Perguntas de Kardec em “O Livro dos Espíritos”
- respostas incompletas...
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História
O “O Livro dos Espíritos” (“O LE”) é o alicerce
definitivo do Espiritismo.
Esse livro foi escrito pelo eminente professor francês
Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), sob o pseudônimo Allan Kardec.
Contém essa obra 1.019 perguntas formuladas pelo referido
professor e dirigidas aos Espíritos que o arrimavam, deles obtendo respostas
registradas por vários médiuns psicógrafos. Kardec analisou todas as respostas,
verificando que dentre as 1.019 perguntas havia algumas sem respostas
conclusivas. Não obstante registrou-as também no livro que a seguir publicou:
“O Livro dos Espíritos”, em 18.abril.1857.
Sendo homem de ciências, altamente conceituado e
consagrado na França, o professor Hippolyte considerou que seria prudente
valer-se de um pseudônimo, objetivando com isso evitar mal-entendidos
materialistas, que poderiam prejudicar a propagação (publicação do livro com as
respostas obtidas).
Assim, a partir de 18 de abril de 1857, o mundo conheceu
o primeiro livro espírita, seguido de outros quatro: “O Livro dos Médiuns”
(1861), “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864), “O Céu e o Inferno” (1865)
e “A Gênese” (1868) — todos elaborados por Kardec, formando a denominada
“Codificação da Doutrina dos Espíritos”.
A primeira edição de “O LE”
contou com 501 questões. Porém, em 1860 Kardec reuniu subsídios suficientes para
publicar a segunda edição, nelas inserindo mais um conjunto de instruções que
amealhara. Nessa nova edição, com 1018 questões[1],
distribuiu as matérias, agora, pela abrangência dos temas, com ordem mais
metódica, simultaneamente suprimindo o que tivesse sentido dúbio; não bastasse,
acrescentou notas explicativas (asseverou isso na Revista Espírita de julho de
1860).
Foi nesse momento que surgiu
o erro de numeração da questão 1011 onde a mesma foi suprimida, por todas as
outras quatorze edições até sua morte.
Obs: Ainda em 1858 Kardec criou uma publicação
mensal tratando de diversas outras questões ligadas ao Espiritismo — a Revista
Espírita —, que editou de 1858 a 1869 (ano do seu falecimento).
Características de "O LE"
“O Livro dos Espíritos” se
divide em quatro partes (como comumente se apresentavam as obras filosóficas à
época), as quais abordam respectivamente:
1ª Parte - As causas
primárias - noções de divindade, Criação e elementos fundamentais do Universo
(questões 1 a 75).
2ª Parte - Mundo espírita ou dos
Espíritos - analisando a noção de Espírito e toda a série de imperativos que se ligam a esse conceito, a
finalidade de sua existência, seu potencial de auto-aperfeiçoamento, sua pré e
sua pós-existência e ainda as relações que estabelece com a matéria (questões
76 a 613);
3ª Parte - Leis morais - trabalhando com o conceito de Leis de ordem moral a que estaria
submetida toda a Criação, quais sejam as leis de: adoração, trabalho,
reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso,
igualdade, liberdade e justiça, amor e caridade (questões
614 a 919);
4ª Parte - Esperanças e
consolações – Penalidades e
prazeres terrenos; Penalidades e prazeres futuros. (questões 920 a 1019).
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Registro a seguir as 41
perguntas elaboradas por Kardec, com os respectivos números, constantes de “O
LE” e dirigidas aos Espíritos que o arrimaram na Codificação, as quais não
obtiveram respostas conclusivas, sendo estas adiadas para, ao que tudo indica,
quando a Humanidade estiver à altura de conhecê-las completas.
Sem qualquer pretensão, que não a de simples pesquisa,
relacionei essas questões sem esclarecimento completo para que, decorridos 160
anos, seja possível refletir e atestar, quem sabe, o quanto a Humanidade progrediu?...
