sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Artigo - Crianças índigo e a transição planetária


“CRIANÇAS ÍNDIGO”[1] E A TRANSIÇÃO PLANETÁRIA

Nada há na Codificação do Espiritismo sobre “crianças índigo”.
No entanto, será aqui tratado porque há alguns anos despontaram na mídia espírita artigos de consagrados pensadores espíritas sobre tais crianças e sua participação na transição planetária.
Não há unanimidade nos artigos...
Faço aqui mero exercício de reflexão sobre o tema, não endossando nem reprovando as opiniões publicadas. Move-me tão somente raciocinar no que está registrado e prudentemente expor aos leitores, ligeira proximidade entre os índigos e aquilo que o Espiritismo consigna como “São chegados os tempos - Sinais dos tempos – A geração nova”.
Em se tratando de transição planetária não tenho conhecimento de nenhuma religião ou sistema que trate do tema com tanta lógica, propriedade e bom senso como o faz o Espiritismo.
Sendo rigorosamente kardequiano, não me abalanço a elencar particularidades dos “índigos” com o propósito de acoplá-las à Doutrina dos Espíritos, mas sim, possibilitar aos leitores que desconhecem o assunto, algumas reflexões que os levem a aceitar ou não o que sobre isso se diz.
— E o que é que se anda dizendo sobre isso?

1. Crianças Índigo
 Em Maio/99, Lee Carroll e Jan Tober, ambos escritores e palestrantes norte-americanos sobre autoajuda, publicaram o livro “The Indigo Children” (As Crianças Índigo), nele narrando suas observações sobre as crianças que estão chegando ao mundo...
Antes deles, foi Nancy Ann Tape, uma sua conhecida, parapsicóloga, também americana, quem primeiro (desde 1980) cunhou a expressão “crianças índigo”, com base na cor por ela observada na aura de crianças que de alguma forma se destacavam das demais.
Nancy escreveu um livro narrando suas observações: Understandig Your Life Through Color – Entendendo sua vida através da cor.  A partir daí, tais crianças também passaram a ser denominadas de “Crianças da Luz”, “Crianças do Milênio”, “Crianças Estrela”, “Meninos Índigo”.
Já de início, como se pode observar, toda essa matéria vem do pessoal que mora acima do Rio Grande[2], sabidamente pródigo em criar-anunciar-divulgar “novidades novidadeiras” para o mundo todo (“remember” o que Hollywood exporta e tantos aceitam...).
Indeclinável relembrar também o Espírito Erasto, quando em “O Livro dos Médiuns”, cap. XX, dá-nos regra áurea no caso de quaisquer dúvidas: Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.
— Afinal: o que são “crianças índigo”?
— Dizem os norte-americanos citados que:
a. trata-se de uma nova geração de Mestres aportando no planeta para ajudarem a modificá-lo — social, educacional e espiritualmente(!);
b. estarão catalisando mudanças comportamentais, no sentido de que a humanidade proceda como pensa, sem mascaramentos, sempre com sólida base no que é certo, mudando o foco do individual para o coletivo, isto é, mais o próximo, menos o EU;
c. em tudo, só admitem a verdade, daí que se comportam com senso de realeza;
d. para elas autoestima não é essencial e talvez por isso é que não aceitam autoridade absoluta, mormente aquela que não explica ou não oferta alternativas;
e. frustram-se com a rotina e por isso são incapazes de se manterem quietas (numa fila, por ex.);
f. têm sempre a melhor forma de fazer as coisas, pois extrapolam o plano intelectual;
g. por intuição não se deixam enganar jamais: intuitivamente percebem quando a verdade está ou não em tela;
h. parecem antissociais quando distantes de outras crianças semelhantes (em nível de consciência);
i. para elas não funcionam ameaças ou pressões vindas de alguém que lhes prometa retaliações por alguns dos seus atos, naturalmente incompreendidos...
j. trazem o propósito de ajudar às massas e por isso apresentam alguma hiperatividade[3], sempre positiva;
l. estão voltadas para atividades:
       - humanísticas (servir às massas)
       - conceituais (projetos técnicos)
       - artísticas (sensibilidade maior no que fazem)
      - interdimensionais (precoces no saber – implantando novas filosofias e mais espiritualidade para o mundo);
m. operam com base no amor: sempre abertos e honestos;
n. não são perfeitas, em absoluto: eventualmente, podem apresentar irritação ou pouco poder de concentração.

Bem: na internet há muito mais.
De minha parte, julgo que já é o suficiente o que acima expus, no sentido de formar um ligeiro painel sobre as “crianças índigo”.

2. Transição Planetária
É verdade que todos nós notamos que o mundo vem passando por mudanças expressivas e rápidas, mormente com as gerações de jovens do pós 2ª Guerra Mundial (1939-1945) que tanta presença vêm marcando, notadamente:
a. as mulheres, praticamente, igualaram-se social e profissionalmente aos homens, quebrando tabus seculares;
b. no inter-relacionamento familiar desapareceram do vocabulário filial as palavras “senhor” ou “senhora” no tratamento com os pais, que foram substituídas simplesmente por “você”;
c. os pais aceitam que o filho ou a filha (às vezes, menores de idade...) tragam para casa a namorada, ou o namorado, por pernoite ou dias, em muitos casos permitindo-lhes relacionarem-se sexualmente, o que eufemisticamente é denominado “ficar”... (sexo avulso, irresponsável...);
d. o pai, dantes 100% ausente das lides domésticas, agora as divide com a esposa e os filhos; em alguns casos assume tudo, por ele estar desempregado e ela, a esposa, exercer alguma atividade dentro ou fora de casa, com o que garante o sustento do lar...
e. os adultos, modo geral, preocupam-se em passar valores morais para as crianças, trazendo à tona a verdade, sobre qualquer assunto (drogas e sexo, em particular).

