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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Pensadores e a Proteção aos Animais

 


Ao elaborar este livreto tenho em mente a intenção de que ele seja de alguma utilidade aos que eventualmente o tiverem em mãos: especialmente crianças (já alfabetizadas), adolescentes e jovens.

Rogo ao Supremo Criador do Universo que aqueles que como eu amam aos animais, encontrem aqui leitura simples, agradável, talvez, ao lado de conhecerem um pouquinho mais alguns dos outros inquilinos do Planeta Terra.

Sim, moramos nesta maravilhosa casa, a Terra, tendo por mãe a Natureza dadivosa, que a todos provê, e como Pai Maior — DEUS —, o Proprietário absoluto, que aqui situou todos os seres vivos, de nenhum cobrando pela moradia e subsistência. Refiro-me à Humanidade e aos animais — nossos irmãos —, pois somos filhos de Deus, que a todos protege, integralmente.

sábado, 19 de dezembro de 2020

Jesus e os Evangelhos

 

Jesus e os Evangelhos

 

Com a aproximação do Natal, considero útil relembrar alguns apontamentos extraídos do Novo Testamento, em particular dos Evangelhos, versando sobre a vida de Jesus: o Excelso Mestre!

Em dezembro/2020 revisei o texto já publicado em 19/05/2019 no meu blog e no facebook, nele acrescentando pequenas alterações, que em nada negam o original.

O Novo Testamento, escrito em grego, com­preende os quatro Evangelhos (Marcos, Lucas, Mateus e João), os Atos dos Apóstolos, as Epístolas de São Paulo, São Tiago, São Pedro, São João e São Judas – e o Apoca­lipse, de São João. Aqui, apenas reflexões sobre as lições de Jesus.

Citados Evangelhos foram escritos muitos anos após a morte de Jesus. Dos evangelistas é tido como verdadeiro que apenas João e Mateus conheceram o Cristo pessoalmente.

Marcos registrou apontamentos de Pedro; Lucas, os de Paulo.

Mas, no Novo Testamento não constam apenas apontamentos dos Evangelistas: muitos textos foram reunidos de narrações orais, de outras pessoas. Justificadas, pois, as dúvidas existen­tes quanto à autoria evangélica de algumas frases de Jesus. Exemplos:

1. Encontramos em Marcos: “os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes” (2:17); aconte­ce que esse mesmo provérbio é encontrado em textos dos escritores gregos Diógenes Laercio (séc. III d.C.) e Plutarco (séc. I d.C.);  difícil identificar o autor, dentre os três;

2. Encontramos no Antigo Testamento, bem como no Novo, várias citações similares, sintezando magistralmente a Justiça Divina:

a. "Porque, segundo a obra do homem, ele lhe paga;  e faz que cada um ache segundo o seu caminho”.  (Livro de Jó, 34:11);

b. “A ti também, Senhor, pertence a misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra”.  (Salmos, 62:12).

c. “Não pagará ele ao homem conforme a sua obra?”.  (Provérbios, 24:12);

d. “Julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos”.  (Ezequiel, 33:20);

e. “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras”.  (Jesus, no Evangelho de Mateus, 16:27).

Os textos bíblicos que temos às mãos foram declara­dos a versão oficial da Igreja Romana pelo Concílio de Trento, em 1546.

Na verdade, foi Jerônimo (347-419 ou 420), pa­dre e doutor daquela Igreja, que, atendendo pedido do Papa Dâmaso, em 382, iniciou a revisão do texto latino da Bíblia. Ante as incontáveis controvérsias teológicas surgidas para o Novo Testamento, Jerônimo abandonou o texto latino existente (a Vetus Latina) e realizou uma nova tradução; para o Antigo Testamento, o monge decidiu traduzi-lo diretamente do hebraico, com exceção dos Sal­mos, dos quais fez duas diferentes revisões do texto da Vetus Latina. Jerônimo confessou que corrigiu e modifi­cou os textos antigos. Essa tarefa teria demandado a Jerônimo quarenta sofridos anos.

Léon Denis (1846-1927), em sua obra Cristianismo e Espiritismo[1], consigna que Jerônimo sentiu-se ex­tremamente dificultado para escolher, dentre tantos tex­tos, quais os mais sensatos.

Aliás, consta que teria se recolhido num mosteiro de Belém, para realizar a sagrada tarefa de “reconhecer”, dentre as cerca de quarenta versões evan­gélicas existentes, quais as autênticas.

Léon Denis transcreve as palavras de Jerônimo ao Papa Dâmaso:

 “Da velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque como árbitro entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo o mundo, e, como diferem entre si, que eu dis­tinga os que estão de acordo com o verdadeiro texto gre­go. É um piedoso trabalho, mas é também um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a língua de um velho e conduzir à infância o mundo já envelhecido”.

Após outras considerações, conclui Jerônimo:

“Depois de haver comparado certo número de exempla­res gregos, mas dos antigos, que se não afastam muito da versão itálica, combinamo-los de tal modo (ita calamo temperavimus) que, corrigindo unicamente o que nos pare­cia alterar o sentido, conservamos o resto tal qual es­tava”.[2]

Após essa tradução oficial, por volta do ano 386, sofreu novas alterações no Concílio Ecumênico de Trento, em 1546. Em 1590, porém, foi o texto considerado insu­ficiente e errôneo, pelo Papa Sixto V, que ordenou nova revisão. A edição que daí resultou igualmente foi mo­dificada por Clemente VIII (Papa de 1592 a 1605), sendo aquela que atualmente conhecemos. Mas, por causa das várias traduções a que vem sendo submetida, tem seu tex­to da mesma forma alterado em alguns pontos.

Em Jesus e sua Doutrina, editado em 1934, pela Federação Espírita Brasileira, A. Leterre, num monumental trabalho de pesquisa sobre as consequências da presença de Jesus encarnado, narra sobre a veracidade dos Evan­gelhos:

– No Concílio de Niceia, 318 bispos e arcebispos não haviam conseguido, ao cabo de alguns anos de acalo­radas discussões, em que ferviam epítetos insultuosos, chegar a um acordo pelas incoerências e contradições verificadas naqueles escritos (30 alfarrábios e muitos outros apócrifos).

