“CRIANÇAS ÍNDIGO”[1]
E A TRANSIÇÃO PLANETÁRIA
Nada
há na Codificação do Espiritismo sobre “crianças índigo”.
No
entanto, será aqui tratado porque há alguns anos despontaram na mídia espírita artigos
de consagrados pensadores espíritas sobre tais crianças e sua participação na
transição planetária.
Não
há unanimidade nos artigos...
Faço aqui mero exercício de reflexão sobre o tema, não
endossando nem reprovando as opiniões publicadas. Move-me tão somente
raciocinar no que está registrado e prudentemente expor aos leitores, ligeira proximidade
entre os índigos e aquilo que o Espiritismo consigna como “São chegados os tempos - Sinais dos tempos –
A geração nova”.
Em se tratando de transição planetária não tenho
conhecimento de nenhuma religião ou sistema que trate do tema com tanta lógica,
propriedade e bom senso como o faz o Espiritismo.
Sendo
rigorosamente kardequiano, não me abalanço a elencar particularidades dos
“índigos” com o propósito de acoplá-las à Doutrina dos Espíritos, mas sim,
possibilitar aos leitores que desconhecem o assunto, algumas reflexões que os
levem a aceitar ou não o que sobre isso se diz.
— E
o que é que se anda dizendo sobre isso?
1.
Crianças Índigo
Em Maio/99, Lee Carroll e Jan Tober, ambos
escritores e palestrantes norte-americanos sobre autoajuda, publicaram o livro
“The Indigo Children” (As Crianças Índigo), nele narrando suas
observações sobre as crianças que estão chegando ao mundo...
Antes
deles, foi Nancy Ann Tape, uma sua conhecida, parapsicóloga, também americana,
quem primeiro (desde 1980) cunhou a expressão “crianças índigo”, com base na
cor por ela observada na aura de crianças que de alguma forma se destacavam das
demais.
Nancy
escreveu um livro narrando suas observações: Understandig Your Life Through
Color – Entendendo sua vida através da cor.
A partir daí, tais crianças também passaram a ser denominadas de
“Crianças da Luz”, “Crianças do Milênio”, “Crianças Estrela”, “Meninos Índigo”.
Já
de início, como se pode observar, toda essa matéria vem do pessoal que mora
acima do Rio Grande[2],
sabidamente pródigo em criar-anunciar-divulgar “novidades novidadeiras” para o
mundo todo (“remember” o que Hollywood exporta e tantos aceitam...).
Indeclinável
relembrar também o Espírito Erasto, quando em “O Livro dos Médiuns”, cap. XX, dá-nos regra áurea no caso de
quaisquer dúvidas: Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única
falsidade, uma só teoria errônea.
—
Afinal: o que são “crianças índigo”?
—
Dizem os norte-americanos citados que:
a. trata-se de uma nova geração de Mestres aportando no
planeta para ajudarem a modificá-lo — social, educacional e espiritualmente(!);
b. estarão catalisando mudanças comportamentais, no sentido
de que a humanidade proceda como pensa, sem mascaramentos, sempre com sólida
base no que é certo, mudando o foco do individual para o coletivo, isto
é, mais o próximo, menos o EU;
c. em tudo, só admitem a verdade, daí que se comportam com
senso de realeza;
d. para elas autoestima não é essencial e talvez por isso é
que não aceitam autoridade absoluta, mormente aquela que não explica ou não
oferta alternativas;
e. frustram-se com a rotina e por isso são incapazes de se
manterem quietas (numa fila, por ex.);
f. têm sempre a melhor forma de fazer as coisas, pois
extrapolam o plano intelectual;
g. por intuição não se deixam enganar jamais: intuitivamente
percebem quando a verdade está ou não em tela;
h. parecem antissociais quando distantes de outras crianças
semelhantes (em nível de consciência);
i. para elas não funcionam ameaças ou pressões vindas de
alguém que lhes prometa retaliações por alguns dos seus atos, naturalmente
incompreendidos...