Em “O Livro dos Espíritos”, obra basilar do Espiritismo, vemos na 3ª Parte que a Lei Divina do Progresso submete tudo e todos à incessante evolução, com sistemática nem sempre compreendida pelo homem. Com efeito, a atmosfera se mostra saneada após as tempestades ou ventos fortes e o solo sempre se torna mais generoso depois das erupções vulcânicas.
Se assim é quanto ao mundo físico, outra não será a sistemática quanto à Humanidade...
Relembro que pedagogicamente Kardec classificou a Terra como planeta de “Provas e Expiações” e o Espírito de Santo Agostinho declarou que chegou a hora deste mundo ser promovido a Planeta de Regeneração”[4].
Essa promoção é bem explicitada no livro “A Gênese”, última obra literária de Kardec, que no derradeiro capítulo (XVIII) deixou registrado:
São chegados os tempos - Sinais dos tempos – A geração nova
1. São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes, marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da Humanidade.
(...) A Terra, como tudo o que existe, está submetida à lei do progresso que, moralmente, se dará pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que a povoam.
(...) Restam aos homens fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral.
(...) A geração futura (estávamos em 1868) desembaraçada das escórias do velho mundo e formada de elementos mais depurados, se achará possuída de ideias e sentimentos muito diversos dos da geração presente.
(...) O caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É que, com efeito, surgiram homens novos, ou, melhor, regenerados.
(...) A geração que surge, retemperada em fonte mais pura, imbuída de ideias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no sentido do progresso moral que assinalará a nova fase da evolução humana.
(...) Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas.
(...) A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
(...) Pela natureza das disposições morais, sobretudo das disposições intuitivas e inatas das duas gerações, da que parte e da que chega, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
(...) A regeneração da Humanidade não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais.

Conclusão
“Crianças Índigo” ajudarão a regenerarão do mundo... no dizer dos autores citados.
Sobre elas e sua missão, segundo o que dizem os norte-americanos, há alguns dados que, sem esforço, podem ser aproximados do Espiritismo. Não são muitos, mas existem.
Situo isso com a expressão da qual muito gosto: “Pode haver algum ouro na ganga”.
“Crianças índigos” é teoria que surgiu da observação de auras azul brilhante, isso significando diferença (para melhor) entre os que a possuem e os que a têm de outra cor.
O Espírito André Luiz, em sua abençoada série “A Vida No Mundo Espiritual” (13 livros, psicografados por F.C.Xavier, alguns com W.Vieira), traz notícias de auras e cores, em vários livros. Destaco apenas “Os Mensageiros”, em seu cap. 24, quando se refere a um Espírito evoluído — Ismália, em preces —, com luzes diamantinas que do tórax irradiavam todo o corpo. Dois outros Espíritos que acompanhavam Ismália estavam quase semelhantes a ela, “como se trajassem soberbos costumes radiosos, em que predominava a cor azul”. (Grifos meus).
Ainda desse mesmo autor espiritual, agora no livro “E a vida continua”, no cap. 7 há narração de uma cidade linda no plano espiritual, semelhante a um vale de edifícios como que talhados em jade, cristal e lápis-lúzili.
       Obs: Lápis-lúzili = do italiano Lappis lazzuli = substância mineral de uma tonalidade azul; vidro colorido de azul; cor azul da atmosfera, do mar, etc; a cor azul.
Obviamente não estou acoplando essa observação às crianças índigo, mas apenas registrando citações da cor azul no plano espiritual.
Da minha parte, o que já aprendi do Espiritismo não me autoriza, de forma alguma, acatar receitas de ingredientes novos e menos ainda provar o bolo pronto. Assim, embora considerando instigante o tema “crianças índigo”, não o tenho nem como comprovado ou comprovável, nem como reprovado ou reprovável.
Deixar que o Tempo se encarregue de mostrar o que há de verdade é atitude que a prudência bem recomenda, dirimindo se tudo não passa de opinião pessoal de algumas pessoas, respeitáveis todas. Mas, só opiniões.
E Kardec, em se referindo ao Espiritismo e eventuais novidades, alertou energicamente quanto as opiniões pessoais, que de verdade, são apenas opiniões...[5]






[1] ÍNDIGO: planta cultivada originalmente na Índia e que fornece material para tingir as calças jeans com a cor característica.
[2] RIO GRANDE: Rio que serve de fronteira em área do México com os EUA. Tem o nome de “Grande”, mas na verdade, sua largura, em vários pontos,  não excede cinco metros; em muitos outros pontos, permite travessia a pé, de margem a margem.
[3] Hiperatividade: não me refiro, aqui, ao que a Medicina denomina DDA (desordem do déficit
it de atenção), e sim à capacidade de realizar bem (e em quantidade) tarefas de diferentes áreas.
[4] Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap; III.
[5] OPINIÃO PESSOAL: Vide alertas de Kardec, na “Introdução” de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Um comentário:

  1. Realmente, um tema instigante, assim como a transição planetária.
    Professor Euripedes, sempre com muito bom senso em seus artigos.
    Um abraço - José Luiz

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