– em consequência, o Papa resolveu o seguinte:

 “Colocar-se-iam debaixo do altar todos aqueles alfarrábios, o Cenáculo se concentraria (como nas ses­sões espíritas), invocar-se-ia o Espírito do próprio Cristo, e se lhe pediria indicar, por um milagre, qual ou quais daqueles livros deveriam ser considerados verdadeiros”.

– assim foi feito; os livros foram atirados para baixo do altar, a invocação se fez, e... após um tempo mais ou menos longo... apareceram sobre o altar os quatro livros que hoje servem de colunas sustentatórias da tia­ra do Papa: os de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Antônio Lima, em Vida de Jesus, 1ª Ed., 1939, FEB, RJ/RJ, comenta sobre tal fato que o mesmo não poderia ser tido à conta de fiel, pois nos únicos Concílios de Niceia (anos de 325, 326 e 787) o tema não foi tratado.

Seja como for, a tarefa de que se desincumbiu São Jerônimo leva-nos à certeza de que não estava só: Men­sageiros do Cristo, talvez sob inspiração d’Ele, acompa­nharam o paciente religioso, para que as sublimidades do Mestre não se perdessem, antes, ficassem registradas para o porvir.

Não será demais, também, conjecturarmos que o Papa Dâmaso esteve sob luminosa inspiração, ao preocupar-se com a separação do joio e do trigo, ante tantas versões do ensinamento cristão que eram insistentemente expostas ao fiéis.

De qualquer forma, temos que, após o meticuloso tra­balho de São Jerônimo, a nova tradução dos textos sagra­dos foi denominada Vulgata (do Latim vulgatus = popu­lar, divulgado).

O primeiro grande livro impresso em Mainz/Alemanha por Gutenberg, em 1456, foi a Vulgata.

Os textos evangélicos do Novo Testamento são com­postos de cinco partes:

 – atos comuns da vida de Jesus;

 – os milagres;

 – as profecias;

 – as palavras sob as quais se formaram os dogmas da Igreja;

 – o ensinamento moral.

 Para o Espiritismo, contudo, apenas a quinta parte é o que importa nos Evangelhos, pela mensagem moral nela contida, trazida por Jesus.

Com efeito, somente a quinta parte, relativa à mo­ral cristã, manteve-se una, indivisível, inatacável – em todos os textos, de todos os evangelistas e assim chegou até nós, com o mesmo sentido, em todas as religiões cristãs.

Por isso, a moral cristã é a bandeira sob a qual todos os povos poderão se unir e se abrigar, amando-se uns aos outros, sendo felizes, todos.

Allan Kardec, ao elaborar O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864), teve o cuidado de utilizar apenas essa parte do Novo Testamento.

É tão fulgurante a palavra de Jesus, são tão subli­mes seus exemplos, sobre os quais há unanimidade narra­tiva, que nos diz a razão que os textos do Novo Testa­mento, apesar de todas as retificações, trazem em seu bojo a luz incomparável do Mestre.

De tamanha magnitude é essa luz que atravessa todas as brumas do pensamento, sobrevive a todas as revisões e projeta suas claridades através dos milênios, nada ha­vendo, em todo o Universo, que a possa embaçar.

 Notas extraídas do meu livro “Fragmentos da História pela ótica espírita”, cap. 2, 1996

  Edição esgotada, mas em e-book grátis, no meu blog e Ed.EVOC/Londrina-PR



[1] - “Cristianismo e Espiritismo, Leon Denis, cap. II (Autenticidade dos Evangelhos), p. 31-32, 9ª Ed., 1992, FEB

[2] - Citação emObras de São Jerônimo”, Ed. Beneditinos, 1693, t. I, col. 1425 (constante da p. 32 do livro de Léon Denis “Cristianismo e Espiritismo”, já citado)


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Artigo - Existência terrena


Existência terrena e a covid-19
Nos tristes momentos atuais da pandemia provocada pela covid-19[1], com milhares de famílias — praticamente em todos os países — sofrendo a inesperada e trágica perda de entes queridos, certamente são consoladoras as premissas do Espiritismo a respeito das existências terrenas – início e fim...

Visão espírita
Nascemos e morremos muitas vezes...
Sempre caridosamente destinados, por Deus, a um dia vivenciarmos a felicidade plena, obtida por merecimento, mas também quando toda a Humanidade — toda —, for feliz.
Pelas Leis Naturais, Divinas, no instante de cada renascimento físico nosso (reencarnação), inicia-se, segundo a segundo, a contagem regressiva para o término de mais uma existência terrena: a morte.
Morre apenas o organismo físico, já que o Espírito é imortal, mas terá perispírito enquanto precisar reencarnar neste planeta, ou em outros. Então, se ocorrer nova série de reencarnações em outro mundo, dele o Espírito apropriará elementos formadores de um novo perispírito.
A quantidade de existências físicas é ilimitada, até ser alcançada a condição de Espírito puro, quando então não mais ocorrerá a compulsoriedade reencarnatória. Nesse caso, os perispíritos não mais utilizados reverterão ao Fluido Cósmico, de onde se originaram.
Dessa forma, a morte não é castigo, prêmio ou acaso.
É, apenas, o fim de mais uma etapa terrena, sempre com o projeto divino proporcionando conquista de novos aprendizados e oportunidades de mais evolução moral, sob tutela do Tempo.
Esse fim de cada ciclo terreno encerra, em si mesmo, aquilo que a Bondade do Criador engendrou para todos que criou.
Esta afirmação não se reveste de inconsequência ou de masoquismo: se desconhecemos por que alguém morre, jamais deveremos esquecer a Sabedoria e Amor do Grande Pai...
Assim, a duração de cada existência terrena é regulada por um “relógio divino”, com amor, sabedoria e justiça — Divinos!
 São tantos os caridosos mecanismos divinos que compõem o inexorável fenômeno “morte”, que qualquer análise deve revestir-se do maior respeito, tanto pelos que partiram, quanto por seus familiares, quase sempre visitados inesperadamente por tão triste acontecimento com o ser amado.
A literatura espírita registra casos sobre a morte, raros, nos quais ocorre, ora moratória, ora antecipação, sob supervisão do Plano Maior e a cargo de Espíritos elevados. No primeiro caso, provavelmente a vida física se alonga por determinado tempo, no qual o desencarnante cumpre ou conclui abençoada tarefa de ajuda; já no segundo é interrompida a vida física daquele que desencarna, a benefício próprio, por razões que só a Justiça Divina conhece.[2]
Reflexões da antecipação da morte, por suicídio, não cabem neste texto, sendo objeto de considerações em outro artigo.
Se não houvesse a morte todos os seres vivos envelheceriam sem parar, criando situação impensável na Humanidade...
Isso posto, reflito que a morte não é geratriz de angústias, muito menos representa um fim, e sim, ação da Natureza, quando, pela Bondade do Pai Maior se encerra mais uma etapa existencial, orgânica.
Tamanha e tanta é essa Bondade que, na continuidade inexorável do Tempo, outra existência terrena aguarda aquele que partiu (reencarnação futura)!
Aparentes e irrecorríveis separações dos que se amam, pela morte, num primeiro instante constituem usinas invisíveis de tristezas e saudades. Contudo, na verdade, no avançar do Tempo há a sublime metamorfose do amor, para sempre, pois todos morrem muitas vezes, e da mesma forma reencarnam, e por fim, encontros e reencontros redundarão em união para sempre! Disso não há duvidar!
É perfeitíssimo o sistema depurativo das vidas sucessivas, que reaproxima, recompõe, reúne e pacifica Espíritos, formando famílias, terrenas ou espirituais, sempre enlaçando-as por amor, convergindo depois para o amor integral, recíproco, de todos para com todos, formando a grande família universal.
Engana-se quem acredita que a morte implode, para sempre, recíprocas lembranças de cada existência terrena, e enterra, com os despojos dos que partiram, o amor pelo qual a própria Vida os uniu, em vários lugares, em multiplicadas etapas do Tempo, consolidando e eternizando-o por fim...
Deus — Amor, Sabedoria e Justiça, integrais — não nos criaria dotados de emoções, sentimentos e memória, para que a morte nos apartasse dos entes queridos e demitisse de tudo, máxime do Amor!