j. trazem o propósito de ajudar às massas e por isso
apresentam alguma hiperatividade[3],
sempre positiva;
l. estão voltadas para atividades:
- humanísticas
(servir às massas)
- conceituais
(projetos técnicos)
- artísticas
(sensibilidade maior no que fazem)
-
interdimensionais (precoces no saber – implantando novas filosofias e mais espiritualidade
para o mundo);
m. operam com base no amor: sempre abertos e honestos;
n. não são perfeitas, em absoluto: eventualmente, podem
apresentar irritação ou pouco poder de concentração.
Bem: na internet há muito mais.
De minha parte, julgo que já é o suficiente o que acima expus, no sentido de formar um ligeiro painel sobre as “crianças índigo”.
De minha parte, julgo que já é o suficiente o que acima expus, no sentido de formar um ligeiro painel sobre as “crianças índigo”.
2. Transição Planetária
É verdade que todos nós notamos que o mundo vem passando por
mudanças expressivas e rápidas, mormente com as gerações de jovens do pós 2ª
Guerra Mundial (1939-1945) que tanta presença vêm marcando, notadamente:
a. as mulheres, praticamente, igualaram-se social e
profissionalmente aos homens, quebrando tabus seculares;
b. no inter-relacionamento familiar desapareceram do
vocabulário filial as palavras “senhor” ou “senhora” no tratamento com os pais,
que foram substituídas simplesmente por “você”;
c. os pais aceitam que o filho ou a filha (às vezes, menores
de idade...) tragam para casa a namorada, ou o namorado, por pernoite ou dias,
em muitos casos permitindo-lhes relacionarem-se sexualmente, o que
eufemisticamente é denominado “ficar”... (sexo avulso, irresponsável...);
d. o pai, dantes 100% ausente das lides domésticas, agora as
divide com a esposa e os filhos; em alguns casos assume tudo, por ele estar
desempregado e ela, a esposa, exercer alguma atividade dentro ou fora de casa,
com o que garante o sustento do lar...
e. os adultos, modo geral, preocupam-se em passar valores
morais para as crianças, trazendo à tona a verdade, sobre qualquer assunto
(drogas e sexo, em particular).
Em “O Livro dos Espíritos”, obra basilar do Espiritismo,
vemos na 3ª Parte que a Lei Divina do Progresso submete tudo e todos à
incessante evolução, com sistemática nem sempre compreendida pelo homem. Com efeito,
a atmosfera se mostra saneada após as tempestades ou ventos fortes e o solo
sempre se torna mais generoso depois das erupções vulcânicas.
Se assim é quanto ao mundo físico, outra não será a
sistemática quanto à Humanidade...
Relembro que pedagogicamente Kardec classificou a Terra como
planeta de “Provas e Expiações” e o Espírito de Santo Agostinho declarou que
chegou a hora deste mundo ser promovido a Planeta de Regeneração”[4].
Essa promoção é bem explicitada no livro “A Gênese”, última
obra literária de Kardec, que no derradeiro capítulo (XVIII) deixou registrado:
São chegados os tempos - Sinais dos tempos – A geração nova
1. São chegados os tempos, dizem-nos de todas as partes,
marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão dar para regeneração da
Humanidade.
(...) A Terra, como tudo o que existe, está submetida à lei
do progresso que, moralmente, se dará pela depuração dos Espíritos encarnados e
desencarnados que a povoam.
(...) Restam aos homens fazerem que entre si reinem a caridade,
a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral.
(...) A geração futura (estávamos em 1868) desembaraçada das
escórias do velho mundo e formada de elementos mais depurados, se achará
possuída de ideias e sentimentos muito diversos dos da geração presente.
(...) O caráter, os costumes, os usos, tudo está mudado. É
que, com efeito, surgiram homens novos, ou, melhor, regenerados.
