domingo, 8 de março de 2020

Artigo - Suicídio: e depois?...


Suicídio: e depois?...

O suicídio é certamente o ato humano mais trágico de todos, com ocorrência em todas as civilizações, desde os tempos antigos (mas  num terrível “crescendo” atualmente).
Quem suicida desconhece por completo que a Vida é obra divina, imortal, indestrutível; julgando que tudo acaba, resolvendo a causa, desconhece “a consequência aterradora de tal gesto (o suicídio) na vida do Além, para aquele que o pratica na Terra” [1]. E depois?...
Imaginar que um, ou, mais problemas desaparecem com a morte é equívoco maior do que tentar apagar um incêndio com gasolina.
Todas — todas — as religiões professam que a vida continua...
A moderna Psicologia considera difícil determinar as causas da maioria dos suicídios, podendo apenas explicitar vertentes dos casos de crises agudas, delirantes, ou flagrantes de ruína.
Assim, evitá-lo com plena consciência, ou convencer outrem a não cometê-lo, nem sempre é tarefa fácil. Não obstante, existem Entidades filantrópicas voltadas exclusivamente para isso.
Já o Espiritismo radiografa integralmente o suicídio, ampliando substancialmente o tema, propiciando reflexões úteis, não só para os suicidas em potencial, como também para todos aqueles que caridosamente queiram e possam ajudá-los, com argumentos racionais, impeditivos de tão equivocada "solução".
Esclarecimentos espíritas, dissuasórios do suicídio:
1° - torna visíveis as nubladas causas que o cercam: reflexos de vidas passadas, distanciamento do Evangelho, desconhecimento das vidas sucessivas pela reencarnação, “vida vazia”, etc.;
2°- apresenta meios seguros de defesa contra tão grande anomalia espiritual, muitas vezes oculta, agindo silenciosamente...;
3°- sugere a solidariedade para com aquele que sinaliza o desejo de se matar, através de ensinamentos espirituais convincentes, impedientes de tão tresloucado crime contra a Vida;
4° - de forma racional e lógica, esclarece o que é o suicídio e adverte sobre os riscos do quase sempre ignorado "suicídio indireto" (vícios, intemperança, irresponsabilidade e excessos de toda natureza); aquele, intencional, e este, cometido sem intenção; mas ambos de inteira responsabilidade de quem os praticam.

Em várias atividades humanas encontra-se indução ao suicídio:
Na Literatura:
Justamente onde não deveria ocorrer, surgem ali poderosas induções ao suicídio... Cito alguns exemplos:
● Johan Wolfang von Göethe (1749-1832), aclamado e erudito escritor alemão, escreveu, dentre outros, Sofrimentos do jovem Werther, no qual retratou sua frustrada experiência amorosa. Resultado: a leitura desencadeou uma série tal de suicídios, que reedições chegaram a ser proibidas;
● Arthur Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão (do pessimismo), pregava (!?) que "o querer-viver é a raiz de todos os males, de todo o sofrimento"; aduzindo que "todos os preceitos da moral, resumem-se num só: destruir em nós, por todos os meios, a vontade de viver". (O filósofoele próprio, morreu de velhice...);
● Léon Tolstoi (1828-1910), escritor russo, escrevendo sobre a desilusão do amor, lançou o famosíssimo romance Anna Karênina, onde a heroína, ao final de um amor frustrado, suicida-se. Em outros escritos seus, encerrou os dramas íntimos dos personagens com suicídios impressionantes. Resultado: incontáveis pessoas, na maioria jovens com frustrações amorosas, também suicidaram, induzidas pelo equivocado desfecho, bastas vezes sugerido por esse autor.
        Nota: Na Espiritualidade, Tolstoi, percebendo o monumental erro cometido e sentindo-se corresponsável por tantos suicídios, solicitou ao Plano Maior a oportunidade de redimir-se, daí surgindo o já citado livro Sublimação, psicografado por Yvonne A. Pereira, edição da FEB.
● Aurore Dupin, conhecida como  George Sand (1804-1876), escritora francesa que usava trajes masculinos, famosa por suas ligações amorosas com Chopin, é autora do romance erótico Indiana, indutor de pessoas ao suicídio.
No Teatro
● A famosa tragédia de Shakespeare "Romeu e Julieta", escrita em 1594, culmina com o suicídio do casal, diante da proibição de seu relacionamento amoroso, por serem de famílias rivais.
Na Ópera
Tosca e Madame Butterfly, ambas as óperas de Puccini, terminam com suicídio de personagens.
No fim de guerra
● Adolf Hitler e Eva Braun - (1945) - ditador nazista e sua amante.
Na Política:
● Getúlio Vargas - (1954) - Presidente do Brasil.
No Patriotismo
● No Japão: os chamados kamikazes (pilotos-suicidas, de avião com explosivos, que se atiravam sobre navios inimigos, na II Guerra Mundial), causando inúmeras mortes e prejuízos, eram cultuados como heróis, imaginando, eles próprios, que renasceriam em glórias.
● Em 1944, depois de malograda tentativa contra a vida de Hitler, o marechal-de-campo da II Guerra, o alemão Erwin Hohannes Eugen Rommel (1891-1944) cometeu suicídio, forçado, para salvar a família.
Na invenção
● Santos Dumont (o “Pai da aviação!), em 1932.
Na Religião
Nem do ambiente religioso (de seitas) o suicídio esteve ausente. Por fascinação. E coletivo. Vejamos:
● 1978 - Guiana - 912 suicídios (bebida com cianu­reto), induzidos pelo Pastor norte-americano "Jim Jo­nes", líder da seita "Templo do Povo";
●  1987 - Coréia do Sul - 32 mortos (ingeriram ve­neno), estando entre os mortos uma mulher de 48 anos, fundadora de uma seita religiosa;
●  1990 - México -  12 crianças foram sacrificadas (ingestão de álcool industrial); no local havia panfle­tos de uma seita denominada "Templo do Meio-dia";
●  1993 - Vietnã - 53 vítimas (suicídio coletivo, a tiros), liderados pelo cego Ca Van Liem
●  1993 - EUA (Texas) - depois de 15 dias de cerco policial, 81 fanáticos seguidores do Ramo Davidi­ano — uma nova seita religiosa — preferiram morrer na sua sede, que incendiaram, a entregarem-se às autoridades norte-americanas, quando receberam ordem de desocupá-la.
      Nota: O fato, pela sua dramaticidade e desfecho, causou comoção mundial, deixando atônitas as próprias autoridades norte-americanas.  Alguns dias antes, quatro policiais que tentavam investigar o local foram mortos ali;
● 1994 - Suíça - Seita "Ordem do Templo do Sol" - 48 vítimas (suicídio aparente - com incêndios em duas localidades distantes 160 km uma da outra), estando pre­sumivelmente entre elas o líder, um médico de 47 anos;
Nas tradições culturais
No Japão, há registros de suicídios, por adolescentes, motivados por insucessos escolares.
Ainda no Japão: o suicídio (haraquiri — morrer com corte no ventre) esteve sempre presente na cultura dos nobres feudais e dos samurais, sob o argumento "questões de honra";
Aqui mesmo, no Brasil, vários são os casos de suicídio de índios, deprimidos ante as pressões sociais, a falta de perspectiva de vida,  a falta de assistência. Mas, principalmente, pelo sufocante estado de confinamento, nas regiões onde a terra é muito pequena [2].
  
