terça-feira, 27 de outubro de 2015

Estudo - Cassação do livre-arbítrio (reencarnações compulsórias)



Ação Divina - compulsória
Decorrente da análise dos ensinos dos Espíritos Superiores peço licença para, com muito respeito, lucubrar sobre a provável ação divina compulsória de cassação temporária do livre-arbítrio, referente a reencarnações punitivas.
Como disse, não passa de uma reflexão.
Não desconsidero que o livre-arbítrio é liberdade que o Espírito tem para agir, no bem ou no mal...
Na Revista Espírita de 1866, pg.156, Allan Kardec deixou registrado que “o livre-arbítrio é uma das prerrogativas do homem, que tem um círculo no qual pode se envolver livremente; essa liberdade de ação tem por limites as leis da Natureza, que ninguém pode transpor”.
O Espírito Emmanuel, em “O Consolador”, Ed. FEB, à questão 132 consigna que “sobre o livre-arbítrio pairam as determinações divinas baseadas na Lei do Amor, sagrada e única”.
Considerando Kardec e Emmanuel, imagino que quando alguém age ininterruptamente em contrário às Leis Divinas, causando mal a si mesmo e a outrem, chega um momento em que, por bondade, estatuto dessas Leis impede-o de prosseguir nesse procedimento.
Com base nas incontáveis informações contidas na literatura espírita quanto à pedagogia da dor, penso que o livre-arbítrio pode ser temporariamente cassado. Voltará ao Espírito que o teve suspenso quando houver arrependimento sincero e reconstrução dos danos.
Minha ilação se apoia nas seguintes informações:
1) Questão nº 262 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec: Deus pode impor certa existência a um Espírito quando este, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.
É o caso daquele Espírito  que, obtendo uma ou várias chances de melhoria moral, teima em cometer erros sobre erros.
2) Item nº 8 do cap. V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec: As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. (Grifei).
3) Espírito Manoel P.Miranda, em “Nas Fronteiras da Loucura”, 9ª Ed., 1997, p.9, LEAL, Salvador/BA: Quando não funcionem os estímulos para o progresso e o Espírito deseje postergá-lo, imposições da própria Lei jungem-no ao processo de crescimento, mediante as expiações lenificadoras que o depuram, cooperando para a eliminação das sedimentadas mazelas que o martirizam...
4) Léon Denis, em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, 17ªEd., 1993, p.176, FEB, Rio: Inteligências diretoras, visando o proveito, evolução e expurgo do nosso passado, fazem elas próprias, em alguns casos, a difícil escolha de nossas provas.
5) Manoel P. Miranda, em “Nos Bastidores da Obsessão”, 2ªEd., 1976, p. 229, FEB, Rio: Pacientes há, rebeldes de tal monta, que o melhor medicamento para a saúde deles é a continuação do sofrimento em que se encontram...
6) Emmanuel, em "O Consolador", já citado, e agora à ques­tão n.º 96, oferta precisa informação quanto ao Espírito enve­lhecido nos abusos do mundo, portador de doenças incurá­veis, estas como estação de tratamento e de cura; quan­to às enfermidades d'alma, persistentes: podem reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores.
Obs: Informação coadjuvante a essa compulsoriedade na vida de Espíritos rebeldes, prestada pelo Espírito Anacleto, em “Missionários da Luz”, p.333 a 335, 21ªEd., 1988, FEB, RJ/RJ: Bons Espíritos auxiliam Espíritos enfermos por até dez vezes consecutivas, mas se estas oportunidades voam sem proveito, o atendido é entregue à própria sorte, até que adote nova resolução. Quando a sós aprender lições novas e se melhorar, voltará a ser socorrido.
7) Espírito “Irmão João”, em “Memórias de Um Suicida”, 5ªEd., 1975, p.260/261, Ed. FEB, RJ/RJ: A reencarnação punitiva é medicamentação, apenas! Um gênero de tratamento que a urgência e a gravidade do mal impõe ao enfermo (Espíritos suicidas sem condições de algo tentarem voluntariamente)! Operação dolorosa que nos pesa fazer, mas à qual não vacilamos em conduzir os pacientes, certos de que somente depois de realizada é que entrarão eles em convalescença.
Obs: Às p. 271 e 272 dessa mesma obra há novas informações referentes a reencarnações compulsórias.
8) Inolvidável esclarecimento, qual enérgico alerta é-nos dado pelo Assistente Áulus, em “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 15, p. 139 a 141, 8ªEd., 1976, FEB, RJ/RJ):
Espíritos infortunados que se comprazem na loucura sem se fatigarem serão levados a prisão regeneradora, pela Lei. (...) Há dolorosas reencarnações que significam luta expiatória para almas necrosadas no vício. Ex: o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros recursos.
9) Espírito Silas, em “Ação e Reação”, cap. 15, p.209, 5ªEd., 1976, FEB, RJ/RJ: O homem que tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, queda-se a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado terá renascimento doloroso, com inversão sexual compulsória por imposição dos agentes da Lei Divina. Renascerá em corpo feminino para que, no extremo desconforto íntimo aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe.