[1]  COVID-19 = Doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2.  Apresenta quadro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves – Notas da Internet.
[2] Moratoria ou desencarnação antecipada: sobre ambas o leitor encontrará explicações detalhadas na net, na Revista O Consolador, nºs 234, de 06.11.2011 e 335, de 27.10.2013.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Artigo - Reencarnações: - Quantas?...


Reencarnações: — Quantas?...

Pensando na reencarnação, nas vidas sucessivas e nas existências terrenas, veio-me à mente uma “simples” e “curiosa” indagação: quantas vezes eu teria reencarnado?
De início, busquei pista para alguma resposta em “O Livro dos Espíritos”, escrito por Allan Kardec, com amparo de Espíritos elevados. De concreto, nada encontrei...
Mas, sobre tão instigante quanto transcendental tema, encontrei Kardec, naquela abençoada obra, como sempre, perguntando àqueles Espíritos que o acompanharam e arrimaram na Codificação da Doutrina dos Espíritos, e eles respondendo:
168. É limitado o número das existências corporais, ou o Espírito reencarna perpetuamente?
“A cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal”.
169. É invariável o número das encarnações para todos os Espíritos?
“Não; aquele que caminha depressa, a muitas provas se forra. Todavia, as encarnações sucessivas são sempre muito numerosas, porquanto o progresso é quase infinito”.
170. O que fica sendo o Espírito depois da sua última encarnação?
“Espírito bem-aventurado; puro Espírito”.
171. Em que se funda o dogma da reencarnação?
“Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão”.
De posse dessas respostas, e sobre elas, Allan Kardec elaborou extensas reflexões, sintetizadas logo abaixo da questão acima, que muito ajudam ao entendimento do que registraram os Benfeitores sobre as reencarnações, isto é, as vidas sucessivas de cada Espírito:
- Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova;
- Não obraria Deus com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se condenasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio onde foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melhoramento;
- A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior;
- A única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os Espíritos a ensinam;
 (...) - Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto, essa experiência tardia não fica perdida; o Espírito a utilizará em nova existência.
Fácil deduzir o bom senso de Kardec: não perguntou aos Invisíveis qual o número das encarnações para todos os Espíritos, mas sim, se limitado, perpétuo, invariável, ou infinito.
E os elevados Espíritos responderam, economicamente:
— São numerosas, as reencarnações, dependendo do progresso de cada um! A última encarnação ocorre quando o Espírito fica sem impurezas, sendo os bem-aventurados, puros Espíritos.
             Nota: Com essas informações deparei-me com impressionante registro contido na obra “Evolução em Dois Mundos”, do Espírito André Luiz, psicografia de F.C.Xavier e W.Vieira, em 1958, Edição da FEB, Brasília/DF. No capítulo VI, pg. 53, da 11ªEd., 1989, que F.C.Xavier psicografou (em 02.02.1958), à pg. 53 encontramos:
(...) Princípio inteligente: 15 milhões de séculos para, como ser pensante, em fase embrionária da razão, lançar suas primeiras emissões de pensamento contínuo”.

Salvaguardando a seriedade do autor espiritual da “Nota” acima, associada às dos médiuns que psicografaram essa obra, registro que não encontrei na literatura espírita confirmação desse registro, motivo pelo qual apenas cito-o como probabilidade de incontáveis reencarnações; prudente será aguardar que outros Espíritos o homologuem, por médiuns desconhecidos entre si. Ademais, meu texto não é absoluto.

Unindo os ensinamentos espíritas acima à Arqueologia, deduzi: obviamente, resposta numérica ninguém tem, até porque as trajetórias evolutivas variam, de Espírito para Espírito, inexistindo a possibilidade matemática de serem quantificadas, posto que individuais.
Ademais, o número de Espíritos existentes — encarnados e desencarnados —, só Deus o sabe e o tem.
Restou absolutamente claro, para mim, de que não há como saber quantas reencarnações vivencia o Espírito.
Não obstante, imagino que talvez a maioria dos espíritas, como eu, além de não-espíritas, mas que também creem na reencarnação, um dia tiveram a curiosidade de saber quantas reencarnações já tivemos.
Então, volto às lições contidas em “O Livro dos Espíritos” e lembro que pelas orientações dos Espíritos evoluídos, sempre citando a Justiça Divina e a Lei de Causa e Efeito: o Espírito, vindo dos reinos inferiores (Kardec não cita quais, só do reino animal para o racional...), ao adentrar no reino da inteligência contínua, ali chega simples e ignorante; dotado, porém, de inteligência, consciência e livre-arbítrio; são-lhe colocados ao alcance todos os meios de usar esses sublimes atributos para evoluir, o que é de responsabilidade única e exclusiva dele.
E como corolário do Amor do Criador, todos têm à frente a bênção das vidas sucessivas: em cada uma delas, consoante o emprego feito, para o bem ou para o mal, esse Espírito evoluirá com maior ou menor número de reencarnações, respectivamente.

