segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Estudo - A pílula do dia seguinte


A pílula do dia seguinte - reflexões

O texto abaixo trata de simples pesquisa que realizei na vasta literatura sobre o tema: Vida humana.
Assim, não é matéria científica ─ apenas reflexões.

A Ciência
Muitas mulheres usam a “pílula do dia seguinte” julgando que não se trata de substância possível de desencadear o aborto, uma vez que, segundo imaginam, a concepção ocorre em aproximadamente 72 horas após a relação sexual. Assim sendo, consideram que a pílula, para ter eficácia tem que ser tomada até doze horas após a relação, ou seja, em período no qual ainda não houve concepção. Com tal certeza afirmam que a pílula não é abortiva. 
— Será?... 
Em primeiro lugar, não há certeza, da parte dos cientistas-biólogos, no mundo todo, de que a fecundação ocorra “em aproximadamente 72 horas após a relação sexual”. 
O tempo de percurso do espermatozoide para o encontro com o óvulo é indefinido, tendo em vista que: 
a. a motilidade do espermatozoide é variável, em razão da sua qualidade, tendo em vista a saúde da fonte (o homem); 
b. o espermatozoide pode permanecer ativo no ambiente feminino por até 7 dias; 
c. a fecundação subordina-se inexoravelmente à "disposição" do óvulo, isto é, se ele já está (pode estar) prontinho para o grande feito, ou sequer ainda não se posicionou ad hoc (para tal finalidade). 
Na primeira hipótese (óvulo já na "grande espera"), a fecundação pode ocorrer bem antes de decorridas 24hs da ejaculação. 
Na segunda (sequer há óvulo ou ele ainda está chegando ao ponto de encontro), a fecundação pode demorar dias para ocorrer, dependendo de quando o óvulo vai estar em condições de. 
Diante do exposto, do estrito ponto de vista científico, a pílula do dia seguinte, cuja ação é impedir o sublime encontro espermatozoide+óvulo (por reações químicas e hormonais que não caberia aqui dissertar), não pode ser taxada, a priori, de abortiva. Isso porque gravidez, especificamente gravidez, demora para ocorrer: só quando o embrião está no útero. 
De fato, saindo da pílula do dia seguinte e indo para a gravidez, é certeza científica que ela só ocorre quando o embrião está devidamente aninhado no útero. Mesmo que já tenha ocorrido a fecundação, o embrião se demora nas trompas até alcançar o pouso definitivo (o útero). O descarte dele, nessa fase, não caracteriza aborto. Isso é ponto pacífico, para os especialistas da área. Destarte, eles não consideram que a pílula do dia seguinte pode ser considerada nem como abortiva, menos ainda como não-abortiva. 
Vê-se que o tema é dúbio, até para os estudiosos. 
Imaginem para os leigos, dentre os quais me incluo.
E prudente é relembrar que na história da Humanidade, muitas “certezas” sobre a vida, com o tempo, se mostraram equivocadas. Para não me alongar, cito uma dessas “certezas”: Pasteur, provando a absoluta improcedência da tese da geração espontânea. 

O Espiritismo 
Agora, do ponto de vista espírita, fica também a dúvida se a pílula do dia seguinte seria ou não abortiva, tendo como premissas emanadas do Plano Maior. 
Em "O Livro dos Espíritos", de Allan Kardec, à questão 344, está registrado que “a união da alma e do corpo começa na concepção”. 
Na obra “Missionários da Luz”, de André Luiz, psicografia do sempre saudoso Chico Xavier, há ampla dissertação no capítulo 13 (“Reencarnação”) sobre a magnitude da fecundação. 
Segundo as premissas de ambas as obras, a ligação do Espírito reencarnante, com um novo corpo físico, se dá no preciso momento da fecundação. E aí, como registrei, ninguém no mundo pode precisar quando é que isso (a fecundação) acontece: se em horas, ou em dias. 
Como informação complementar, que repasso apenas como nota: entrevistando um consagrado ginecologista, diretor-proprietário de um Centro de Reprodução Humana, deu-me ele a conhecer algo que eu jamais tinha ouvido falar: em vários exames de material de menstruação, são encontrados embriões, que de alguma forma não prosperaram, seja por fragilidade das células germinativas, seja por motivos outros, talvez físicos - hormonais, naquela fase em que o zigoto se formou... Quem sabe?
Assim, discussão sobre toda a processualística da fecundação, se houver, será sempre bizantina, isso porque, segundo o Espiritismo, só Deus e Jesus, e talvez os Espíritos Siderais, aqueles que o Autor espiritual André Luiz, pela psicografia do saudoso Chico Xavier denomina de "Construtores da Vida", sabem quais são as respostas para tantas dúvidas... 

Novo dogma católico? 
Como adendo, só mais uma pitadinha nas incertezas humanas sobre o tema (Vida humana): 
- Já Santo Agostinho e São Tomás de Aquino tinham como certeza teológica que a vida só começa dentro de quatro semanas após a fecundação. Isso não se deve a especulação, que poderia ser o tempo que medeia de uma a outra "não-menstruação" (cerca de 28 dias, OK?). Não. Basearam-se ambos os "santos" - e a Igreja Católica defendeu isso até o século XVII, que só podia haver vida em algo com forma (justamente quando o embrião pode caracterizar forma do ser vivo); 
- A partir do século XVII, o Papa Pio IX defendia que a vida se iniciava na fecundação, e a partir daí, isso passou quase a ser um novo dogma católico, que atravessou três séculos, e desembocou no papado de João Paulo II, substituído pelo Papa Bento 16, ambos concordes com a tese. 
Verdade é que, mesmo no seio da Igreja Católica, há opiniões conflitantes. 

Nisso (vida começar na fecundação) Espiritismo e Catolicismo caminham uníssonos. Ainda bem!

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