vivas podem ser evocadas (a questão 284 contém 20 perguntas e respostas, comentadas)
  f. só se deve evocar maus espíritos se for para ins­truí-los e melhorá-los (é o que ocorre, de forma indire­ta, nas reuniões de desobsessão).

Evocação direta
— Pode-se evocar Espíritos?  Podem ser dispensadas as evocações?
— Penso que, contemplados com a Bondade Maior, chegamos ao ponto em que as evocações de Espíritos verdadeiramen­te já não mais são necessárias.  Aliás, com o progresso espiritual do homem, cada dia mais ele se aproxima dos Espíritos, eis que sua alma rompe as cortinas pesadas da matéria e aumenta sua percepção ex­trassensorial.
A essa mesma pergunta responde Divaldo Franco, em "Viagens e Entrevis­tas", LEAL, Salvador/BA, 1977, p. 68:
"Normalmente, os espíritas-médiuns, não evocam os Espíritos. No entanto, quando concentramos em determi­nada Entidade que nos é querida ou familiar, produzimos uma sintonia e mesmo que o Espírito não possa vir ter conosco, pode entrar em contato, respondendo-nos à dis­tância".

Evocação indireta
Os médiuns sinceros, dedicados e caridosos, que atualmente reúnem-se em grupo, colocando-se à disposição do Plano Espiritual para os labores mediúni­cos, de forma consciente ou inconsciente estão evo­cando Espíritos (desencarnados), objetivando amparar-lhes com fraternidade e esclarecimentos evangélicos, pacificando-os.
Já os médiuns nas lides psicográficas igualmente estão a evocar os autores espirituais que, quando elevados, ditam-lhes as jóias doutrinárias que constituem o abençoado acervo da literatura espírita.
Numa ou outra atividade mediúnica, o certo é que ocorre a evocação indireta e que os médiuns se desdobram por multiplicadas horas, dias, meses e anos.

Moisés e as evocações dos mortos
Partiu de Moisés a proibição de se evocar mortos, sob pena de morte, como se vê em:
  a. "Levítico", cap. XIX, v.31  e cap. XX, v.27
  b. "Deuteronômio", cap. XVIII, v. 10, 11, 12?
Obs: A simples proibição mosaica da evocação dos mortos é prova incontestável de que isso era possível, como realmente o é; quanto à manifestação dos espíritos, se os maus (mistificadores) podem fazê-lo, obviamente, e com mais razão até, também os bons. Aliás, não foi exatamente isso o que acon­teceu com o próprio Moisés?...
Tal proibição visava erradicar dos hebreus recém-libertos do Egito, os costumes de lá trazidos, dentre eles as evocações, tão rotineiras quanto abusivas. Tais práticas, na maioria interesseiras (com fins de adivinhação, fazendo-se delas um comércio), associa­vam-se a reuniões mágicas e supersticiosas, e em alguns casos, eram acompanhadas de sacrifícios humanos.
Razão de sobra teve Moisés para proibi-las, posto que "abomi­náveis por Deus". De forma clandestina ou disfarçada, porém, subsistiram até a Idade Média (mesmo em nossos dias, ainda ocorrem).
Sobre evocações frívolas relembre-se que Kardec consignou, e a razão desemboca nessa certeza, às evocações para tratar de assuntos materiais, ou de interesses rasteiros, só atenderão Espíritos imperfei­tos, quase sempre com motivações zombeteiras.
Assim, é de todo desaconselhável evocar espí­ritos objetivando respostas para questões de ordem mate­rial, ou a título de provocar fenômenos, ou por curiosi­dade, ou, mais grave, por quaisquer interesses que não se enquadrem num sentimento de pureza d'alma.
Infelizmente é o que ocorre na maioria dos ca­sos de evocações.

Identificação de Espíritos
— Tratando de evocações — diretas ou indiretas —, como ter certeza de que o Espírito comunicante é o evocado?
Novamente Kardec!
Nas questões 255 a 268, cap. XXIV, de "O Livro dos Médiuns", há o estudo de tão difícil problema, qual seja o da identificação do Espírito comunicante.  Eventuais evocadores, todos os médiuns (principal­mente os esclarecedores) e espíritas em geral, encontra­rão ali os indicadores fiéis para se distinguir os Espí­ritos bons dos maus.
Só na questão 267, por exemplo, apresenta, em resu­mo, vinte e seis princípios para se reconhecer a qualidade de um Espírito!  Mais adiante, na questão 268, são analisadas outras vinte e oito(!) formas pelas quais podem ser estabelecidas a natureza e a identidade dos Espíritos.
Realmente: esse estudo é indispensável.

Evocações de Espíritos feitas por Kardec
Kardec, como mensageiro do Cristo, utilizou sob delegação do Mestre, o exercício científico das evocações espirituais, cujas técnicas repassou aos contemporâneos. Demonstrava assim, de sobejo, que nada havia de sobrenatural nelas, sendo aliás, muito provei­tosas.
Realizou várias evocações de Espíritos, como se observa em "O Céu e o Inferno", 2ª Parte, investigando objetivamente a situação de muitos Espíritos. Evocando-os, entrevistou um a um, pesquisando demoradamen­te seus depoimentos e revelações. Não evocou personali­dades ilustres do passado, mas tão somente pessoas de­sencarnadas "nas circunstâncias mais comuns da vida con­temporânea".
De posse desse vasto quanto insólito material, Kar­dec analisou seu conteúdo, onde sobressaiam as penas e recompensas futuras, como resultantes naturais do com­portamento humano na Terra. Então, classificou psiquicamente não só tipos de Espíritos (desencarnados e encarnados), formando uma verdadeira escala espírita, moral.
Qual "grande-mestre", não enxadrista, mas missionário, o Codificador do Espiritismo posicionou as peças (suas pesquisas) no grande tabuleiro (cenário religioso mundial de então), consignando com bom-senso, um verdadeiro xeque-mate (iluminação espiri­tual) nas obscuras teorias filosóficas do Inferno, do Purgatório e até mesmo do Céu.
Fato natural foi o da Humanidade chegar à metade do Séc. XIX qual nave sem rumo, como sobrevivente de inúmeras tempes­tades: as algemas mentais da Inquisição (séc. XII ao XVIII); os inesperados revezes e con­tragolpes da Revolução Francesa (1.789); navegação moral lenta, ape­nas nas margens e na superfície da Razão, a bordo do "Iluminismo" (Séc. XIX - o "Século das Luzes").  Nesse preciso cenário e nesse tempo o mundo recebeu do Plano Espiritual a bússola para, a bordo do Bem, navegar com segurança em todos os mares da dúvida humana e em todos os tempos futuros: o Espiritismo! Cumpria-se a promessa de Jesus, quanto às revelações que seriam trazidas pelo Consolador.

A Doutrina dos Espíritos, na verdade, aportou na Terra em grande parte decorrente das evocações, tão ajuizadamente realizadas por Kardec!

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