(...) A geração que surge, retemperada em fonte mais pura,
imbuída de ideias mais sãs, imprimirá ao mundo ascensional movimento, no
sentido do progresso moral que assinalará a nova fase da evolução humana.
(...) Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica
dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo
sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão
excluídos. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos
inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas.
(...) A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de
transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A
atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que
haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
(...) Pela natureza das disposições morais, sobretudo das
disposições intuitivas e inatas das duas gerações, da que parte e da que chega,
torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.
(...) A regeneração da Humanidade não exige absolutamente a
renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições
morais.
Conclusão
“Crianças Índigo” ajudarão a regenerarão do mundo... no
dizer dos autores citados.
Sobre elas e sua missão, segundo o que dizem os
norte-americanos, há alguns dados que, sem esforço, podem ser aproximados do
Espiritismo. Não são muitos, mas existem.
Situo isso com a expressão da qual muito gosto: “Pode haver
algum ouro na ganga”.
“Crianças índigos” é teoria que surgiu da observação de
auras azul brilhante, isso significando diferença (para melhor) entre os que a
possuem e os que a têm de outra cor.
O Espírito André Luiz, em sua abençoada série “A Vida No
Mundo Espiritual” (13 livros, psicografados por F.C.Xavier, alguns com
W.Vieira), traz notícias de auras e cores, em vários livros. Destaco apenas “Os
Mensageiros”, em seu cap. 24, quando se refere a um Espírito evoluído —
Ismália, em preces —, com luzes diamantinas que do tórax irradiavam todo o
corpo. Dois outros Espíritos que acompanhavam Ismália estavam quase semelhantes
a ela, “como se trajassem soberbos costumes radiosos, em que predominava a cor
azul”. (Grifos meus).
Ainda desse mesmo autor espiritual, agora no livro “E a vida
continua”, no cap. 7 há narração de uma cidade linda no plano espiritual, semelhante
a um vale de edifícios como que talhados em jade, cristal e lápis-lúzili.
Obs: Lápis-lúzili = do italiano Lappis lazzuli
= substância mineral de uma tonalidade azul; vidro colorido de azul; cor azul
da atmosfera, do mar, etc; a cor azul.
Obviamente não estou acoplando essa observação às crianças
índigo, mas apenas registrando citações da cor azul no plano espiritual.
Da
minha parte, o que já aprendi do Espiritismo não me autoriza, de forma alguma,
acatar receitas de ingredientes novos e menos ainda provar o bolo pronto.
Assim, embora considerando instigante o tema “crianças índigo”, não o tenho nem
como comprovado ou comprovável, nem como reprovado ou reprovável.
Deixar
que o Tempo se encarregue de mostrar o que há de verdade é atitude que a
prudência bem recomenda, dirimindo se tudo não passa de opinião pessoal de algumas
pessoas, respeitáveis todas. Mas, só opiniões.
E Kardec,
em se referindo ao Espiritismo e eventuais novidades, alertou energicamente quanto as opiniões pessoais, que de verdade, são apenas opiniões...[5]
[1]
ÍNDIGO: planta cultivada originalmente na Índia e que fornece material para
tingir as calças jeans com a cor característica.
[2]
RIO GRANDE: Rio que serve de fronteira em área do México com os EUA. Tem o nome
de “Grande”, mas na verdade, sua largura, em vários pontos, não excede cinco metros; em muitos outros
pontos, permite travessia a pé, de margem a margem.
[3]
Hiperatividade: não me refiro, aqui, ao que a Medicina denomina DDA (desordem
do déficit
it de atenção), e sim à capacidade de realizar bem (e em quantidade)
tarefas de diferentes áreas.
[4] Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap; III.
[5]
OPINIÃO PESSOAL: Vide alertas de Kardec, na “Introdução” de “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”.
Realmente, um tema instigante, assim como a transição planetária.
ResponderExcluirProfessor Euripedes, sempre com muito bom senso em seus artigos.
Um abraço - José Luiz