Antes de reproduzi-las, uma
simples conjetura minha: Kardec sabia de todas as respostas...
Obs: Quando longas as perguntas
ou respostas, citei apenas trecho, entre [ ] ou seguido de (...).
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3 – Poder-se-ia dizer que
Deus é infinito?
“Definição incompleta.
Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da
linguagem dos homens”.
10 – Pode o homem
compreender a natureza íntima de Deus?
“Não; falta-lhe para isso
o sentido”.
11 – Será dado um dia ao
homem compreender o mistério da Divindade?
(...) “A inferioridade das
faculdades do homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na
infância da Humanidade o homem O confunde muitas vezes com a criatura, cujas
imperfeições lhe atribui; (...)”.
13 – Quando dizemos que
Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente
justo e bom, temos ideia completa dos seus atributos?
“Do vosso ponto de vista,
sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima
da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita
às vossas ideias e sensações, não tem meios de exprimir. (...)”.
18 – Penetrará o homem um
dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas?
“O véu se levanta a seus
olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são-lhe
precisas faculdades que ainda não possui”.
22 – Define-se geralmente a
matéria como sendo o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os
sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
“Do vosso ponto de vista, elas o são, porque
não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que
ignorais. (...)”.
23 a) – Qual a natureza
íntima do espírito?
“Não é fácil analisar o
espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável.
Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o
nada não existe”.
25 a) – Essa união (do
espírito e da matéria) é igualmente necessária para a manifestação do Espírito?
(Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das
individualidades que por esse nome se designam).
“É necessária a vós
outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria.
A isto não são apropriados os vossos sentidos”.
28 – Pois que o espírito é,
em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos
dois elementos gerais as designações de — matéria inerte e matéria inteligente?
“As palavras pouco nos importam. Compete-vos a
vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas
controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos
que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos
fere os sentidos”.
36 – O vácuo absoluto
existe em alguma parte no Espaço universal?
“Não, não há o vácuo. O que te parece vazio
está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos”.
42 – Poder-se-ia conhecer o
tempo que dura a formação dos mundos: da Terra, por exemplo?
“Nada posso te dizer a
respeito, porque só o Criador o sabe e bem louco será quem pretenda sabê-lo, ou
conhecer que número de séculos dura essa formação”.
45 – Onde estavam os
elementos orgânicos, antes da formação da Terra?
“ (...) [A resposta é
longa]. Sobre uma teoria humana:
“Esta teoria não resolve,
é verdade, a questão da origem dos elementos vitais; mas, Deus tem seus
mistérios e pôs limites às nossas investigações”.
49 – Se o gérmen da espécie
humana se encontrava entre os elementos orgânicos do globo, por que não se
formam espontaneamente homens, como na origem dos tempos?
“O princípio das coisas está nos segredos de Deus.
(...)”.
58 – Os mundos mais
afastados do Sol estarão privados de luz e calor, por motivo de esse astro se
lhes mostrar apenas com a aparência de uma estrela?
“Pensais então que não há outras
fontes de luz e calor além do Sol e em nenhuma conta tendes a eletricidade que,
em certos mundos, desempenha um papel que desconheceis e bem mais importante do
que o que lhe cabe desempenhar na Terra? (...)”.
78 – Os Espíritos tiveram
princípio, ou existem, como Deus, de toda a eternidade?
“(...) Quando e como cada
um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério”.
79 – Pois que há dois elementos
gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-ia
dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos
inertes o são do elemento material?
“Evidentemente. (...) A
época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos”.
81 – Os Espíritos se formam
espontaneamente, ou procedem um dos outros?
“(...) Mas repito ainda
uma vez, a origem deles é mistério”.
82 – Será certo dizer-se
que os Espíritos são imateriais?
“Como se pode definir uma
coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode
um cego de nascença definir a luz? (...) O Espírito há de ser alguma coisa. É a
matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que
escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos”.
