quarta-feira, 21 de abril de 2021

Estudo - Vencendo nossos medos - (1.2)

 

VENCENDO NOSSOS MEDOS  -  (1.2)
 
Nesta triste quadra da Humanidade (2021), assolada pela pandemia há mais de um ano, o vírus Covid-19 ceifou — e continua ceifando — milhares e milhares de vidas, sendo combatido por protocolos científicos, máxime a vacinação em escala global. Natural que, coletivamente, isso espalhou e espalha medo...
 
Medo
Segundo a Grande Enciclopédia Larousse Cultural, por definição, medo é o sentimento de inquietação, de apreensão em face de um perigo real ou imaginário.
A palavra medo relaciona-se também com receio, temor, horror, pavor, pânico.
A propósito, eis como se expressou sobre o medo Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, há algum tempo muito discutido nos meios da psicanálise:
“(...) o medo é um sentimento que nos inspira a possibilidade real de sermos afetados por um mal real, por um mal que conhecemos pela experiência”.
De início, se analisarmos desde quando o homem tem medo, certamente chegaríamos à idade da pedra lascada, com nossos ancestrais se refugiando nos fundos das cavernas, ante os grandes perigos dos raios, dos trovões, dos furacões, dos vulcões, dos terremotos, dos maremotos, dos eclipses cósmicas, etc.
Tais acontecimentos, hoje bem explicados, antanho eram tidos como sobrenaturais e determinados por deuses terríveis, vingativos.  Holocaustos, oferendas e promessas começaram ali e pelo jeito ainda não aplacaram a cólera daqueles deuses...
Nós, espíritas, bem sabemos que além dos “males reais”, visíveis, tangíveis, existem os também invisíveis, intangíveis, do que nos dá conta a obsessão...
Obs.: Para o espírita, segundo estabeleceu Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo 28, item 81: “A obsessão é a ação continuada que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo”.
No livro Nosso Lar, do Espírito André Luiz, psicografia de F.C.Xavier, cap. 42, pg. 231/232, 48ª Ed., 1998, FEB, RJ/RJ, o Espírito da enfermeira Narcisa, em diálogo com André recomenda:
 “exercícios adequados contra o medo” e complementa: talvez estranhe, como acontece as muita gente, a elevada porcentagem de existências humanas estranguladas simplesmente pelas vibrações destrutivas do terror, que é tão contagioso como qualquer moléstia de perigosa propagação. Classificamos o medo como dos piores inimigos da criatura, por alojar-se na cidadela da alma, atacando as forças mais profundas. (...) Não tenha duvida. A Governadoria, nas atuais emergências, coloca o treinamento contra o medo muito acima das próprias lições de enfermagem. A calma é garantia do êxito.

Algumas espécies de medo:
 
Medos naturais
São aqueles medos com os quais, praticamente, todos nascemos com eles: fogo / grandes ruídos / desequilíbrios / morte-mortos / o desconhecido.
Obs.: Dizer que todos nascem com medo da morte ou dos mortos remete-nos aos ocidentais, à infância, quando ainda sem despertar de todo a razão, veem os familiares com grandes sofrimentos em velórios e enterros de parentes ou amigos, com isso inculcando-instalando no subconsciente infantil que aquilo (a morte) é terrível...
 
“Medos amigos”
Os popularmente chamados “medos amigos” são aqueles ditados pela prudência e basicamente são por eles que os seres vivos mantêm sua integridade, como por ex:
- o vegetal: procura a luz e a água, pelo que, de forma indireta está evitando a sombra e a seca, regimes que, únicos, feneceria;
- o animal: foge de um predador ou do combate no qual esteja em desvantagem, e não o faz por covardia, senão sim para continuar vivendo;
- o homem: num escala que vai ao infinito, posto que a inteligência abre um leque de infinitas hastes de opções, sempre evitará a ação de consequências prejudiciais; por ex: não ultrapassar na curva, não brincar à beira do precipício, não riscar fósforos próximo a combustíveis, etc.
Afirmo, enfaticamente, que esses não são medos, senão sim, frutos da prudência, ditada pelo abençoado instinto de conservação, engendrado por Deus e que nasce com todas as criaturas.
 
