Médiuns veterinários
- Passe em animais
O ser humano está sujeito a doenças
orgânicas e também a doenças espirituais, como por exemplo, a obsessão; já os
animais apresentam apenas as doenças físicas. Ambos, homens e animais, sofrem
com isso. Homens, já aos sintomas (e, às vezes, até preventivamente) buscam a
medicina.
Muitos são os casos de pessoas que, além dos
médicos, simultaneamente se valem da terapêutica espiritual, aplicada nos
Centros Espíritas (“C.E.”), através dos passes, aqui compreendidos como
transmissão de energias espirituais — anímicas, as dos médiuns, e espirituais, as
dos Protetores invisíveis.
Quanto aos animais, se adoecerem, aos seus
donos compete socorrer-lhes, buscando a cura, nos trâmites da medicina
veterinária, sendo esse um dever indispensável, mas também um ato de amor.
De muitos anos a esta parte observei que em
vários “C.E.” há uma atividade espírita, crescente, não especificamente
prescrita quando da Codificação: aplicação de passes em animais — terapêutica
espiritual.
Essa terapêutica espírita caracteriza-se
pela caridade de médiuns voluntários e dedicados aos animais, que doam suas energias
anímicas, revitalizadoras ou curativas (através de preces ou passes) a animais
com problemas orgânicos, quase sempre com dor.
Em minha opinião, por experiência própria, nisso
não há nenhuma contraindicação, até ao contrário: considero altamente
recomendável, eis que se trata de um ato de amor. E o amor é tudo!
Inúmeras são as reflexões advindas dessa
prática caridosa.
De início, Allan
Kardec, à questão 597 de “O Livro dos Espíritos” (O LE”), registra informação
dos Espíritos elevados, segundo a qual “animais possuem alma, porém inferior à
do homem”; deduzo que, então, podem receber citado auxílio espiritual, se
adaptado à sua espécie.
Esclarece o Espírito
André Luiz, na obra “Conduta Espírita”, psicografia de F.C.Xavier, cap. 33 – Perante os animais, Ed. FEB, 1960:
“No socorro aos animais doentes, usar os recursos
terapêuticos possíveis, sem desprezar mesmo aqueles de natureza mediúnica que
aplique a seu favor. A luz do bem deve fulgir em todos os planos”.
A inolvidável Yvonne A.Pereira (1900-1984), em “Devassando o Invisível”, cap.
VIII – Sutilezas da Mediunidade, Ed.
FEB, 1963, discorreu:
Em
desprendimento parcial, “visitei” animais como o boi, o cavalo, o cão e o gato.
Então, verifiquei que o fluido magnético daqueles animais são os mesmos que
penetram os homens, onde estes se agitam. Daí essa correspondência vibratória,
que faz o ser espiritual do homem compreender o ser do animal, senti-lo, assim
como aos demais reinos da Natureza...
O saudoso escritor espírita Roque Jacintho
(1928-2004), no seu livro “Passe e passista”, cap. 33, Passe e Animais, 15ªEd., 2001, Editora Luz no lar, SP/SP,
oferta-nos preciosas reflexões sobre passe nos animais:
Por
serem passivos, neles a fé é o instinto que, no automatismo em aprendizagem,
permite que se impregnem da terapêutica que se lhes proporciona. Espíritos
unidos à obra da Natureza fornecerão os recursos indispensáveis, e o passista,
ainda aí, será medianeiro das energias renovadoras, um tarefeiro da Providência
Divina.
Há
controvérsias, mesmo entre os espíritas, quanto à validade da aplicação de
passes em animais: em “O Livro dos Médiuns”, cap. XXII – Da mediunidade dos animais, o Espírito Erasto
discorre longamente sobre a impossibilidade de mediunidade nos animais,
considerando que não há fluidos similares entre os homens e eles, os animais.
(Grifei)
O tema em foco era “mediunidade dos animais”, no
entanto aquele Espírito, a seguir, registra caso em que alguém magnetizou seu
cão...
Então pergunta e ele mesmo responde, esclarece e
justifica:
— O que
resultou? Matou-o. O cão sofreu saturação fluídica, haurida numa essência
superior à sua natureza animal. Essa pessoa esmagou o animal, à semelhança de
um raio, ainda que mais lentamente...”.
Com o maior respeito a tudo que diz respeito à
Codificação do Espiritismo concordo, em parte, com esse pronunciamento do
respeitável Espírito Erasto: animais não têm mediunidade. Discordo, no entanto
e sempre respeitosamente, do resultado do trágico atendimento fluídico ao cão,
até porque, para mim, essa foi opinião pessoal daquele Espírito.
Seria prematuro radicalizar a questão, sendo plano
que constitui atitude cristã socorrer com os recursos possíveis — materiais e
espirituais — os seres necessitados, sejam criaturas humanas ou animais.
Quanto
às afirmações de Erasto, aparentemente contraditórias ante os outros registros
que citei, lembra o saudoso Prof. José
Herculano Pires (1914-1979), em nota de rodapé naquele ítem, que inseriu
na tradução que fez de “O Livro dos Médiuns” (Editora LAKE), que tais
afirmações devem ser consideradas especificamente em relação ao objeto do estudo: mediunidade nos
animais. E acrescenta que Erasto, para ilustrar o seu ensino usou apenas de
um recurso didático, aliás, bem aplicado, e que deve ser entendido como tal.