Este artigo é singela tentativa de demonstrar a bondade infinita de Deus e na Justiça Divina, que através das reencarnações concede-nos incontáveis oportunidades de evolução — quantas necessárias sejam.
 Unindo os pródromos da reencarnação, acima, imaginei fundamentos para formular não mais que simples suposição: se cada existência terrena do ser com pensamento contínuo (o homem) durar 100 (cem) anos, e que após desencarnar, o Espírito permaneça outros 100 (cem) anos no plano espiritual, em seguida reencarnando, teria que ocorrem cinco reencarnações de cada Espírito, por milênio.
Aplicando esses dados imaginários às descobertas e aos estudos da Antropologia e da Arqueologia, poderiam acontecer:
- homo sapiens (local ignorado)     - 400 mil anos = 2.000  reencarnações;
- homo sapiens neanderthal          -   80 mil anos =    400  reencarnações;
- cro magnon (França)                  -  38 mil anos  =    190  reencarnações.
Vi, depressa, que é impossível para qualquer pessoa, sequer aproximar-se da informação de quantas vezes já teria reencarnado, nem mesmo em sonhos, ou em devaneios.
Ilações, no caso, se houverem, rumam para o infinito...
Única certeza: sendo cada existência terrena uma Bênção Divina, e como já tivemos tantas, bem como com certeza mais teremos, nossa gratidão ao Pai Maior há que ser para sempre.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

Estudo - Psicometria


Psicometria
Histórico[1]
Em 1842, o médico e professor de fisiologia norte-americano Joseph Rhodes Buchanan (1814-1899), atendeu o General Polk, também dos EUA, contando-lhe que ao tocar em bronze sentia um estremecimento no sistema nervoso, e um gosto estranho então o afligia.
Buchanan, por alguns anos, realizou experimentos, colocando metais de variada espécie em mãos de pacientes diversos, os quais, sem meios de reconhecer esses metais, os nomeavam com acerto, na maioria das experimentações; tais pacientes, colocados ante pessoas doentes, definiam a doença e a localizavam; ao colocar na fronte de pessoas “sonâmbulas” (médiuns) um objeto qualquer, do presente ou do passado remoto, observou os efeitos do fluido magnético mesmeriano (fluido vital, transformado do fluido cósmico universal) nesses pacientes, os quais então descreviam cenas relativas às épocas da pessoa a quem pertencia o objeto psicometrado.
Em 1849, o médico e professor criou o termo “Psicometria” (do grego psykhe, alma + metron, medida, pelo francês psychométrie)[2] e em 1886 sua obra, tratando do assunto, foi publicada.
A palavra psicometria vigorou por muitos anos entre os parapsicólogos, até que muitos deles, discordando desse termo para tal faculdade, opinaram seria mais apropriado designá-la de “Percepção Extra-Sensorial” (“PES”), segundo classificação formulada por Joseph Banks Rhine (1895-1980), adepto da Parapsicologia[3], que em 1934   publicou obra com esse nome (“PES”), renomeando assim a Psicometria.

O Espiritismo e a Psicometria
Segundo vários estudiosos espíritas, Psicometria é a faculdade mediúnica pela qual o médium, em contato com objetos, pessoas ou lugares relacionados com acontecimentos passados, sintoniza-se de tal maneira com eles, descrevendo-os com precisão.
Alguns autores espíritas, inclusive, incluem não apenas o passado, mas também o presente e o futuro, na abrangência de informações precisas sobre particularidades e fenômenos ligados a objetos, lugares e pessoas, próximas ou distantes, encarnadas ou desencarnadas.
Já nos tempos de Kardec havia notícias de fatos ligados à Psicometria, conforme o texto abaixo faz prova:
“A. C. Styles, médium lúcido, garante diagnóstico exato da doença da pessoa presente, sob perda dos honorários. Regras estritamente observadas: Para um exame lúcido e prescrições, com a pessoa presente, 2 dólares; para descrições psicométricas dos caracteres, 3 dólares. Não esquecer que as consultas são pagas adiantadamente”.
(In: Revista Espírita – “Exploração do Espiritismo”, Julho/1861, p. 314).

