terça-feira, 7 de março de 2017

Entrevista - A resignação é poderoso bálsamo


Entrevista (Revista Internacional de Espiritismo/ Março de  2017)

A resignação é poderoso bálsamo
Marcos Paterra | marcos.paterra@gmail.com

O entendimento das razões que provocam doenças ou sofrimentos representa a compreensão da Justiça Divina.

Eurípedes Kühl, oficial do Exército já reformado, natural de Igarapava, interior do Estado de São Paulo, nascido em 21 de agosto de 1934. É médium psicógrafo e escritor, com trinta livros espíritas já publicados. Destes, quatorze livros são de autores espirituais e os outros dezesseis de lavra própria. A renda resultante da venda de seus livros é toda destinada a entidades assistenciais. Em suas atividades espíritas, destaca-se pelo esforço em manter-se fiel aos princípios doutrinários que abraçou e que acredita indissociáveis do seu trabalho literário. Nesta entrevista, Eurípedes fala sobre sua experiência mediúnica e o entendimento que devemos ter das doenças como parte fundamental do processo evolutivo espiritual.

RIE – Você nasceu em família espírita? Se não, quando e por que se aproximou do Espiritismo?
Eurípedes Kühl – Tive a felicidade, nesta existência, de ser “espírita de berço”, isto é, nasci e me criei em lar espírita. Meu nome é singela homenagem de gratidão de minha mãe ao espírito Eurípedes Barsanulfo (1880-1918).

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RIE – Qual a sua atuação no movimento espírita brasileiro?
Eurípedes – Ainda jovem dediquei-me a estudar a Doutrina dos Espíritos, sendo inveterado leitor de livros espíritas de vários autores. Afastei-me por algum tempo dos centros espíritas, mas retornei alguns anos após casar-me. Naquela época, de forma inesperada, eclodiu-me a psicografia. Após cerca de quinze anos de exercícios psicográficos e centenas de mensagens psicografadas, tive a felicidade de passar a psicografar livros. Paralelamente, elaborei cursos espíritas, realizei incontáveis palestras doutrinárias e mantive contato com muitos amigos de todo o Brasil. Nessa feliz atividade, obviamente, sempre tive como parâmetro, bússola e âncora as obras de Allan Kardec – essas, solidamente decorrentes e atreladas aos ensinamentos de Jesus –, complementadas pelos consagrados escritores denominados “clássicos”. De imenso valor para essas atividades foi-me e é a abençoada obra literária emanada do Plano Maior pelo inesquecível médium Chico Xavier, que para mim é exemplo máximo de médium. De forma especial a série “A vida no mundo espiritual”, composta por treze livros do espírito André Luiz, com psicografia de Chico – algumas em parceria com o Dr. Waldo Vieira. Todas as minhas atividades espíritas encontram-se registradas em meu blog: www.euripedeskuhl.blogspot.com

RIE – Qual seu pensamento sobre a mediunidade? Em particular, comente sua experiência mediúnica.
Eurípedes – Na minha concepção, a faculdade mediúnica é episódica: a cada existência terrena o espírito recebe uma ou mais faculdades mediúnicas como empréstimo, qual ferramenta para utilização – necessariamente – a benefício do próximo, o que em última instância reverterá em benefício dele próprio. Quanto a mim, o exercício da minha limitada faculdade mediúnica traz-me a sensação de que é oportunidade de resgate de débito de vidas passadas. Sinto-me qual aluno esforçando-se por “fazer a lição de casa”. Aluno, nesse caso, não mais que regular.

(...) a faculdade mediúnica é episódica: a cada existência terrena o espírito recebe uma ou mais faculdades mediúnicas como empréstimo, qual ferramenta para utilização – necessariamente – a benefício do próximo (...).

RIE – Para você, qual a importância dos livros espíritas?
Eurípedes – Tenho-os na conta dos meus maiores mestres, conselheiros, irmãos e amigos de todas as horas. Na quietude das prateleiras, no silêncio das bibliotecas, na oferta muda nas livrarias, para mim os livros, máxime os livros espíritas, representam uma das maiores bênçãos que me visitaram e me visitam na atual existência terrena. Em razão do que ensinam, mostram, informam e colocam na mesa abençoada das reflexões, os livros (em sua maioria, mas particularmente os que registram ensinos dos espíritos) induzem o leitor a análises e decisões de indiscutível valia para nortear comportamentos que o levam à evolução moral.

RIE – Como você vê o conteúdo intrínseco dos livros espíritas que estão sendo escritos e editados atualmente?
Eurípedes – Não sou exegeta, mas também não sou folha solta na correnteza literária espírita. Opino que, de modo geral, é muito bom que novos médiuns e novos autores estejam surgindo no horizonte terreno, com expressiva quantidade de obras. Isso é altamente salutar. Não obstante, no meu entender está havendo pressa em editar os livros espíritas e isso é prejudicial à qualidade da mensagem neles registradas, pois assim, todo e qualquer livro é como uma fruta sem cultivo, colhida antes do tempo, que tende a desagradar ao paladar. No caso, o “cultivo” do livro seria representado por experientes análises e revisões.

RIE – O que o levou a escrever os livros “Espiritismo & Genética” e “Animais, Nossos Irmãos”?
Eurípedes – A genética sempre foi um tema a atrair-me; embora eu não possua qualquer qualificação para dissertar sobre ele, colecionei vasto material publicado na mídia em geral. Com esse material em mãos procurei, dentro do possível, acoplá-lo aos ensinamentos espíritas. Quanto aos animais, desde criança tenho respeito e amor por eles. Todos que, como eu, têm compaixão e protegem nossos irmãos do reino animal contam com minha admiração. Esses livros já têm mais de vinte anos desde a primeira edição e continuam nos catálogos: o de genética pela FEB, e o de animais pela Petit.

