Entrevista para a
Editora ALIANÇA ESPÍRITA (2003)
Ref: Livro Raio X
do Livro Espírita
— Quais livros seus já foram
publicados?
a. Obras psicografadas:
1.
O Prisma das Mil faces *
2.
O Quartel e o Templo *
3.
Tráfico – Doloroso Resgate *
4.
Sempre há uma Esperança
5.
Infidelidade e Perdão
6.
Transplante de Amor
7.
Os Tecelões do Destino
8.
Saara – Palco de Redenção
9.
Almas em Chamas
10.
Jogo – Mergulho no Vulcão
11.
Escravos do Ouro
12.
Grandes Pontos em Pequenos Contos
b. Obras de própria
lavra:
13.
Tóxicos: Duas Viagens *
14.
Sexo: Sublime Tesouro *
15.
Animais, Nossos Irmãos
16.
Fragmentos da História – Ótica Espírita
17.
Genética e Espiritismo
18.
Centro Espírita: Pronto-Socorro Espiritual *
19.
Sonhos – Viagens à Alma
20.
Animais – Amor e Respeito.
(Todas essas obras já foram e
estão sendo reeditadas)
21. Raio-X do Livro
Espírita
22. Genética... Além da
Biologia *
(*)
– Obras publicadas pela Editora FONTE VIVA.
1. O seu livro Raio-X do Livro Espírita
é interessante e útil. Bem no início você já esclarece não se tratar de um
manual de como psicografar, no entanto, ao narrar o seu desenvolvimento
mediúnico pessoal, nos dá uma valiosa aula prática de aprendizagem
psicográfica. O que vc pode nos dizer sobre isto?
— A mediunidade não é passível de ser
obtida num curso, com direito a “diploma”. Por isso, julguei prudente logo de
início registrar a citada advertência, de forma que o livro não viesse a gerar
enganosa expectativa em eventual leitor interessado no tema.
2. Deu para perceber a sua paciência,
a sua persistência, a sua humildade, a sua fé, a sua esperança, o que é um bom
exemplo para os candidatos à psicografia. Na sua opinião, quais são as
qualidades necessárias para o exercício desta mediunidade e como conquistá-las?
— Das cinco virtudes apontadas,
desmereço quatro. De verdade verdadeira,
só sou mesmo persistente. (Mas sei que até esse comportamento tem que ser
administrado com cuidado, pois pode facilmente descambar para o fanatismo ou
para a teimosia...).
Qualidades do médium psicógrafo: esse
médium precisa ter um permanente comprometimento com a sinceridade: Kardec
elucida, com detalhes, em “O Livro dos Médiuns”, que só mesmo multiplicados
tempos de dedicação, estudo e desprendimento poderão levar a pessoa à certeza
de que está sendo intermediária entre o Plano Espiritual e o material. A propósito,
lembro que o maior psicógrafo de todos os tempos — Chico Xavier —, nos
primeiros tempos de sua augusta mediunidade, passou pela fase de “treinamentos”
(melhor será dizer: estabelecimento da sintonia com os Espíritos aos quais
serviria).
3. De um modo geral, como você vê o
conteúdo intrínseco dos livros espíritas que estão sendo escritos e editados
atualmente?
— Não sou exegeta, mas também não sou
folha solta na correnteza literária espírita. Opino que, modo geral, é muito
bom que novos médiuns e novos autores estejam surgindo no horizonte terreno,
com expressiva quantidade de obras. Isso é altamente salutar. Não obstante, a
mim me parece que está havendo pressa em editar os livros espíritas e isso é
prejudicial à qualidade da mensagem neles registradas, pois todo e qualquer
livro assim é como uma fruta sem cultivo (colhida antes do tempo), que tende a
desagradar ao paladar. No caso, o “cultivo” do livro seria representado por
experientes análises e revisões.
4. Como você vê os romances espíritas
e em geral? Você acredita que há obras que mais atrapalham do que ajudam os
leitores não-espíritas?