Várias obras literárias espíritas trazem alusões à Psicometria.
Citarei apenas algumas.
● Em minha opinião sobre Psicometria, a obra espírita que mais reflexões e pensamentos oferta é de autoria de Ernesto Bozzano (1862-1943), pesquisador espírita, italiano, professor de filosofia da ciência: Enigmas da Psicometria (1926), 3ªEd. 1991, FEB, Brasília/DF.
O autor inicia sua talentosa obra afirmando que a Psicometria não passa de uma das modalidades da clarividência, e a ela (Psicometria) pertencem seus enigmas... Incontáveis enigmas... Cita que, pela hipótese psicométrica, o possuidor de um objeto impregna neste uma “influência” real, a qual tem a propriedade de receber e reter toda espécie de vibrações e emanações físicas, psíquicas e vitais.
Não obstante, para Bozzano, tais poderes psicométricos de uma pessoa viva, em grande parte são imaginários e que tal “influência” apenas persiste no objeto psicometrado, possibilitando a ação pela faculdade clarividente e telepática do sensitivo (aqui, clarividência e telepatia são consideradas “satélites” da Psicometria...).
Comentando isso, o professor Bozzano declara que sua opinião não invalida a hipótese de outros pensadores, que acreditavam que o objeto, ele próprio, revelaria sua história. Deduz ainda sobre a existência de um “fluido pessoal humano” (penso que seria o mesmo “fluido magnético mesmeriano”, de Buchanan), ligando-se aos objetos. E arremata: “a penetração dos segredos biográficos da matéria inanimada, permanece bem mais misteriosa”. (Mais enigmas, como registrou em seu livro...).
Há, na obra de Bozzano, incontáveis outras reflexões, como também inúmeras narrações de casos psicométricos — não cabem aqui, um simples artigo, bem elementar. Sugiro compulsar o instigante livro.
Bozzano comenta, extraordinariamente, que há sensitivos que, às vezes, conseguem entrar em contato com os reinos vegetal e animal, a tal ponto identificando com a influência contida no objeto psicometrado, que se diria apropriarem-se das sensações, dos entendimentos, das vibrações e sensações rudimentares dos organismos ou substância estudados. O autor repete várias vezes esses comentários na sua obra.
Obs.:  A palavra “influência” há pouco citada, é largamente utilizada por Bozzano no seu livro. Na maioria das vezes, referindo-se à influência humana; mas, também, outras tantas vezes são citadas como “influência” de caráter psicométrico a “influência animal” e a “influência vegetal”. E também... “influência mineral”. No livro há dezenas e dezenas de casos psicometrados, com todas essas “influências”.
● No livro “Nos Domínios da Mediunidade” (1954), do Espírito André Luiz e psicografia do inesquecível Chico Xavier, na 8ª edição, cap. 26 (Psicometria), p. 245, Ed. FEB, 1976, Brasília/DF, o Instrutor Áulus leciona: “Psicometria significa registro, apreciação de atividade intelectual. Entretanto, nos trabalhos mediúnicos, esta palavra designa a faculdade de ler impressões e recordações ao contato com objetos comuns”.
Prosseguindo, Áulus relata que: “o pensamento espalha suas próprias emanações em toda parte a que se projeta, deixando vestígios espirituais onde são arremessados os raios da mente. Como o animal, que deixa no próprio rastro o odor que lhe é característico, tornando-se, por esse motivo, facilmente abordável pela sensibilidade olfativa do cão”.
Aquele Instrutor, no mesmo capítulo pronuncia frase lapidar: “As almas e as coisas, cada qual na posição em que se situam, algo conservam do tempo e do espaço, que são eternos na memória da vida” (até aqui a Psicometria se fixou apenas no passado...).
Um pouco mais adiante nessa obra, à p. 249, no mesmo tema, Áulus esclarece sobre a possibilidade de eventos psicométricos, ligados a pessoas do presente. Encerrando o capítulo informa que os eventos psicométricos são mediúnicos, embora experimentadores do mundo científico os enquadrem na “criptestesia pragmática”, na “metagnomia tátil”, na “telestesia”; reduzindo os termos, essas palavras significam praticamente o mesmo (ação psicométrica), com pequenas variações.
Obs.: Cito apenas essas três denominações parapsicológicas da Psicometria, mas existem muitas outras (vide no Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo, já citado).
● No livro “Chico Xavier – Mandato de Amor”, da UEM (União Espírita Mineira), Ed. 1992, BH/MG, há inumeráveis testemunhos de pessoas que conviveram com o saudoso médium. Por seus comentários fica-se sabendo a apurada mediunidade psicométrica do Chico, como, por exemplo, “ler”, sem abrir, o conteúdo das incontáveis cartas que recebia de pessoas que escreviam para ele. Tantos são os relatos, e tão interessantes, além de instrutivos, que sugiro a leitura do livro.
● No livro “Devassando o Invisível” (1963), de Yvonne A.Pereira, 9ªEd., 1994, p. 188, FEB, Brasília/DF, dentre outros comentários sobre a Psicometria, a autora registra: (...) Essa faculdade, estranha e bela, ainda pouco estudada, vai ao extremo de permitir ao médium sentir e descrever as impressões de pequenos animais, de vegetais e até da matéria inanimada”.
Yvonne (médium de abençoadas mediunidades, psicometria inclusive), ainda na mesma obra, relata uma visita que fez a uma família amiga, ali se hospedando por alguns dias. Insone, ali assistia cenas típicas da escravatura. Em outra residência, moderna, o mesmo fenômeno: sem dormir, assistia cenas dramáticas de duelos, lutas, assaltos, fugas a cavalo (ambiente do século XVIII).
Única explicação dela: psicometria de ambiente[4].

 Conclusão
Encerrando, registro abaixo como justamente no passado distante encontra-se exemplo de que a Psicometria (como, aliás, todas as demais mediunidades) já era faculdade mediúnica atuante, e no exemplo, ação psicométrica de acontecimento no futuro(!):
Em “Atos dos Apóstolos”, 21 a 25, há a narração de que o profeta (médium) Ágabo, fiel seguidor de Jesus, chegou da Judeia e, estando com os seguidores do Cristo tomou da cinta que pertencia a Paulo de Tarso, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: assim ligarão os judeus em Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. A partir dessa profecia, os amigos de Paulo insistiram com ele que não fosse a Jerusalém, pois temiam por sua vida. Ele, apesar disso, subiu a Jerusalém e ali o tribuno Claudio Lísias o aprisionou na Fortaleza, a fim de salvá-lo da turba agitada.
Tendo-se notícias de um plano para assassinar o Apóstolo, Lísias o transferiu para Cesareia, escoltado por quatrocentos soldados, arqueiros e cavalarianos, entregando-o ao Governador Felix.
Cumpria-se a profecia de Ágabo: Paulo foi interrogado e atado com correias pelos gentios.

Pelo que deduzi ao formular este artigo, imagino que a Sabedoria da Providência dota da capacidade piscométrica alguns médiuns, com tarefas elevadas de auxílio ao próximo. Exercitando mediunicamente a psicometria, neles fica alicerçada a fé na caridade de Jesus e a confiança nos Protetores invisíveis que os amparam, resultando despertar nos atendidos mudanças comportamentais, para não repetirem descaminhos morais, atávicos.
No futuro, por exemplo, reflito que a Medicina terrena empregará a psicometria em larga escala, diagnosticando no presente, as causas de patologias inauguradas no passado...


[1] Notas extraídas do “Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo”, de João Teixeira de Paula (1911-1985),  volume 3, p. 89 e 90, Ed. 1970, Empresa Gráfica da Revista dos Tribunais S.A., SP/SP.
[2] Grande Enciclopédia Larousse Cultural, volume 8, p. 2673, Ed. Universo Ltda, 1990, SP/SP.
[3] O termo parapsicologia foi criado em 1889 por Max Dessoir (1867-1937), filósofo alemão, e adotado na década de 1930 por Joseph Banks Rhine, para substituir os termos Metapsíquica e "Pesquisa Psíquica"  -  notas extraídas da Wikipédia, a enciclopédia livre da internet.