"Causas primárias"  e  "Causas secundárias"
Citarei algumas causas, primárias e secundárias de suicídios que, separadas ou juntas, resultam em depressão, expressando desânimo, vida sem projetos futuros, com tristeza profunda e prolongada, dando o tom. Somadas, tais causas catapultam o ser humano ao alheamento de tudo... É a depressão, cognominada de doença do século XXI. E da depressão ao suicídio... um passo.
É fato que nem todas as pessoas que são atingidas por crises ou que apresentam dificuldades vivenciais irão sequer pensar no suicídio, tentando, isto sim, soluções racionais para os problemas.
É fato também, comprovado, que a maioria dos suicidas, senão todos, deram e dão "sinais indiretos" — avisos —, de que pretendem se matar. Captar tais sinais nas pessoas à sua volta e envidar todos os esforços para que isso não aconteça, esse o dever cristão que se impõe a todos. Majoritariamente, esse o escopo deste artigo.
A seguir, eis alguns desses sinais, principalmente em jovens, que podem levar algumas pessoas a desvalorizar a vida:

a. Causas primárias (isoladas ou agregadas)
Podem ser consideradas indutoras ao suicídio:
● Decepções e frustrações diante de perdas (amorosas, profissionais, familiares);
● Dificuldades financeiras - crises inopinadas no mercado, resultando endividamento-insolvência, etc.;
● Desemprego (perda abrupta ou continuada);
● Solidão / Tédio: ausência de objetivos existenciais;
● Doenças graves: busca de "ida" para um lugar sem dor;
● Vícios: alcoolismo / toxicomania / jogar compulsivamente, com perdas irreparáveis;
● Neuroses: autopiedade exacerbada do tipo "todo mundo está contra mim";
● Psicoses: suicídio, como vingança, para fazer sofrer alguém ("os que ficam");
● Receio manifesto de ser preso, após ter cometido delitos graves;
● Materialismo acentuado: desconhecimento da imortalidade do Espírito.

b. Causas secundárias
Manifestadas por diversos sintomas (isolados ou em conjunto):
● Queda de produção do trabalho ou do rendimento escolar;
● Mudanças súbitas de comportamento e/ou de personalidade;
● Descuidos com: compromissos / horários / a aparência física, etc.;
● Sinais de automutilação;
● Choro  ou risos inexplicáveis / falta  ou excesso de apetite /        sonolência ou insônia;
● Uso de álcool e/ou de drogas ilegais ou mesmo uso exagerado de remédios;
● Distanciamento de amigos e familiares;
● Frases do tipo: "não aguento mais viver assim";  "...prefiro morrer";  "essa vida é uma droga".

