Plantação e
colheita...
Após percorrer
estágios elaborativos nos reinos inferiores o P.I. (Princípio Inteligente)
transforma-se em Espírito, ingressa no reino da razão (hominal), sendo então
contemplado com livre-arbítrio, inteligência e consciência.
Indevassável
nas dobras do Tempo é então criada ficha individual desse Espírito, na qual
Leis Divinas, sábias e perfeitas, demarcarão para sempre seus procedimentos,
disso resultando saldo positivo entre as ações no Bem, mas também saldo
negativo nas ações do mal.
A
“contabilidade celestial” desses saldos, a cargo da Justiça Divina, expõe exatamente
como cada um se encontra neste momento...
Sem grande esforço encontramos na história das
religiões mais antigas, no Antigo e no Novo Testamento, várias citações que sintetizam magistralmente a Justiça Divina:
Das religiões da Índia[1]:
Nessas
escrituras encontra-se a fonte mais antiga sobre crédito ou débito moral,
consubstanciados na “Lei do Karma”.
Karma, em sânscrito (antiga língua sagrada da Índia) significa
“ação”. Fundamento do karma: todo bem ou mal que tenhamos feito numa vida irá nos trazer
consequências boas ou más, seja nesta ou em outras existências que estão por
vir.
A “Lei do
Karma” consigna que boas ações creditam paz e bem, más ações trazem sofrimento
e dor, estes, só atenuados por aquelas, a bordo de sincero arrependimento.
A Lei do
Karma é comumente conhecida como justiça
celestial, faz parte do conjunto de escrituras sagradas de várias religiões
da Índia:
● Os Vedas: segundo as tradições 3.102 a.C.;
● Bramanismo: do segundo milênio a.C. até o início da era cristã;
persiste de forma modificada, sendo atualmente chamado de Hinduísmo;
● Hinduismo: segundo as tradições, desde cerca de 2.000 a.C.;
● Jainismo: desde século VI a.C.;
● Budismo: desde século V a.C.;
Do Antigo Testamento
● "Porque, segundo a obra do
homem, ele lhe paga; e faz que cada um ache segundo o seu caminho”.
Consta do Livro de Jó, 34:11 – Atualmente
concorda-se que esse livro foi escrito entre os séculos VII e IV a.C., com o
século VI a.C. despontando como data mais provável;
● “A ti também, Senhor, pertence
a misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra”.
(Salmos, 62:12)
- Escrito por Davi – c. 1010- c. 970
a.C.;
● “Não pagará Ele (Deus) ao homem
conforme a sua obra?”.
Escrito por
Salomão, em Provérbios, 24.12 - no século I a.C., certamente entre 63 e 40 a.C.;
● “Julgar-vos-ei a cada um
conforme os seus caminhos”. (Ezequiel,
33:20) - Escrito durante o século VI a.C., através de visões que teve durante o exílio da Babilônia.
Do Novo Testamento
● “Porque o Filho do homem virá
na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as
suas obras”. Jesus, em
Mateus, 16:27;
● “E, se invocais por Pai aquele
que sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante
o tempo da vossa peregrinação”.
Apóstolo Pedro, em I Pedro, 1:17 – Atualmente, a maioria dos estudiosos acredita que Atos
foi escrito nos anos 80 d.C.;
● “Porque todos devemos
comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que
tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal”. (II Coríntios, 5:10).
Paulo, apóstolo dos gentios (Tarso, Cilícia, c. 5 - Roma, 67);
● “Irmãos, de Deus não se zomba.
O que o homem semear, isso colherá”. (Paulo,
Epístola aos Gálatas, 6.7);
Paulo, apóstolo dos gentios (Tarso, Cilícia, c. 5 - Roma, 67).
● “E eis que cedo venho, e o meu
galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”. (Apocalipse, 22:12)
João, evangelista, escreveu o Apocalipse na Ilha de Patmos, no mar
Egeu, tempos após a crucificação de Jesus.
Do
Espiritismo
O Amor e a Caridade do Pai para com todos
Seus filhos são ofertados a todos eles, inocentes ou culpados, indistintamente.
Mas a esses últimos, porém, a Justiça Divina
— inviolável, perfeita, soberana, expressão máxima e inigualável da caridade do
Supremo Criador —, apenas poderá ajudá-los a se reerguerem quando neles brotar
o arrependimento sincero[2].
Ninguém pode alegar que “não sabia”, pois
os alertas e avisos começaram há milênios, continuam e serão válidos para
sempre!
Provérbio chinês aconselha: Podemos escolher o que plantar, mas somos
obrigados a colher o que semeamos.
Os espíritas fazem coro: “A plantação é
livre, mas a colheita é obrigatória...”.
- - -
Para a quitação não bastam arrependimentos...
Indispensável a reconstrução, pelos faltosos
diante das Leis de Deus, do que tenham destruído e então, com resignação
corrigirem suas faltas, o que poderá acontecer em uma, ou mais reencarnações —
quantas sejam necessárias —, concedidas pela Misericórdia do Pai Maior.
Diante da firme decisão do arrependido em
busca da quitação, essa é a hora que a Bondade do Supremo Criador coloca-lhe à
disposição os meios necessários, com alternativas caridosas.
Isso porque nem sempre a reconstrução poderá
ser obtida exatamente como a dívida foi edificada, o que caracterizaria a “pena
de talião”. Com aquelas alternativas o devedor terá incontáveis possibilidades
de agir com amor e caridade para com o próximo.
É assim que então,
perante a Lei de Deus, o culpado obterá a quitação plena de suas faltas,
segundo lavratura divina no altar da própria consciência. Terá paz de
consciência.
Exemplo
comovente desse Amor do Pai Maior e da Justiça Divina, e de quitação geral,
temos na narrativa de Pedro, apóstolo de Jesus, comentando sobre as bênçãos da
caridade: Acima de tudo cultivai, com
todo o ardor, o amor mútuo, porque o amor cobre uma multidão de pecados (I
Pedro, 4-8).
[1] Informações obtidas na Wikipédia – a enciclopédia livre da internet.
[2] Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, Parte 4ª, cap. II: Expiação e arrependimento — Síntese das questões nº 990 a 1002, que tratam intensamente do arrependimento e de como ele é visto pela Doutrina dos Espíritos.
Ótimo texto. Elucidativo. Parabéns.
ResponderExcluirMuito bom, mano! Depois desse texto, ninguém poderá duvidar dessa realidade. Abraço.
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