segunda-feira, 26 de abril de 2021

Estudo - Vencendo nossos medos (2/2)

Vencendo nossos medos - (2.2)

 Autoanálise

Todos nós, sem exceção, temos medos... prejudiciais ou benéficos, ou seja, respectivamente, medos ilógicos ou medos oriundos de prudência. Disso, de alguma forma, sempre resultam grandes ou pequenos desconfortos. Assim, impõe-se que idealizemos uma “administração” dos nossos medos, para identificarmos quais nos causam mal e quais nos acalmam. Digo “administração”, pois, aos medos prejudiciais a Psicologia é ferramenta indicada para extingui-los, com apoio de especialista; quanto os medos filiados à prudência isso (extinção) é totalmente impossível, já que fazem parte na natureza humana. Assim, em primeiro lugar, nada melhor do que identificar e classificar o medo. Uma vez identificados e classificados os nossos medos, o trabalho agora será realizar um mapeamento da origem deles. Então, devemos ter como certeza de que a humanidade sempre se defrontou com o medo prejudicial e poucos não foram os homens que se dedicaram a explicá-lo, primeiro para entendê-lo, e em seguida, eliminá-lo. Já o medo benéfico, enquanto sentimento de evitação do mal é um instrumento de sobrevivência, sem exageros, de todos os seres vivos. Até porque essa é classe de medo que é muito benéfica, como vimos em os “medos amigos”. Daí que o medo tanto pode ser, em potencial, amigo ou inimigo. Se o perigo pode ser real ou imaginário, o medo também o será. Para um medo ser identificado necessário se torna compreender como ele se instalou, ou dizendo de outra forma, como é que ele “apareceu”: quando, como, por quê? Quase sempre o medo se disfarça, lançando mão de símbolos, num processo muito parecido com os sonhos, cuja interpretação é problemática, justamente pelo simbolismo com o qual a maioria se apresenta ao sonhador.
Afirmo, com convicção, que o medo pode e deve ser trabalhado para se tornar um incomparável instrumento de equilíbrio no nosso dia-a-dia.

Em todos os medos prejudiciais, se a pessoa não conseguir dominá-los racionalmente (autolibertação), um bom caminho a seguir será procurar um aconselhamento: - na fé: em primeiro lugar, orações a Deus e ao Anjo Guardião! - na família: ouvindo a experiência dos pais e familiares mais íntimos; - na ajuda espiritual: outra via será procurar um orientador espiritual; de nossa parte, sugiro visita a um Centro Espírita e um diálogo com alguém disposto a ouvir essa pessoa com tolerância e fraternidade, sugerindo caminhos evangelhoterápicos.
 OBS: Se a pessoa fizer questão, penso que nada objeta o auxílio de um psicanalista, pelo contrário: considero que a Medicina terrena, com seus abençoados avanços científicos é um dos canais pelo qual mais têm aportadas benesses vindas da Espiritualidade, a bem da Humanidade.

Erradicação ou domínio do medo
 Sugiro agora como erradicar o medo, ou ao menos, dominá-lo, seja qual for a situação — imaginária ou realmente vivenciada. Cito medo de altura, como exemplo, mas os meios podem ser aplicados a outros medos, observada a forma como cada um se apresenta:
1. Auto-análise meticulosa, buscando na memória (desde a tenra infância, se possível, até a idade atual) qualquer ato ou fato em lugares altos que o justifique: ameaças, brincadeiras, quedas, escorregões, enfim, qualquer lembrança que no caso se transformou em trauma. Encontrada alguma pista não será difícil dali em diante afastá-lo ante qualquer aproximação; caso contrário a lógica da reencarnação remete a origem a vidas passadas;
2. De forma consciente, corajosa, mas segura, enfrentar o medo, sabendo que ele é algo abstrato, incapacitante e que requer o poder da vontade para vencê-lo;
3. Surgindo qualquer prenúncio de medo ante atividade futura a se desenrolar em lugar alto, afastá-la energicamente e mentalizar segurança na ação, na qual todas as normas de segurança serão cumpridas, inclusive sob sua observação;
4. Como todos os medos situam-se no campo mental-emocional, eles devem ser considerados como algo indutor a grande desconforto e que enfraquecem o moral, minando as forças da alma, carreando influênciações inferiores e não raro mal-estar físico — no caso do medo de altura, até desequilíbrio... Aí, em todos os medos, o incomparável meio de inibi-los, sanando tais anormalidades, nada se compara à fé e ao poder da oração!
5. Pela prece fervorosa o auxílio do Mais Alto invariavelmente socorrerá aquele que abre as portas do seu Espírito às bênçãos permanentes que fluem em favor dos que se encontram em qualquer tipo de dificuldade – física ou mental.