RIE – Você está se restabelecendo de uma cirurgia da extração de um nódulo no pescoço, o que representa seu sexto processo de tratamento de câncer. Peço que nos explique sobre esses males que o atingiram.
Eurípedes – Fui “visitado” por seis cânceres, sendo três de pele, de rápida solução, e outros três mais intensos: próstata, bexiga e linfonodo cervical – todos malignos. Em alguns as cirurgias ocorreram sob anestesia geral e exigem acompanhamento até o fim da vida. Na verdade, tal como as demais patologias, o câncer pode se apresentar por duas vertentes, organicamente originárias: por herança genética ou por comportamentos que lhe sejam indutores. Dessa forma, uma pessoa que tenha câncer não terá, necessariamente, descendentes com a mesmo patologia. Seja como for – e aqui falo como leigo e simples estudioso espírita –, para mim é evidente que a doença que nos atinge, seja de que natureza for, o que inclui o câncer, é resultante de nossos atos nesta ou mais possivelmente em vidas passadas. Isso é o que o bom senso me leciona e que eu aceito integralmente. Absolutamente nada a reclamar. Essa aceitação é consentânea com os ensinamentos de Jesus, quando proclamou: “A cada um, segundo suas obras” (Mateus, 16:27). Tal é a bênção da Justiça Divina.

RIE – Por favor, comente mais sobre a Justiça Divina.
Eurípedes – Alongando-me neste tema, é preciso relembrar que antes de Jesus, e também após, muitos foram os outros espíritos, obviamente não com o mesmo grau de elevação do Mestre, que com sabedoria registraram várias citações que sintetizam magistralmente a Justiça Divina:
a. “Porque, segundo a obra do homem, ele lhe paga; e faz que cada um ache segundo o seu caminho” (Livro de Jó, 34:11);
b. “A ti também, Senhor, pertence a misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra” (Salmos, 62:12);
c. “Não pagará ele ao homem conforme a sua obra?” (Provérbios, 24:12);
d. “Julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos” (Ezequiel, 33:20);
e. “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus, 16:27);
f. “E, se invocais por Pai aquele que sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação” (I Pedro, 1:17);
g. “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (II Coríntios, 5:10);
h. “Irmãos, de Deus não se zomba. O que o homem semear, isso colherá” (Paulo, Epístola aos Gálatas, 6.7);
i. “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra” (Apocalipse, 22:12). Além dessas valiosas citações, sábio brocardo popular proclama: Deus não põe cruz em ombro errado...

RIE – Existe a crença equivocada de algumas pessoas de que o fato de alguém não ser viciado em álcool ou cigarro, ou mesmo ser uma pessoa com bons atos e costumes, o deixará imune às doenças, o que sabemos não ser verdade. Peço que comente a esse respeito à luz da Doutrina Espírita.
Eurípedes – Bons costumes e comportamento cristão demonstram que se está em rota de evolução espiritual. Contudo, isso não significa que eventuais débitos contraídos em vidas passadas estejam livres de quitação perante a própria consciência. Daí que tal pessoa, segundo seu planejamento reencarnatório, pode, a qualquer momento, adoecer ou sofrer algum desconforto orgânico, de caráter eminentemente quitativo, o que é grande bênção. Aliás, adoecer sinaliza desrespeito às Leis Divinas, nesta ou em outras vidas.

RIE – Você acredita que as vibrações de seus amigos e familiares colaboraram para suas recuperações?
Eurípedes – Tenho certeza absoluta que sim!

RIE – O conhecimento espírita pode ajudar as pessoas ou as famílias que tenham pessoas com algum tipo de doença?
Eurípedes – E como! A resignação, decorrente do entendimento espírita do porquê de algo que provoca sofrimento ou desconforto, é poderoso bálsamo que abre as portas da alma e da mente dos que sofrem e de seus familiares, induzindo-os à administração do problema, sob efetiva ajuda dos Protetores Invisíveis.

RIE – Um tema amplamente discutido na atualidade é a transição planetária. Você vê alguma relação entre seus males físicos e de muitos outros relacionados a isso?
Eurípedes – Sim. Em minha opinião, todos os males físicos da humanidade expõem o amor de Deus, a caridade de Jesus e o amparo dos espíritos bondosos, proporcionando aos devedores abençoada oportunidade de libertar-se dos débitos do passado. A quitação, vivenciada com equilíbrio mental e espiritual, com aceitação e gratidão à Justiça Divina, de par com esforço permanente para evoluir, garantem também equilíbrio do corpo físico e aquisição do passaporte para mundos regenerados.


(...) todos os males físicos da humanidade expõem o amor de Deus, a caridade de Jesus e o amparo dos espíritos bondosos, proporcionando aos devedores abençoada oportunidade de libertarem-se dos débitos do passado.

RIE – Suas considerações finais.
Eurípedes – Com gratidão à Revista Internacional de Espiritismo por esta oportunidade, elevo meu pensamento ao Divino Amigo, em oração, rogando que Sua luz paire sobre a Terra, para que quando ocorrer a anunciada transformação em mundo de regeneração, essa bênção nos encontre merecedores dela.
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(Ao postar esta entrevista registro minha eterna gratidão aos amigos e amigas que, por caridade, endereçaram suas preces a DEUS e a JESUS, para mim, com o que me senti abençoado durante as várias cirurgias e nos procedimentos subsequentes)

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