[4] “Psicometria de ambiente” é aquela que, à revelia do sensitivo, permite-lhe rever, em um ambiente qualquer, as ocorrências ali verificadas muito antes, às vezes mesmo há séculos (!).


domingo, 22 de março de 2020

Artigo - Deus, nós e o coronavírus


Deus, nós e o coronavírus

Irmãos e irmãs: estejamos com Jesus, sempre.
Minha família e o filho casado estamos confinados, há dias, cada um em sua casa, por causa do coronavírus...
— Fazer o quê?
Essa pergunta, tão sintética, esconde a resposta, com o bom senso tentando dizer-nos que o principal a fazer é VIVER!
Viver e ORAR! Isso, porque outra não é a razão e a melhor forma de estar na Vida, aqui, a bordo da nossa existência terrena.
Para viver no planeta Terra, não há ninguém que possa dispensar, pouco ou muito, o apoio ou a companhia de outrem. Ninguém! Nem mesmo o eremita, lá no quase inacessível alto da montanha, ou no interior de uma gruta: como decidiu pela clausura e imobilidade, espontâneas, nada faz para saciar suas necessidades orgânicas, por exemplo: alimentar-se. Se ninguém atendê-lo, a breve tempo morrerá de fome... Seja por troca (de provimentos), precisará “trabalhar”, no caso, “atendendo” crédulos em seu poder...
Nos dias atuais emerge a indispensável necessidade de união global. Deus nos criou para vivermos gregariamente, isto é, em conjunto com outros seres humanos. Para começar a Vida, a Engenharia Divina engendrou a família e o lar — instituições divinas, das mais abençoadas; de quebra, convivendo em nossa casa, com animais domésticos (isso, naturalmente; aqueles que quiserem tal companhia). Pessoas há, no entanto, que convivem com muitos, são ativas, participativas com a família e socialmente, mas moram sozinhas.
Num e noutro caso, para a paz, indispensável a presença, vivência e convivência do Amor. Ele, o Amor funciona, primeiro, como liga da família: na vivência une afetos, dissipa desafetos; a seguir, ilumina a convivência com aqueles e com outros seres.
Essa, a diretriz divina para a evolução da Humanidade toda!
Aqui em casa, agora, com o coronavírus se espalhando por praticamente todos os países, desde alguns dias e nos próximos estamos e estaremos seguindo os protocolos científicos mundiais: evitar sair de casa, incorporação de novos hábitos de higiene, mormente nas mãos, olhos, nariz e boca, rígido confinamento domiciliar, principalmente quanto aos idosos.
Esse, o panorama material dessa pandemia: infelizmente o que se vê é excesso de notícias / destempero dos comunicadores da mídia em geral / sofreguidão em informar o número de “positivos” e de óbitos — tudo isso gerando pânico...
E do pânico resulta o medo, que segundo o Governador da Cidade espiritual “Nosso Lar”[1] é classificado como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas.
O mundo já enfrentou outras crises, sempre trágicas, causando muito mais mortes. Mas em nenhuma delas se viu tal exagero noticioso, praticamente de todas as mídias, com divulgação em tempo integral, desencadeando progressão pelas redes sociais — geométrica, quanto trágica.
A Doutrina dos Espíritos nos acalma, explicando que a Justiça Divina (leia-se “Leis Divinas - Morais e Materiais”) jamais põe “cruz em ombro errado”. E mais: sendo este um mundo de “provas e expiações”, quem carrega sua cruz é porque tem forças e condições de fazê-lo — nesse caso, a resignação é abençoado bálsamo, decorrente da Fé, que abre o coração para o Amor de Deus...
Datas de nascimento e de desencarnação são estabelecidas para todos os seres vivos pelo Plano Maior, antes do nascimento de cada um...
Lembro de como Chico Xavier, num momento difícil para ele, ouviu de uma mensageira celestial: “Tudo passa... Tudo passa... Isso também passará e só não passarão as coisas de Deus”.
Se a hora mundial preconiza cuidados físicos, o escudo da Fé recomenda oração e confiança no Pai! Ele sempre quer o nosso bem.
Envolva-nos a paz que Jesus nos deu e nos deixou.
(22/03/2020)




[1] Do livro “Nosso Lar”, autor espiritual André Luiz, psicografia de Francisco C.Xavier, cap. 42, pg. 230, 48ªEd., 1998, FEB, Brasília/DF.

domingo, 8 de março de 2020

Artigo - Suicídio: e depois?...


Suicídio: e depois?...

O suicídio é certamente o ato humano mais trágico de todos, com ocorrência em todas as civilizações, desde os tempos antigos (mas  num terrível “crescendo” atualmente).
Quem suicida desconhece por completo que a Vida é obra divina, imortal, indestrutível; julgando que tudo acaba, resolvendo a causa, desconhece “a consequência aterradora de tal gesto (o suicídio) na vida do Além, para aquele que o pratica na Terra” [1]. E depois?...
Imaginar que um, ou, mais problemas desaparecem com a morte é equívoco maior do que tentar apagar um incêndio com gasolina.
Todas — todas — as religiões professam que a vida continua...
A moderna Psicologia considera difícil determinar as causas da maioria dos suicídios, podendo apenas explicitar vertentes dos casos de crises agudas, delirantes, ou flagrantes de ruína.
Assim, evitá-lo com plena consciência, ou convencer outrem a não cometê-lo, nem sempre é tarefa fácil. Não obstante, existem Entidades filantrópicas voltadas exclusivamente para isso.
Já o Espiritismo radiografa integralmente o suicídio, ampliando substancialmente o tema, propiciando reflexões úteis, não só para os suicidas em potencial, como também para todos aqueles que caridosamente queiram e possam ajudá-los, com argumentos racionais, impeditivos de tão equivocada "solução".
Esclarecimentos espíritas, dissuasórios do suicídio:
1° - torna visíveis as nubladas causas que o cercam: reflexos de vidas passadas, distanciamento do Evangelho, desconhecimento das vidas sucessivas pela reencarnação, “vida vazia”, etc.;
2°- apresenta meios seguros de defesa contra tão grande anomalia espiritual, muitas vezes oculta, agindo silenciosamente...;
3°- sugere a solidariedade para com aquele que sinaliza o desejo de se matar, através de ensinamentos espirituais convincentes, impedientes de tão tresloucado crime contra a Vida;
4° - de forma racional e lógica, esclarece o que é o suicídio e adverte sobre os riscos do quase sempre ignorado "suicídio indireto" (vícios, intemperança, irresponsabilidade e excessos de toda natureza); aquele, intencional, e este, cometido sem intenção; mas ambos de inteira responsabilidade de quem os praticam.

