GENEROSIDADE
Conheceram-se.
Amaram-se. Casaram-se.
Generosamente,
Deus povoou-lhes o lar com quatro filhos.
De início, uma
filha: inteligente, ativa, saudável. Trouxe alegrias incontáveis à casa.
O segundo
filho, ao empós de três anos da primogenitura, chegou trazendo pesadelo, eis
que deficiente cerebral, organismo desuniforme, palavra tolhida. Sons
inarticulados, presença difícil, perspectivas de vida para curta duração — se
tanto, cinco anos.
Identificada a
síndrome, instalada a tempestade.
Mágoa,
inconformismo, imprecações, desespero...
Um vendaval de
reações emocionais desencontradas, duramente fustigadas pela testemunhal
presença de algo superior, decidindo por tão incompreendido quanto insuportável
teste.
Retraimento
social.
Mergulho para
o interior de abismos íntimos...
O tempo —
supremo dom que só Deus poderia ter criado e distribuído, para tudo e para
todos —, com sua placidez de equilíbrio, acomodou aquelas almas em desalinho.
Que o Tempo
traz solução para todos os problemas!
Anos depois,
dois novos filhos-companheiros chegaram ao lar, gêmeos bonitos de se ver!
Pensou-se que
a Natureza, talvez em termos de compensação, estivesse reparando parte do
provável equívoco...
Os pais, que
inúmeras vezes haviam optado pela internação do segundo filho em uma
instituição especializada, sem contudo encontrar disposição para efetivar tal
transferência, amoldaram-se à situação.
Ninguém pensou
no sofrimento daquele pequenino ser, continente desajustado para conteúdo
missionário, já que por doação, houvera suplicado, quando ainda no Plano
Espiritual, tal embate terreno, para constituir-se em elo de ligação de cinco
companheiros seus, de muitas épocas trás, aos quais desunira, através meios que
lhes danificara corpo e Espírito.
Seu olhar,
meigo, dócil, sereno, luminoso e permanentemente calmo, contrastando com o
demais do equipamento orgânico danificado, produziu o milagre de reforçar
respeito, tolerância, de parte a parte, de cônjuge a cônjuge, de pais a filhos,
de irmãos a irmãos.
As crianças,
devedoras menores do processo, ao se fazerem adultas, ao embalo da saudade
dele, não passavam um único dia sem pronunciar algo sobre o irmãozinho que Deus
“poupara ao sofrimento”, três anos e meio após o nascimento...
Esse
nascimento foi aquilo que se pode chamar de generosidade.
Maria,
Puríssimo Espírito, volva para nós e para o mundo, como para aquela família,
Seu olhar generoso de Mãe Celestial.
(Mensagem
do Espírito Dulcinéia, psicografia do médium Eurípedes Kühl, do livro Âncoras
de Luz, 2003, Editora LEB, Bagé/RS – Edição esgotada)
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