Passe virtual
O ser humano, desde que aprendeu a falar inventou, desenvolveu e adotou, em boa hora, o eficiente método de comunicação através a nominação das coisas — de tudo e de todos —, seja em que idioma seja. É dessa forma que hoje, quando surge um neologismo, para assimilá-lo, prudente considerar que geralmente o novo rótulo (continente) se vale de conceito (conteúdo) pré-existente.
É sabido, outrossim, que toda novidade causa celeuma, face a mania da acomodação...
Parece-me ser esse o caso da sugestão de ajuda a necessitados de amparo espiritual criada pelo INSTITUTO ESPÍRITA ANDRÉ LUIZ (detalhes na internet), sugestão essa que denominou "passe virtual".
Recebi a notícia sobre o passe virtual e estudei o tema detidamente. A meu ver é uma derivação do chamado "passe à distância" (distantes entre si médium e paciente), modalidade de fluidoterapia aplicada por meio de reuniões denominadas "sessões de irradiação".
Deixando de lado as diatribes, sem terçar filosofia com quer que seja, opino que nada objeta estabelecer analogia entre alguns dos dois procedimentos de passes:
Passe à distância:
- Esse tipo de passe é aplicado a pedido do paciente (ou seu responsável) impossibilitado de comparecer junto ao médium passista, aqui denominado apenas de passista.
Por parte do paciente, merecimento, fé e confiança em Deus são indispensáveis.
O alcance do passe beneficia o paciente a qualquer distância que se encontre do passista (geralmente no Centro Espírita, em reunião com companheiros).
(Vide detalhes no livro ESTUDANDO A MEDIUNIDADE, de José Martins Peralva, Cap XXVI, "Passes", p.149, 10ªEd., 1984, FEB, RJ/RJ).
Obs: recordando, nesse tipo de passe ocorre transfusão de energias do(s) passista(s) e dos bons Espíritos. É o chamado "passe misto". Se o passista é missionário e tem capacidade de cura direta (o que raramente acontece...) o passe é dito "passe de cura". O Mestre Jesus* é exemplo máximo: "Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce, antes que meu filho morra". — Vai, disse-lhe Jesus; teu filho vive. De fato, nesse mesmo instante o filho do oficial se sentiu melhor.
* - João, IV, 49a53.
Passe virtual:
- Se no passe à distância o passe foi solicitado ao médium passista pelo paciente ou seu responsável, no passe virtual a solicitação é feita pelo próprio paciente, em prece sincera a Deus, a Jesus, com isso ligando-se diretamente a bons Espíritos.
O "passe virtual", da forma como é proposto pelo INSTITUTO ANDRÉ LUIZ utilizando-se a internet, nada mais é do que um processo catalisador e indutor a uma prece em clima de recolhimento, para melhor concentração e introspecção: poucas frases, rápidas, simples, mostradas no vídeo de forma cristã e pedagógica, com suave música de fundo, juntamente com figura muito sugestiva de duas mãos em prece. Tudo, de bom gosto. O procedimento, que dura cerca de oito minutos, iniciado pelo "Pai Nosso" orado por quem pede a graça, finaliza de forma comovente revelando que as mãos são de Jesus.
Não se diga que isso não está contido na "Codificação". De fato não está, como também não estão lá os transplantes, as células-tronco, os chacras, etc. Contudo, lembro que no cap. XXVIII de "O Evangelho Segundo o Espiritismo" - "Preces Espíritas", Kardec oferta um rol de preces e particularizo os itens II (Preces por aquele mesmo que ora: solicitação aos bons Espíritos de intercessão junto de Deus, para assistência nas contingências da vida) e item V (Preces pelos doentes – prece nº 78 – para ser dita pelo doente). (Grifei).
Ouso imaginar que se Kardec dispusesse do fantástico potencial da internet utilizaria-o sem economia. Das infinitas possibilidades da internet considero abençoada a sugestão do passe virtual, como meio auxiliar de indução à prece fervorosa pedindo ajuda a Jesus!
Para Deus, o importante em todas as ações é a intenção. E no passe virtual, decididamente são boas as intenções, tanto de quem o elaborou quanto de quem o utiliza.
Da mesma forma que no "passe à distância", como em qualquer tipo de passes, hão que estar presentes por parte do paciente o merecimento, a fé e a confiança em Deus.
No passe virtual podem ocorrer duas formas de atendimento:
1ª - O paciente recebe fluidos diretos dos bons Espíritos;
2ª - O paciente recebe fluidos mistos, tanto dos bons Espíritos, quanto de pessoas encarnadas, que sequer ficam sabendo dessa sua ajuda, posto que os Mensageiros do Alto têm condições plenas de amealhar tais energias junto àquelas pessoas, geralmente passistas fora de atividades mediúnicas naquele momento, mas predispostas subconscientemente à caridade, em tempo integral.
De bom entendimento é que, aqui, num ou noutro tipo de passe, "paciente" remete a uma pessoa com necessidades, físicas ou espirituais.
Encerro minhas reflexões declarando que após estudar, analisar e refletir sobre referida matéria no site do INSTITUTO, em Set/2011 fiz auto-experiência: estando bem no meio de uma crise de coluna vertebral/"bico-de-papagagio"... Jesus seja louvado!, tive o alívio almejado. Cessaram as dores intensas.
No meu caso, por exemplo, o "Passe Virtual" que realizei, deu-me alívio, não a cura. Naquele momento (dores intensas), minha oração funcionou como anestésico. Claro que anteriormente, quando irrompeu o problema, procurei o médico especialista em coluna vertebral. Graças a Deus e a esse médico fui medicado, ficando sob cuidados médicos, com medicamentos alopáticos indispensáveis.
A Medicina terrena é algo abençoado e sou dos que creem firmemente que todos os avanços fluem da Divina Providência — como, de resto, tudo o mais, em termos de progresso para a Humanidade.
Precedendo a prece nº 78 é o próprio Kardec que recomenda ao doente o dever de procurar os meios de cura (a fluidoterapia, denominada por ele de “magnetismo, e a Medicina).
Resumindo, sou dos que acreditam que o passe virtual é ajuda válida mediante prece sincera e plena de fé — é um "autopasse". E na definição de vários consagrados estudiosos espíritas* o passe nem sempre é uma oração, porém, a oração é sempre um passe, um autopasse; a ideia do autopasse tem na prece um dos recursos, talvez o melhor deles.
(* - In: "O Passe", Jacob Melo, item 6.2 "O autopasse", p. 226/228, 4ªEd., 1993, FEB, RJ/RJ).
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