83 – Os Espíritos têm fim?
(...) É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo possa não ter fim.
“Há muitas coisas que não
compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. (...)”.
88 – Os Espíritos têm forma
determinada, limitada e constante?
“Para vós, não; para nós,
sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea”.
123 – Por que há Deus
permitido que os Espíritos possam tomar o caminho do mal?
“Como ousais pedir a Deus contas
de seus atos? Supondes poder penetrar-lhe os desígnios? (...)”.
138 – Que se deve pensar da
opinião dos que consideram a alma o princípio da vida material?
“É uma questão de
palavras, com que nada temos. Começai por vos entenderdes mutuamente”.
139 – Alguns Espíritos e, antes
deles, alguns filósofos definiram a alma como sendo: “uma centelha anímica
emanada do grande Todo”. Por que essa contradição?
“Não há contradição. Tudo depende das acepções das
palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?”.
143 – Por que todos os
Espíritos não definem do mesmo modo a alma?
“Os Espíritos não se acham
todos esclarecidos igualmente sobre estes assuntos. (...) Sobretudo
quando se trata de coisas que a vossa linguagem se mostra impotente para traduzir
com clareza”.
153 a) – Não seria mais
exato chamar vida eterna à dos Espíritos puros, dos que, tendo atingido a
perfeição, não estão sujeitos a sofrer mais prova alguma?
“Essa é antes a felicidade
eterna. Mas isto constitui uma questão de palavras. Chamai as coisas como
quiserdes, contanto que vos entendais”.
182 – É-nos possível
conhecer exatamente o estado físico e moral dos diferentes mundos?
“Nós, Espíritos, só
podemos responder de acordo com o grau de adiantamento em que vos achais. Quer
dizer que não devemos revelar estas coisas a todos, porque nem todos estão em
estado de compreendê-las e semelhante revelação os perturbaria".
192 – Pode alguém, por um proceder impecável na vida atual, transpor todos os graus da escala do aperfeiçoamento e tornar-se Espírito puro, sem passar por outros graus intermédios?
192 – Pode alguém, por um proceder impecável na vida atual, transpor todos os graus da escala do aperfeiçoamento e tornar-se Espírito puro, sem passar por outros graus intermédios?
“Não, pois o que o homem julga perfeito longe está
da perfeição. Há qualidades que lhe são desconhecidas e incompreensíveis. (...)”.
200 – Têm sexos os
Espíritos?
“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem
da organização. (...)”.
239 – Conhecem os Espíritos
o princípio das coisas?
“Conforme a elevação e a pureza que hajam
atingido. Os de ordem inferior não sabem mais do que os homens”.
240 – A duração, os Espíritos
a compreendem como nós?
“Não e daí vem que nem
sempre nos compreendeis, quando se trata de determinar datas ou épocas”.
257 – [Longo texto]:
“Ensaio teórico da sensação nos Espíritos”):
... “Os próprios Espíritos
nada nos podem informar sobre isso, por inadequada a nossa linguagem a exprimir
ideias que não possuímos”.
388 – Os encontros, que costumam dar-se de algumas pessoas e que
comumente se atribuem ao acaso, não serão efeito de certa relação de simpatia?
“Entre os seres pensantes
há ligação que ainda não conheceis. O magnetismo é o piloto desta ciência, que
mais tarde compreendereis melhor”.
392 – Por que perde o
Espírito encarnado a lembrança do seu passado?
“Não pode o homem, nem
deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria. Sem o véu que lhe oculta
certas coisas, ficaria ofuscado, como quem sem transição, saísse do escuro para
o claro. Esquecido de seu passado é mais
senhor de si “.
436 – O sonâmbulo que vê, à
distância, vê do ponto em que se acha o seu corpo, ou do em que está sua alma?
“Por que esta pergunta,
desde que sabes ser a alma quem vê e não o corpo?”.
