sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Artigo - No reino do pensamento


No reino do pensamento

Deus cria sem cessar!
Dentre todas as sublimes criações divinas, destaca-se a da nossa criação, concedendo a cada um de nós um figurativo reinado, no qual somos soberanos absolutos.
Nesse reinado, o rei é o Espírito e o reino, o do pensamento.
Na origem, cada “rei” tem a mesma constituição, características e meios de todos os demais incontáveis “reis” criados por Deus, aos quais invariavelmente a todos dá idênticas, intransferíveis e inexoráveis condições de progresso e alcance da felicidade, destinação essa pela qual respondem de forma integral.
Assim, em cada reino, tudo de bom ou de mau que existiu, existe ou existirá, tem como responsável único o rei, o qual, num efeito que promana do “escalão superior”, também cria sem cessar, utilizando os seguintes instrumentos:
- a mente: age qual dínamo gerador, proporcionando força criativa;
- a vontade: é uma usina, cuja função é armazenar e distribuir a força gerada por aquele dínamo (a mente);
- o cérebro: instrumento que traduz a mente e gerencia não só a formação dos pensamentos, como também sua ação, física ou extrafísica;
- os sentimentos: são os consultores e indutores na criação dos pensamentos;
- as emoções: resultam da expedição ou recepção dos pensamentos, próprios ou captados;
- as idéias: são as elaborações originais do pensamento.
a. Características das criações do rei:
- utilizando a fonte inesgotável do fluido cósmico universal, o rei cria súditos até mesmo quando está dormindo... Tais súditos são chamados de pensamentos, os quais estão em contato ininterrupto com o pensamento de Deus;
- sem forçar uma definição, talvez nos seja permitido ao menos depreender que os pensamentos podem ser considerados como subprodutos do fluido cósmico universal, que emana de Deus (1); no mesmo instante em que nascem, os pensamentos se tornam algo palpáveis (passam a ter vida própria), podendo ser bons ou maus, dependendo da disposição do rei no momento que os criou (2);
- dentro desses dois parâmetros — bem e mal — os pensamentos agem quais súditos extremamente fiéis e podem durar um segundo ou ir para a eternidade;
- todos os pensamentos são fotografados no nascedouro (3) e em seguida recebem uma ficha individual que é guardada num arquivo perpétuo, chamado memória;
- alguns desses súditos permanecem no reino, outros são remetidos a um reino com endereço declarado, mas quase sempre, a maioria deles é arremessada coletivamente em todas as direções;
- como no mundo existem bilhões de Espíritos, a emitirem trilhões de pensamentos, é inexorável que pela força invencível de atração (sintonia) todos aqueles que trafegam em ondas de igual vibração se ajuntem, passando a perambular pela psicosfera;
- assim, ao léu, acoplados, formam torrentes vibratórias poderosíssimas, não raro se tornando autônomas... e desobedientes...;
- os pensamentos que permanecem no interior do reino são aqueles que gravitam apenas em torno do próprio rei; quase sempre saem de cena e dão lugar a novos colegas; se ao contrário, permanecerem ativos e em período integral, muito além de um período razoável, transformam-se em “idéias fixas”;
- quando as idéias fixas são de boa natureza, podem gerar boas realizações; contudo, se forem de natureza perturbada — e é isso que geralmente ocorre —, geram obsessão;
- se um pensamento em particular passa a gravitar na mente do rei, repetindo sua elaboração, além de se tornar uma “idéia fixa” assumirá a forma de criatura viva, daí ser chamado de “forma-pensamento”(4); 
- quanto aos pensamentos que são enviados para um determinado “reino”, depois de terem se tornado “idéia fixa” e de terem assumido forma, estarão animados de grande força, quase invencível, além de possuírem a incrível capacidade de se deslocar e chegar ao destino com velocidade muito superior à da luz (5);
- forçoso será admiti-lo: todos os pensamentos enviados a determinado destino (no caso, outro Espírito), independentemente de serem ou não “recebidos” pelo destinatário, tornam-se reverberantes, isto é, retornam como “recibos infalíveis” à fonte emissora, nela produzindo as sensações de que se equipavam (6);
- as formas-pensamento que se transformam em figuras vivas propagam-se e se adaptam à emoção de quem as capta. Exemplos: um católico ajoelhado diante de uma imagem de Nossa Senhora emite uma vibração, cuja onda, ao alcançar um espírita, poderá induzi-lo a mentalizar Jesus; num mulçumano, Alá; no hindu, Krishna; no oriental, Buda, e assim por diante;
- os pensamentos têm peso(!) no campo da mente, conforme a sua natureza, para o bem ou para o mal (7);
- todos os deslocamentos se dão por ondas vibratórias e têm livre trânsito, tanto no plano físico como no extrafísico; quando os pensamentos são benignos, levam bem-estar, alegria; saúde; ao contrário, carreiam angústias, tristeza, doenças (8);
- com referência aos deslocamentos físicos ou extrafísicos dos pensamentos, sabe-se que a única barreira que pode impedir de alcançarem o destino é a falta de sintonia, por parte do destinatário, cuja vibração mental seja inversa à que tenta visitar-lhe;