Em várias atividades humanas encontra-se indução ao suicídio:
Na Literatura:
Justamente onde não deveria ocorrer, surgem ali poderosas induções ao suicídio... Cito alguns exemplos:
● Johan Wolfang von Göethe (1749-1832), aclamado e erudito escritor alemão, escreveu, dentre outros, Sofrimentos do jovem Werther, no qual retratou sua frustrada experiência amorosa. Resultado: a leitura desencadeou uma série tal de suicídios, que reedições chegaram a ser proibidas;
● Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão (do pessimismo), pregava (!?) que "o querer-viver é a raiz de todos os males, de todo o sofrimento"; aduzindo que "todos os preceitos da moral, resumem-se num só: destruir em nós, por todos os meios, a vontade de viver". (O filósofoele próprio, morreu de velhice...);
● Léon Tolstoi (1828-1910), escritor russo, escrevendo sobre a desilusão do amor, lançou o famosíssimo romance Anna Karênina, onde a heroína, ao final de um amor frustrado, suicida-se. Em outros escritos seus, encerrou os dramas íntimos dos personagens com suicídios impressionantes. Resultado: incontáveis pessoas, na maioria jovens com frustrações amorosas, também suicidaram, induzidas pelo equivocado desfecho, bastas vezes sugerido por esse autor.
        Nota: Na Espiritualidade, Tolstoi, percebendo o monumental erro cometido e sentindo-se corresponsável por tantos suicídios, solicitou ao Plano Maior a oportunidade de redimir-se, daí surgindo o já citado livro Sublimação, psicografado por Yvonne A. Pereira, edição da FEB.
● Aurore Dupin, conhecida como  George Sand (1804-1876), escritora francesa que usava trajes masculinos, famosa por suas ligações amorosas com Chopin, é autora do romance erótico Indiana, indutor de pessoas ao suicídio.
No Teatro
● A famosa tragédia de Shakespeare "Romeu e Julieta", escrita em 1594, culmina com o suicídio do casal, diante da proibição de seu relacionamento amoroso, por serem de famílias rivais.
Na Ópera
Tosca e Madame Butterfly, ambas as óperas de Puccini, terminam com suicídio de personagens.
No fim de guerra
● Adolf Hitler e Eva Braun - (1945) - ditador nazista e sua amante.
Na Política:
● Getúlio Vargas - (1954) - Presidente do Brasil.
No Patriotismo
● No Japão: os chamados kamikazes (pilotos-suicidas, de avião com explosivos, que se atiravam sobre navios inimigos, na II Guerra Mundial), causando inúmeras mortes e prejuízos, eram cultuados como heróis, imaginando, eles próprios, que renasceriam em glórias.
● Em 1944, depois de malograda tentativa contra a vida de Hitler, o marechal-de-campo da II Guerra, o alemão Erwin Hohannes Eugen Rommel (1891-1944) cometeu suicídio, forçado, para salvar a família.
Na invenção
● Santos Dumont (o “Pai da aviação!), em 1932.
Na Religião
Nem do ambiente religioso (de seitas) o suicídio esteve ausente. Por fascinação. E coletivo. Vejamos:
● 1978 - Guiana - 912 suicídios (bebida com cianu­reto), induzidos pelo Pastor norte-americano "Jim Jo­nes", líder da seita "Templo do Povo";
●  1987 - Coréia do Sul - 32 mortos (ingeriram ve­neno), estando entre os mortos uma mulher de 48 anos, fundadora de uma seita religiosa;
●  1990 - México -  12 crianças foram sacrificadas (ingestão de álcool industrial); no local havia panfle­tos de uma seita denominada "Templo do Meio-dia";
●  1993 - Vietnã - 53 vítimas (suicídio coletivo, a tiros), liderados pelo cego Ca Van Liem
●  1993 - EUA (Texas) - depois de 15 dias de cerco policial, 81 fanáticos seguidores do Ramo Davidi­ano — uma nova seita religiosa — preferiram morrer na sua sede, que incendiaram, a entregarem-se às autoridades norte-americanas, quando receberam ordem de desocupá-la.
      Nota: O fato, pela sua dramaticidade e desfecho, causou comoção mundial, deixando atônitas as próprias autoridades norte-americanas.  Alguns dias antes, quatro policiais que tentavam investigar o local foram mortos ali;
● 1994 - Suíça - Seita "Ordem do Templo do Sol" - 48 vítimas (suicídio aparente - com incêndios em duas localidades distantes 160 km uma da outra), estando pre­sumivelmente entre elas o líder, um médico de 47 anos;
Nas tradições culturais
No Japão, há registros de suicídios, por adolescentes, motivados por insucessos escolares.
Ainda no Japão: o suicídio (haraquiri — morrer com corte no ventre) esteve sempre presente na cultura dos nobres feudais e dos samurais, sob o argumento "questões de honra";
Aqui mesmo, no Brasil, vários são os casos de suicídio de índios, deprimidos ante as pressões sociais, a falta de perspectiva de vida,  a falta de assistência. Mas, principalmente, pelo sufocante estado de confinamento, nas regiões onde a terra é muito pequena [2].
  