— Vejo (leio) os romances de forma
agradabilíssima. Sou romântico, por isso suspeito para opinar com total
isenção. Mas não diria que esse ou aquele romance “atrapalha” ao não-espírita,
ou ao espírita neófito. O que acontece é que os livros constituem alimento para
a alma e ninguém lê apenas um, tanto quanto ninguém almoça só uma vez na
vida... Dessa forma, lendo um romance aqui, outro ali, mais um acolá, um outro
mais além, o leitor necessariamente formará um quadro mental das sublimes verdades
que os romances espíritas ofertam: Muito de resignação! Muito de Esperança!
Muito da Justiça Divina! Muito de indução à auto-reforma! Muito de Amor...
5. Sobre a formação dos médiuns,
assunto importantíssimo em todos os tempos e ambientes, o que mais o senhor
poderia nos dizer, apesar de seu livro esclarecer bastante o assunto?
— É muito difícil um médium exercer a
tarefa mediúnica sozinho, principalmente no início. Talvez a primeira
providência de uma pessoa que sente de forma evidente que a psicografia
“talvez-mediunidade” esteja visitando-o, a primeira providência, dizia, será
eleger ou formar um grupo amigo de igual intenção à sua e juntos passarem a
estudar com afinco obras espíritas sobre mediunidade, iniciando inexoravelmente
pelo “O Livro dos Médiuns”. Mas atenção: não é ler os livros. É estudá-los.
Se possível, em grupo, pois das diversas reflexões dos companheiros, irão se
concretando na mente desse talvez-médium as
nuances básicas:
a.
físicas: pontualidade, assiduidade,
dedicação;
b.
morais: conhecimento do Espiritismo, das Leis de Deus, do Evangelho de Jesus.
6. A produção livreira, no Brasil,
sempre foi boa e, após a edição deste seu livro, certamente melhorará, no
tocante aos temas espíritas. Como você relaciona sua obra dentro desse
universo?
— Estarei recompensado se esse humilde
trabalho puder auxiliar a alguém. A edição desse livro pela Aliança Espírita
sinaliza que muitas pessoas estarão ajuizando o que escrevi e nesse pequeno
universo de leitores, sempre haverá aquelas que de fato relembrarão algum apontamento
ou então dele poderá vir a fazer uso próprio.
7. Não acha que está havendo alguma
vulgaridade e banalidades nas publicações por causa do concorrência de mercado?
— Sou leitor assíduo de periódicos
espíritas (jornais, revistas, sites na
Internet, etc.). Não são poucos os editorialistas e mesmo jornalistas avulsos
que fazem críticas ao volume de obras espíritas expostas hoje no mercado
livreiro. Respondendo objetivamente à pergunta digo que de fato existem livros
que, sobre serem altamente repetitivos, quase que cópia, causam pena pela falta
de esmero na diagramação e revisão literária e ortográfica. Afirmo, porém, que
isso é minoria e não regra geral.
Nessa questão de reprovar uma obra e
dizer com todas as letras qual o título, quem é o autor, qual a Editora, o
risco é de tal monta, que ninguém assim procede.
O temor de ressuscitar o famigerado
“Index Librorum Prohibitorum”, causa arrepio em 99,99% dos críticos espíritas.
Aí, o que temos são sempre críticas veladas, com cortinas descerradas só quando
na intimidade, a dois.
Eu próprio tive amarga experiência com
meu primeiro trabalho psicográfico que, afinal, logrou ser publicado. Jamais me
esquecerei do quanto uma crítica ácida me magoou, à época. Hoje, com a visão
prospectiva que o tempo oferece, vejo que a crítica tinha mais fundamento do
que qualquer intenção maldosa, pois precisei mesmo realizar várias correções.
Alongando um pouco essa ardente
questão, repito que o crítico deve ser sincero e enérgico, mas na hora de
expressar o que pensa, tem que ser altamente caridoso e incentivador, jamais
acidamente um dinamitador.
8. Isto não é para a Doutrina Espírita
em si? Como o leitor espírita pode se precaver aos abusos?
— É impossível alguém saber se um
livro contém ou não abusos, sem o ler.
Jesus ofertou excelente vacina, quando alertou que pelo fruto
(provando-o) se conhece a árvore... Naturalmente, o Mestre se referia ao
comportamento moral, mas sem esforço podemos aplicar o mesmo princípio a todos
os eventos e produtos realizados pelo homem. Para opinar sobre qualquer
assunto, é preciso primeiro conhecê-lo.