O Espiritismo e os antídotos contra o suicídio
Três são os poderosos antídotos espíritas contra o suicídio:
1° - Amizade: oferta solidária de ajuda, feita por aquele que perceber o estado alterado de pessoa do seu relacionamento (apresentando depressão), com ou sem histórico de suicidomania;
2°- Calor humano: acompanhamento desinteressado, sincero e fraternal durante a crise desse alguém, mostrando a ele que não está sozinho, que pode contar com seu apoio incondicional;
3°- Espiritualização: Compreende, basicamente, a exposição da visão espírita da existência de todos nós. Esse, o mais eficaz de todos os antídotos, saber que a morte é episódica, pois o Espírito não morre e necessita reencarnar incontáveis vezes, para evoluir:
◊ O homem não é apenas o corpo físico: o verdadeiro ser é o Espírito, imortal!
◊ O Espírito é criado "simples e ignorante" por Deus, para progredir e ser feliz;
◊ O Espírito evolui através de várias vidas (reencarnação);
◊ A Justiça Divina faz com que todos sejam iguais - deveres e direitos;
◊ A Lei de Ação e Reação, que expressa a Justiça Divina, faz com que "a cada um, seja dado segundo suas obras", isto é, tudo o que nos envolve ou nos alcança é fruto que estamos colhendo, de nossas próprias pretéritas (ou mesmo atuais...) plantações;
◊ Berço e túmulo — nascimento e morte — são episódios inúmeras vezes repetidos pelo Espírito imortal, na senda do progresso moral, consubstanciada na Lei Divina de Evolução;
◊ O afastamento do Amor a Deus, sobre todas as coisas, e a falta de amor ao próximo como a si mesmo, trazem dificuldades vivenciais, gerando débitos conscienciais, que cedo ou tarde terão que ser resgatados; as vidas múltiplas ensejam tal resgate, que se manifestam ora por expiações (sofrimentos), ora por provações (testes de comportamento moral);
◊ A Vida é sublime oportunidade de crescimento, através de aprendizados;
◊ A prática desses aprendizados nos proporcionará paz ou sofrimentos, conforme exercitemos o Bem ou o Mal, respectivamente;
◊ Sofrimentos são resultantes de nossos erros, geratrizes de débitos, que também nós próprios, cedo ou tarde, iremos pedir a Deus a oportunidade de resgatá-los;
◊ O Amor de Deus é tanto que Ele nos concederá tantas oportunidades (reencarnações) quantas sejam necessárias; tais oportunidades se manifestarão na proporção direta do merecimento alcançado através do arrependimento sincero e da vontade inabalável de reconstrução moral;
◊ O suicídio, como busca de solução para qualquer crise ou problema, é o mais equivocado dos caminhos, eis que, longe de resolvê-los, na verdade aumenta-os devastadoramente, na vida espiritual;
◊ Testemunhos de Espíritos que suicidaram —, em reuniões mediúnicas sérias — demonstram que seus problemas, "do lado de lá" permaneceram; aliás, com gravames quase que insuportáveis;
◊ A tendência atual para o suicídio, em muitos casos, reflete atavismo (a pessoa já o terá cometido em vidas passadas) e agora se repete essa anomalia comportamental;
◊ Há sempre a possibilidade de influências obsessivas, induzindo/incentivando o suicídio; indicado tratamento espiritual;
◊ O Tempo (“o mecânico da Vida”) — para quaisquer problemas — é bênção máxima, capaz de resolver, a contento, todos eles. Jamais houve um único problema que o Tempo não resolvesse!
◊ A confiança no Amor de Deus e na Caridade de Jesus, expressa pela fé, em oração, é o mais eficaz meio de administrar a crise, por mais trágica que ela possa parecer.

Leituras a serem sugeridas àqueles que tentaram ou pensam no suicídio:
a. "O Céu e o Inferno", de Allan Kardec, 2ª Parte - Exemplos, cap. V - Suicidas, registrando os depoimentos pungentes de 9 (nove) Espíritos suicidas; 
b. "Memórias de um Suicida", do Espírito C.C.Branco, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, edição da Federação Espírita Brasileira.
c. "Viver Ainda é a Melhor Saída", de Jacob Melo, Edit. Mnêmio Túlio.


[1] Palavras de Leão Tolstoi, Espírito, pela psicografia de Yvonne A. Pereira, na “Apresentação” do 
livro “Sublimação”, 1973,  edição da FEB, Brasília/DF.
[2] Informações captadas na Wikipédia, a enciclopédia livre da internet.

2 comentários:

  1. Oportuno a divulgação deste alerta. Esclarecer sempre que a vida não cessa no túmulo, e a cada responderá pelos seus feitos. A vida é rica de oportunidades de crescimento, evolução, objetivo único do nosso viver encarnados. Que busquemos Jesus como conselheiro e Mestre, nos seus ensinos preciosos e coloquemos Deus antes de qualquer atitude, Ele é nosso Pai, nos ama incondicionalmente!!!

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  2. Aí está um tema importante para os dias que vivemos!

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