"Causas primárias"  e  "Causas secundárias"
Citarei algumas causas, primárias e secundárias de suicídios que, separadas ou juntas, resultam em depressão, expressando desânimo, vida sem projetos futuros, com tristeza profunda e prolongada, dando o tom. Somadas, tais causas catapultam o ser humano ao alheamento de tudo... É a depressão, cognominada de doença do século XXI. E da depressão ao suicídio... um passo.
É fato que nem todas as pessoas que são atingidas por crises ou que apresentam dificuldades vivenciais irão sequer pensar no suicídio, tentando, isto sim, soluções racionais para os problemas.
É fato também, comprovado, que a maioria dos suicidas, senão todos, deram e dão "sinais indiretos" — avisos —, de que pretendem se matar. Captar tais sinais nas pessoas à sua volta e envidar todos os esforços para que isso não aconteça, esse o dever cristão que se impõe a todos. Majoritariamente, esse o escopo deste artigo.
A seguir, eis alguns desses sinais, principalmente em jovens, que podem levar algumas pessoas a desvalorizar a vida:

a. Causas primárias (isoladas ou agregadas)
Podem ser consideradas indutoras ao suicídio:
● Decepções e frustrações diante de perdas (amorosas, profissionais, familiares);
● Dificuldades financeiras - crises inopinadas no mercado, resultando endividamento-insolvência, etc.;
● Desemprego (perda abrupta ou continuada);
● Solidão / Tédio: ausência de objetivos existenciais;
● Doenças graves: busca de "ida" para um lugar sem dor;
● Vícios: alcoolismo / toxicomania / jogar compulsivamente, com perdas irreparáveis;
● Neuroses: autopiedade exacerbada do tipo "todo mundo está contra mim";
● Psicoses: suicídio, como vingança, para fazer sofrer alguém ("os que ficam");
● Receio manifesto de ser preso, após ter cometido delitos graves;
● Materialismo acentuado: desconhecimento da imortalidade do Espírito.

b. Causas secundárias
Manifestadas por diversos sintomas (isolados ou em conjunto):
● Queda de produção do trabalho ou do rendimento escolar;
● Mudanças súbitas de comportamento e/ou de personalidade;
● Descuidos com: compromissos / horários / a aparência física, etc.;
● Sinais de automutilação;
● Choro  ou risos inexplicáveis / falta  ou excesso de apetite /        sonolência ou insônia;
● Uso de álcool e/ou de drogas ilegais ou mesmo uso exagerado de remédios;
● Distanciamento de amigos e familiares;
● Frases do tipo: "não aguento mais viver assim";  "...prefiro morrer";  "essa vida é uma droga".

O Espiritismo e os antídotos contra o suicídio
Três são os poderosos antídotos espíritas contra o suicídio:
1° - Amizade: oferta solidária de ajuda, feita por aquele que perceber o estado alterado de pessoa do seu relacionamento (apresentando depressão), com ou sem histórico de suicidomania;
2°- Calor humano: acompanhamento desinteressado, sincero e fraternal durante a crise desse alguém, mostrando a ele que não está sozinho, que pode contar com seu apoio incondicional;
3°- Espiritualização: Compreende, basicamente, a exposição da visão espírita da existência de todos nós. Esse, o mais eficaz de todos os antídotos, saber que a morte é episódica, pois o Espírito não morre e necessita reencarnar incontáveis vezes, para evoluir:
◊ O homem não é apenas o corpo físico: o verdadeiro ser é o Espírito, imortal!
◊ O Espírito é criado "simples e ignorante" por Deus, para progredir e ser feliz;
◊ O Espírito evolui através de várias vidas (reencarnação);
◊ A Justiça Divina faz com que todos sejam iguais - deveres e direitos;
◊ A Lei de Ação e Reação, que expressa a Justiça Divina, faz com que "a cada um, seja dado segundo suas obras", isto é, tudo o que nos envolve ou nos alcança é fruto que estamos colhendo, de nossas próprias pretéritas (ou mesmo atuais...) plantações;
◊ Berço e túmulo — nascimento e morte — são episódios inúmeras vezes repetidos pelo Espírito imortal, na senda do progresso moral, consubstanciada na Lei Divina de Evolução;
◊ O afastamento do Amor a Deus, sobre todas as coisas, e a falta de amor ao próximo como a si mesmo, trazem dificuldades vivenciais, gerando débitos conscienciais, que cedo ou tarde terão que ser resgatados; as vidas múltiplas ensejam tal resgate, que se manifestam ora por expiações (sofrimentos), ora por provações (testes de comportamento moral);
◊ A Vida é sublime oportunidade de crescimento, através de aprendizados;
◊ A prática desses aprendizados nos proporcionará paz ou sofrimentos, conforme exercitemos o Bem ou o Mal, respectivamente;
◊ Sofrimentos são resultantes de nossos erros, geratrizes de débitos, que também nós próprios, cedo ou tarde, iremos pedir a Deus a oportunidade de resgatá-los;
◊ O Amor de Deus é tanto que Ele nos concederá tantas oportunidades (reencarnações) quantas sejam necessárias; tais oportunidades se manifestarão na proporção direta do merecimento alcançado através do arrependimento sincero e da vontade inabalável de reconstrução moral;
◊ O suicídio, como busca de solução para qualquer crise ou problema, é o mais equivocado dos caminhos, eis que, longe de resolvê-los, na verdade aumenta-os devastadoramente, na vida espiritual;
◊ Testemunhos de Espíritos que suicidaram —, em reuniões mediúnicas sérias — demonstram que seus problemas, "do lado de lá" permaneceram; aliás, com gravames quase que insuportáveis;
◊ A tendência atual para o suicídio, em muitos casos, reflete atavismo (a pessoa já o terá cometido em vidas passadas) e agora se repete essa anomalia comportamental;
◊ Há sempre a possibilidade de influências obsessivas, induzindo/incentivando o suicídio; indicado tratamento espiritual;
◊ O Tempo (“o mecânico da Vida”) — para quaisquer problemas — é bênção máxima, capaz de resolver, a contento, todos eles. Jamais houve um único problema que o Tempo não resolvesse!
◊ A confiança no Amor de Deus e na Caridade de Jesus, expressa pela fé, em oração, é o mais eficaz meio de administrar a crise, por mais trágica que ela possa parecer.

Leituras a serem sugeridas àqueles que tentaram ou pensam no suicídio:
a. "O Céu e o Inferno", de Allan Kardec, 2ª Parte - Exemplos, cap. V - Suicidas, registrando os depoimentos pungentes de 9 (nove) Espíritos suicidas; 
b. "Memórias de um Suicida", do Espírito C.C.Branco, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, edição da Federação Espírita Brasileira.
c. "Viver Ainda é a Melhor Saída", de Jacob Melo, Edit. Mnêmio Túlio.


[1] Palavras de Leão Tolstoi, Espírito, pela psicografia de Yvonne A. Pereira, na “Apresentação” do 
livro “Sublimação”, 1973,  edição da FEB, Brasília/DF.
[2] Informações captadas na Wikipédia, a enciclopédia livre da internet.