Em outras palavras: quando um médium
psicógrafo ou um autor encarnado mantém conduta dentro da moral cristã, é certo
que, no primeiro caso, ofertará boa filtragem mediúnica ao Autor espiritual, e
no segundo, terá a jamais negada companhia de Espíritos bondosos que o
inspirarão, e então, aí teremos não apenas uma, mas várias boas obras.
Ressalvamos que ambos — médiuns e autores —, por humanos, hão de enfrentar períodos
existenciais difíceis, com reflexos na sua produtividade, mas é oportuno nos
lembrarmos também que por mais densas que sejam as nuvens, o Sol está e volta
sempre a brilhar...
9. Qual é sua opinião sobre a produção
espírita de Edgard Armond?
— É-me sumamente prazeroso falar sobre
o Comandante Armond.
Conheci-o pessoalmente, embora em passant, quando residia em São Paulo.
Pessoa amável, fraternal, mas
expressando grandeza espiritual e serenidade íntima.
Os livros que nos ofertou são tantos
que imagino que pouquíssimas pessoas os terão lido todos. De minha parte,
seguramente li cerca de vinte deles. O primeiro, foi “Passes e Radiações”, que
até hoje é por mim citado nos “cursos para passistas” que realizo.
O “Os Exilados da Capela” causou-me
tamanho e tanto impacto que até hoje ainda agita as perquirições da minha alma
quando, todas as noites, ao olhar para as estrelas e, como dizia Bilac, “mudo
de espanto”, ausculto o que elas podem me dizer...
Em livros que escrevi, quando o
assunto era pesquisa, sempre me louvei em obras do Comandante Armond e disso
fiz constar nas respectivas bibliografias.
No Plano Espiritual, por certo, há um
“panteão” de Espíritos que, quando encarnados, dedicaram suas vidas à
divulgação das coisas de Deus, dos ensinos de Jesus, das reflexões de Kardec, e suas próprias. Com certeza
Edgard Armond tem assento lá!
10. Já tem mais algum livro
engatilhado? Sobre o que se trata?
— Concluí por esses dias uma nova
obra, trilhando pelo patamar científico do Espiritismo, sobre o palpitante tema
da Genética, com enfoque especial para a biotecnologia: clonagem,
células-tronco, embriões congelados, etc.
Em 1996, a Federação Espírita
Brasileira publicou o nosso “Genética e Espiritismo”, à época, o primeiro livro
espírita integralmente sobre esse tema. Decorridos esses sete anos, tantos
foram os avanços da Ciência, em particular da genômica (graças a Deus) que um novo livro se impunha. Foi o que
fiz. A Editora FONTE VIVA o publicou.
11. Como escritor, qual o papel que a
Biblioteca Espírita deve desempenhar dos Centros Espíritas
? Alguma sugestão? (A Aliança está
fazendo uma campanha doando obras de seu acervo para casas que queiram iniciar
o trabalho... por isso a pergunta).
— Ah!... as bibliotecas espíritas!
Como eu as amo!
O ato da Aliança incentivar a criação
de novas bibliotecas espíritas, não só nos Centros Espíritas, mas também para
utilização das comunidades, é uma dessas iniciativas que, para mim, dúvidas não
existem, fluem por inspiração do Mais Alto.
Invertendo um pouco os papéis, faço eu
agora uma pergunta para a Aliança:
— Não será que essa estupenda quão
abençoada sugestão não teria partido “em pessoa”, ou melhor, via intuitiva, do
próprio Comandante Armond, para a Diretoria encarnada da Aliança Espírita?...
Caso queira acrescentar algo, fique a
vontade.
— Agradeço a gentileza da Aliança ter
lembrado do meu nome para esta entrevista.
Disse eu, certa vez, que a literatura
espírita é assim como uma infinita e luminosa estrada, onde os caminhantes
(leitores) vão encontrando sombra amiga de árvores, cujos frutos (livros), às
margens, testemunham o trabalho voluntário de plantadores anônimos (autores
espirituais, médiuns psicógrafos e autores).
Acrescento agora que, nessa estrada, a
Aliança Espírita, assim como as demais Editoras espíritas, representam
frondosos pomares.
Ribeirão Preto/SP – Inverno de
2003
Eurípedes Kühl
Nenhum comentário:
Postar um comentário