- havendo sintonia, o pensamento é contagioso, tanto quanto uma nota musical tocada no piano ou o som de um violino ressoarão em instrumentos semelhantes, desde que tenham a mesma afinação;
- citada sintonia se dá pela lei das atrações, unindo vibrações similares, as quais se fixam numa ou mais de uma das infinitas hastes (reencarnações) que compõem o leque moral do destinatário;
- é dessa forma que nascem todas as construções, de amor ou de ódio, do perdão ou da vingança;
- o maior cuidado que nos assiste na criação de formas-pensamento reside no perigo delas se transformarem em verdadeiros carcinomas (...) monstruosos seres automatizados e atuantes (...) capazes, em certos casos, de subsistir até por milênios inteiros de tempo terrestre (9).
b. Viagens do rei:
- o rei (Espírito) faz permanentes viagens de ida e volta, seja ao plano físico, seja ao espiritual, para estágios de aperfeiçoamento, em períodos nem sempre iguais;
- quando viaja para uma ou outra dimensão o rei leva consigo todos os cidadãos do seu reino (os pensamentos); a única diferença nesses estágios alternados é que quando estão no plano espiritual esses cidadãos ficam nus... Dizendo de outra forma: desvestem-se da roupagem terrena que os encobria e ficam expostos à visão dos demais transeuntes daquele plano... É por esse pequeno detalhe que quando a “comitiva real” chega àquele plano, é imediatamente identificada, quanto à sua condição moral...(10)
- quando o rei retorna à dimensão física traz os súditos, adormecidos; aos poucos, vai despertando e reconhecendo-os e logo trata de vesti-los com trajes fornecidos não só pelas chamadas “convenções sociais”, mas principalmente pelo gosto, enraizado...
c. Utilizando a bênção de poder pensar:
- de posse dos conhecimentos acima, o Espírito poderá utilizar a dádiva divina que é a capacidade de elaborar pensamentos, não necessitando de grande esforço para integrar-se à grande obra de Deus, que visa o bem de toda a Humanidade;
- um exercício que se mostrará de grande utilidade é criar o hábito da auto-análise, imaginando que a consciência é um espelho, perguntando-lhe (e estando preparado para as respostas...):
— de onde me veio esse pensamento?
— o que estou pensando é bom? (11)
(sob o benéfico império da sinceridade, logo o diagnóstico surgirá...).
- durante o sono o Espírito poderá (no “plano astral”) empregar seus conhecimentos e sua boa-vontade a benefício próprio e do próximo: para si, freqüentando cursos de conteúdo moral elevado e para o próximo, integrando-se como doador voluntário do seu potencial energético (ectoplasmático) às caravanas socorristas que atuam caridosamente nos dois planos; eis como conseguir isso: na hora de dormir pense em ter um “sono útil”;
- ninguém jamais está só: antes da presente existência, cada Espírito teve muitas vidas, muitas famílias... Assim, em algum lugar, Espíritos encarnados ou desencarnados seus conhecidos estarão também caminhando rumo à evolução; se forem deixadas abertas as portas da casa mental, é certo que esses amigos o visitarão, seja na vigília, ou principalmente durante o desdobramento do sono;
- o espírita compreende que discussões estéreis e sonhos quiméricos constituem tremendos exaustores de energia mental e por isso os evita;
- tudo o que tiver que ser feito deverá buscar a melhor maneira possível e isso só será conseguido quando o agente estiver concentrado apenas naquilo que faz;
- na Terra, a Natureza faz com que o Sol brilhe todos os dias e as estrelas surjam todas as noites na tela celeste (isso, há mais de 4,5 bilhões de anos!); raciocinando nisso não fica difícil desenvolver o sentimento da fé em Deus;
- jamais permitir que na casa mental se hospedem a cólera, a impaciência, a irritabilidade, a ironia ou o ciúme: sabe-os inquilinos arruaceiros da boa ordem espiritual;
- o minuto caridoso — material (doação), oral (palavra) ou mental (prece em favor do necessitado) —, é chance imperdível;
- os tigres adormecidos do atavismo (germens psíquicos do mal) não devem ser acordados por constantes revivescências no presente: pelo exaustivo treinamento da reforma moral devem ser considerados proveitosas lições do passado, para jamais repeti-las; conscientes de que somos criaturas ainda travando duros embates com o passado, naquilo que ele teve de delituoso (e que uma sincera análise das nossas tendências nos exporá), proveitoso será corrigir o mau procedimento, ao tempo que exercitarmos o auto-perdão pelos nossos descaminhos de antanho;
- ao pensarmos em alguém, elejamos apenas suas boas qualidades (se não as tem, vamos criá-las e endereçá-las a ele, onde formarão alicerce na casa mental).


Ribeirão Preto/SP - Verão de 2010
Eurípedes Kühl


(1) e (2) = Evolução Em Dois Mundos, Cap XIII, p. 95 e 100;
(3) = A Gênese, Cap XIV, item 15
(4) = Nos Domínios da Mediunidade, Cap 1
(5) e (6) = Ação e Reação, Cap 4
(7) e (8) = Nos Domínios da Mediunidade, Cap 5 e 19
(9) = Universo e Vida, Cap 5
(10) = Ação e Reação, Cap 5
(11) = O Livro dos Espíritos, questão n° 459.

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