Pedagogia da dor
Pelas informações acima é dito que os Espíritos que perpetram sérias desobediências às Leis Divinas não permanecem indefinidamente nesse descaminho. Há um momento em que as Leis Divinas, compulsoriamente dão um “basta” nos descaminhos deles, o que caracteriza indução do seu retorno ao bem, durando tal indução até que brote o arrependimento, seguido de reconstrução.
Jesus definiu a Lei de Justiça quando asseverou: “a cada um, segundo suas obras” e assim é que chega um tempo-limite àquele que teima em permanecer no erro para que se arrependa, cesse o mau proceder e reconstrua sua caminhada evolutiva. Não o fazendo de moto próprio, agirão a seu favor mecanismos divinos, impingindo-lhe momentos difíceis, obstaculizando-lhe tal proceder, passando a ter por companhia a dor. Isso porque todos os Espíritos foram criados com o fanal da felicidade, estatuído por Deus.
No tema em tela, referente a repetidos abusos do livre-arbítrio, quase sempre em detrimento do próximo, a dor é o instrumento de que lança mão a Providência Divina, em favor dos réprobos.
Cito agora também, e em complemento às minhas anotações, alguns apontamentos registrados na abençoada literatura espírita:

a. Iniciando com Kardec, vou ao quase final de “O Livro dos Espíritos”, 4ªParte, “Das penas e gozos futuros”, cap. II, item “Expiação e arrependimento” e encontro:
Questão 1004: Em que se baseia a duração dos sofrimentos do culpado?
— “No tempo necessário a que se melhore”.
Ainda com Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, 109ªEd., 1994, FEB, RJ/RJ:
-  No cap. XIV, item 9, p. 242: Com efeito, quantos há que, em vez de resistirem aos maus pendores, se comprazem neles. A esses ficam reservados o pranto e os gemidos em existências posteriores. Admirai, no entanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Vem um dia em que ao culpado, cansado de sofrer, com o orgulho afinal abatido, Deus abre os braços para receber o filho pródigo que se lhe lança aos pés.
- No cap. XXVII, item 21, p.380: O homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não há uma só infração à Lei de Deus que fique sem a correspondente punição.
A severidade do castigo é proporcionada à gravidade da falta.
Indeterminada é a duração do castigo, para qualquer falta; fica subordinada ao arrependimento do culpado e ao seu retorno à senda do bem.

b. Léon Denis, em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, 3ªParte, item XXVI – A Dor -, p. 380, 17ªEd., 1993, FEB, RJ/RJ:
“(...) É, pois, realmente, pelo amor que nos tem, que Deus envia o sofrimento. Fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-lo”.

c. André Luiz, Espírito, com psicografia de F.C.Xavier, em “Entre a Terra e o Céu”, cap. XXI, p. 134, 13ªEd., 1990, FEB, RJ/RJ:
“A dor é o grande e abençoado remédio. Reeduca-nos a atividade mental. (...) Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modificações”.
Obs: Sou dos que têm grande respeito e gratidão pelo Espírito André Luiz. Assim, considero que o primeiro grande ensinamento que ele nos trouxe, maioria pela abençoada psicografia de F.C.Xavier e W.Vieira (Série André Luiz: A Vida no Mundo Espiritual), refere-se justamente à narrativa dos sofridos anos em que perambulou pelo umbral, após desencarnar. Só conseguiu se livrar de tão difícil situação quando se voltou para o Supremo Autor da Natureza e em sentida prece suplicou amparo, com sincero remorso pela forma como vivera quando encarnado (“Nosso Lar”, cap. 2, p. 23 e 24, 48ªEd., 1998, FEB, RJ/RJ).




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