 Espiritismo e medos - reflexões
 A Doutrina dos Espíritos leciona que todos temos um extenso passado existencial, de multiplicadas existências, que espelham atualmente nosso painel mental de emoções e sentimentos, painel esse que se atualiza segundo a segundo, conforme nossos pensamentos e ações. De posse de tão transcendental entendimento, ao espírita convicto será possível iniciar, por uma enérgica e sincera autorreforma, um intenso e permanente tratamento, visando libertar-se de seus medos, manias, fobias, neuroses e eventuais psicoses.
Na questão 919 de “O Livro dos Espíritos”, o Espírito Santo Agostinho oferece-nos preciosa maneira de nos conhecermos a nós mesmos, através balanço diário das nossas ações, ao final de cada dia, bem como interrogação constante à consciência.
E na “Introdução” da mesma obra registrou, a propósito dos nossos temores: O Espiritismo mostra a realidade das coisas e com isso afasta os funestos efeitos de um temor exagerado.
Tratando-se dessa realidade das coisas, aos espíritas acorre compreender muitos fatos da presente existência, conjeturando que sua origem pode estar em vidas passadas. A lógica dessa premissa, à vista da Justiça Divina é invencível...
Obs. Em Psicologia, segundo Carl Gustav Jung (1875-1961), psiquiatra suíço, esse atavismo recebe o nome de “sombra”, caracterizando-se por componentes da personalidade, formado por instintos, que produzem sentimentos e ações desagradáveis.
Segundo a Doutrina dos Espíritos o perispírito (envoltório do Espírito) guarda indelevelmente as chamadas “matrizes psíquicas” (fatos marcantes de outras existências). Sabendo-o, agora, ao espírita não ficará difícil conjeturar que alguns medos, no presente, podem ter se originado atavicamente em vidas passadas:
- medo de multidão: será que essa pessoa não foi condenada e quem sabe até apedrejada em público?
- medo de altura: não teria se suicidado atirando-se ou sido vítima de queda de penhascos?
- medo de água: não teria se afogado?
- medo de lugares fechados: não teria morrido num calabouço?
- medo de animais: não teria morrido sob ataque de algum deles?
Além disso, a obsessão e seus agentes ocultos fragilizam a razão do obsidiado que, vulnerável, quase sempre se torna cliente de novos medos...
É nesse ponto que a prece sincera, autorreforma e apoio espiritual carreiam-lhe o amparo do Mais Alto, com o que domina seus medos.

CONCLUSÃO
O medo edifica muros altos ao discernimento, impedindo análises, reflexões e soluções para nosso dia-a-dia, qual lanterna que se apaga na mente.
Além disso, é um grande gerador de bloqueios, com perda de novas oportunidades de aprendizado.
Infinitos medos existem e muitas são as maneiras de administrá-los. Uma constante, porém, se impõe: é que o medo seja reconhecido, analisado racionalmente e aceito como parte da estrutura emocional.
Em sendo real, a prudência dará o toque de como agir. Contudo, se imaginário, conscientizado disso, por si mesmo, em autoanálise ou por aconselhamento, esse medo deverá ser enfrentado pelo “medroso”.
Logo se perceberá que até o medo “tem medo da fé em Deus, e foge”...
Como asseverou Santo Agostinho, qualquer medo se dissolve, diante da fé, numa enfrentação racional.

Com respeito, acrescentamos:
 A luta entre o medo e a razão
 É igual à da vespa contra o leão:
 Incomoda sim, mas vence não!

3 comentários:

  1. Gratidão imensa por esta elucidaçao e motivação vinda de forma tão didática e amorosa.

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  2. Reflexão muito elucidativa,GRATIDAO!

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  3. Aos leitores que comentaram, minha sincera gratidão, pelo incentivo.
    Abraços fraternais.

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