“Medos inimigos”
São os que causam prejuízos ao ser humano, não por alguma ação, mas justamente ao contrário, pela inação, como por ex:
 - medo de mudanças: é um arqui-inimigo de toda a Humanidade; num ambiente de trabalho ou de reuniões, por ex., medo de mudar de lugar pessoas/objetos/móveis...
- medo de enfrentar desafios da vida, tais como assumir responsabilidades (sejam familiares, profissionais, sociais).
 
Medos irracionais
São aqueles sentimentos que bloqueiam o raciocínio e se edificam sob bases que contrariam o bom senso, como por exemplo:
- “medo de ir ao dentista” — o que se diz não é “ter medo de ser submetido a um tratamento odontológico”, e sim, “de ir ao dentista...”.
Ora: se o pai contar para o filho (desde criança), que antigamente eram necessárias seis pessoas para extrair um dente (cinco para segurar o paciente e uma sexta pessoa para usar o alicate-boticão), certamente esse filho, durante sua vida, será o primeiro a buscar o dentista, na salutar trilha da “visita de prevenção” — quando necessário tratamento odontológico, certamente optará racionalmente por não sentir dor, ou que ela seja atenuada, aceitando calmamente a “temível” injeção de anestesia.
 
Medos reais
Situam-se entre as inquietações que se seguem após traumas, como por exemplo:
- assalto: alguém é assaltado e passa a ter receio de voltar a ser vítima; como defesa deixa de sair de casa, até quase que enclausurar-se por completo; o correto seria continuar normalmente saindo, mas com cuidado redobrado; e se voltar a ser assaltado, com certeza já terá muito mais equilíbrio para proceder sem riscos;
- falar em público; alguém diz algo para algumas pessoas e é ridicularizado... aí se implanta tal medo; mas, se a pessoa treinar, nem que seja no banheiro, em frente ao espelho, e depois para a família, verá que aos poucos dominará essa técnica, não sendo necessário ser um brilhante orador, mas sim alguém que fala com clareza;
- infecção/contágio: sempre lavar as mãos é excelente, tal cuidado; só haverá problema se houver exagero... em tempos de Covid-19 essa recomendação está fortemente recomendada (extinta a pandemia talvez sobreexista para muitos);         
- “andar de avião”: de fato, desastres aéreos ocorrem, mas resta comprovado que aviões são dezenas, ou centenas de vezes mais seguros do que automóveis...
 
Medos irreais
Tais medos desencadeiam falsos sentimentos, pois ainda não aconteceram, mas já vivem na mente, como se reais fossem. Considerando que o homem formula pensamentos, cuja fixação os converte em “realidade” mental, surge aqui — apenas entre nós, humanos —, o medo imaginário, abstrato, isto é, temor de algo inexistente. Esse é o mais prejudicial dos medos, pois o medo real, muitas vezes tem raízes no passado, a se expressar no presente.
Mas agora: como ter medo de algo que ainda não aconteceu?
Exemplos:
- um estudante (ou muito magro, ou de pouca estatura, ou de óculos, ou algo obeso) traz em estado latente o receio de não ser aceito, talvez ser vítima do bulling (assédio moral ou físico) e com isso evita se enturmar;
- um jovem que sofre desde a adolescência a angústia de não arranjar namorada...
- um entregador que desde a infância não tenha sido esclarecido que os dentistas existem exatamente para tirar “a dor de dente” e não para “causar dor”: esse entregador se sentirá desconfortável até de ir entregar uma pizza no consultório do dentista que precisou fazer um lanche rápido;
- medo de terroristas: o nível de medo pode atingir a fase do pavor, muito comum nas pessoas que sofrem a “síndrome do pânico”;
Obs. Síndrome do pânico: a expressão é originária de Pan, deus grego, tocador de flauta, que aterrorizava os camponeses com seus chifres e pés de equinos; os pacientes que apresentam essa síndrome sofrem intensamente, com graves sintomas, que vão da angústia a palpitações, sudoreses, tremores, falta de ar, náuseas, medo da loucura e medo extremo com sensação de morte.
Nos EUA, por exemplo, o trauma pós 11 de Setembro de 2001 (derrubada das “torres gêmeas”, por terroristas), levou até mesmo a propaganda a colocar máscara contra gases na famosa boneca “Barbie”, receio que durou pouco; diferentemente, em nível mundial, a pandemia da Covid-19, desde o início de 2020, fez com que todas as pessoas de bom senso passassem a usar máscara. 
                                               Conclusão: na postagem 2.2, de 23/04/2021

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