504 – Poderemos sempre
saber o nome do Espírito nosso protetor, ou anjo de guarda?
“Como quereis saber nomes
para vós inexistentes? Supondes que Espíritos só há os que conheceis?”.
537 – [Pergunta se há fundamento
na mitologia antiga e sobre Espíritos como divindades, encarregados de
fenômenos geológicos de grande porte].
“Tão pouco destituído é de
fundamento, que ainda está muito aquém da verdade”.
569 – Em que consistem as
missões de que podem ser encarregados os Espíritos errantes?
“São tão variadas que
impossível fora descrevê-las. Muitas há mesmo que não podeis compreender. Os
Espíritos executam as vontades de Deus e não vos é dado penetrar-lhe todos os
desígnios”.
604 – [Pergunta se os
animais mais aperfeiçoados, mesmo os de outros mundos, são sempre inferiores ao
homem, disso deduz-se que Deus teria criado seres intelectuais perpetuamente
destinados à inferioridade?].
“Tudo em a Natureza se
encadeia por elos que ainda não podeis apreender. Quanto às coisas
aparentemente mais díspares, no seu estado atual o homem nunca chegará a
compreender. (...)”.
610 – Estão enganados os
Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?
“Não, mas a questão não
fora desenvolvida. Demais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas.
(...)”.
613 – Embora de todo
errônea, a ideia ligada à metempsicose não seria resultado do sentimento
intuitivo que o homem possui de suas diferentes existências?
[A resposta e comentários
de Kardec são longos].
Sobressai-se parte da
resposta:
“O ponto inicial do
Espírito é uma dessas questões que se prendem à origem das coisas e de que Deus
guarda o segredo. (...) Tudo isso são mistérios que fora inútil querer devassar
e sobre os quais, como dissemos, nada mais se pode fazer do que construir
sistemas. (...) Quanto às relações misteriosas que existem entre o homem e os
animais, isso, repetimos, está nos segredos de Deus, como muitas outras coisas,
cujo conhecimento atual não importa ao nosso progresso e sobre as quais
seria inútil insistir”.
966 – Por que o homem, às
vezes, faz das penalidades e dos prazeres da vida futura tão grosseira e
absurda ideia?
“ (...) Muitíssimo incompleta é a vossa linguagem
para exprimir o que está fora do vosso entendimento. (...)”.
974.a – O temor do fogo
eterno não produzirá bom resultado?
“ (...) Impotente para, na
sua linguagem, definir a natureza daqueles sofrimentos, o homem não encontrou
comparação mais enérgica do que a do fogo, pois para ele o fogo é o tipo do
mais cruel suplício e o símbolo da ação mais violenta. (...)”.
1012 – Haverá no Universo
lugares circunscritos destinados às penalidades e aos prazeres dos Espíritos,
conforme seus méritos?...
a) O inferno e o paraíso
não existem, tais como o homem os imagina?
[A resposta é longa. Pincei
pequenos trechos dela].
“São simples alegorias:
por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. (...) A localização absoluta
das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe.
Provém da sua tendência a materializar
e circunscrever as coisas, cuja
essência infinita não lhe é possível compreender”.
atuais trazem 1019 perguntas, acréscimo que, segundo a FEB (Federação Espírita Brasileira),
foi
devido ao Codificador não ter numerado a pergunta imediatamente após a
1010, aquela que seria
a 1011. Assim sendo, o livro teria, na prática, 1019 e
não, 1018 perguntas.
Caro amigo Eurípedes Kuhl:
ResponderExcluirExcelente texto.
Vejo grande utilidade na divulgação de tais textos, e isto pelo fato
de muitos amigos, confrades, e internautas, via geral, não terem, como
nós, o gosto pela leitura, e, por tal, referidos textos resumidos muito
colaboram com a divulgação da Doutrina dos Espíritos! Parabéns...
GRANDE E FORTÍSSIMO ABRAÇO DO AMIGO DE SEMPRE:
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