Fluido
vital
Por oportuna, relembro a questão número 66 de (“O LE”):
P: – O
princípio vital é o mesmo para todos os seres orgânicos?
R: – Sim, modificado segundo
as espécies.
Deduzo
que as perfeitas Leis Naturais suprem, de adequado princípio vital as
diferentes e incontáveis espécies de seres vivos, e que a criação e o propósito
da Vida são atributos estritamente da Providência Divina.
Penso,
pois, que o Supremo Criador delega a Espíritos altamente credenciados no Bem, gerenciar
as sublimes engrenagens da existência de cada ser, com suprimento dos meios e
condições, para progredirem.
Do que,
desdobrando tais reflexões, creio que no caso de passes em animais (e até mesmo
em plantas...) é possível que a “doação socorrista” mediúnica humana seja
submetida, por aqueles Protetores Espirituais especializados, a processos de
compatibilização fluídica, espécie a espécie, para a devida assimilação do
animal em estado de necessidade.
Ainda
quanto à questão do passe em animais, face à
diferença de fluidos vitais entre o homem e eles, outra vez socorreu-me o Prof.
Herculano, aprovando referidos passes, porém dirimindo o citado desencontro, em
sua obra Mediunidade – Vida e Comunicação, EDICEL, cap. XI - Mediunidade Zoológica, 6ª Ed., 1986, Sobradinho/DF.
As reflexões são cristalinas e por isso registro-as
abaixo:
Em nossos dias,
contrabalançando a estultícia da pretensa mediunidade zoológica, começa a
alvorecer no campo mediúnico um tipo de mediunidade para o qual apenas alguns
espíritas se voltam esperançosos.
O Prof. Humberto Mariotti,
filósofo espírita argentino já bastante conhecido no Brasil por suas obras e
suas conferências, é um zoófilo apaixonado. Em sua última viagem a São Paulo
trocamos ideias e informações a respeito do que podemos chamar de Mediunidade Veterinária.
Não podemos elevar os animais à condição superior de médiuns, mas podemos
conceder-lhes os benefícios da mediunidade.
Mariotti possuía, como
possuímos, episódios tocantes de sua vivência pessoal nesse terreno. A
assistência mediúnica aos animais é possível e grandemente proveitosa. O animal
doente pode ser socorrido por passes e preces e até mesmo com os recursos da água
fluidificada.
Os médiuns veterinários,
médiuns que se especializassem no tratamento de animais, ajudariam a Humanidade
a livrar-se das pesadas consequências de sua voracidade carnívora.
Kardec se refere, no Livro dos Médiuns, às tentativas de
magnetizadores, na França, de magnetizar animais e desaconselha essa prática em
vista dos motivos contra a mediunidade animal. Entende mesmo que a transmissão
de fluidos vitais humanos para o animal é perigosa, em virtude do grande
desnível evolutivo entre as duas espécies. (Referência à opinião do Espírito Erasto).
E
prossegue:
Mas na Mediunidade
Veterinária a situação se modifica.
O reino
animal é protegido e orientado por espíritos
humanos que foram zoófilos na Terra, segundo numerosas informações mediúnicas.
O médium veterinário, como o
médium humano, não transmite os seus fluidos no passe por sua própria conta,
mas servindo de meio de transmissão aos Espíritos protetores. A situação
mediúnica é assim muito diferente da situação magnética ou hipnótica. Ao
socorrer o animal doente, o médium dirige a sua prece aos planos superiores,
suplicando assistência dos Espíritos protetores do reino animal e pondo-se à
disposição destes. Aplica o passe com o pensamento voltado para Deus ou para
Jesus, o Criador e o responsável pela vida animal na Terra. Flui a água da
mesma maneira, confiante na assistência divina.
Não se trata de uma teoria ou
técnica inventada por nós, mas naturalmente nascida do amor dos zoófilos e já contando com numerosas experiências
no meio espírita. (Grifei)
A
seguir, o autor narra comoventes episódios de socorro humano
mediúnico-veterinário a animais gravemente enfermos ou desenganados, que com
isso se recuperaram.
As
judiciosas reflexões do Prof. Herculano corroboram o pensamento de André Luiz, Yvonne
A.Pereira e Roque Jacintho, bem como, simultaneamente, clareiam o entendimento
do pensamento de Erasto.
Obs: Atualmente
existem incontáveis Centros Espíritas no Brasil, com caridosos programas de
socorro espiritual a animais doentes. Todos eles informam a próspera e
abençoada expansão dessa terapêutica espiritual, com justa alegria pelos
lenitivos e multiplicadas curas ocorridas nos animais.
Conclusão
Não incorrendo em omissão, registro que desde
criança (nasci em 1934...) convivi com animais domésticos e assisti espíritas
bondosos aplicarem passes em animais doentes, na maioria dos casos prosperando
a recuperação “dos pacientes” — nossos irmãos menores.
Igualmente, de minha parte, enquanto minha saúde
permitiu, também apliquei passes a animais doentes e graças a Deus nenhum deles
veio por isso a falecer fulminado. Da minha parte, nessas ocasiões, implorava aos
Espíritos protetores a cura da doença e quando isso ocorria, jamais ousaria
afirmar que tal aconteceu apenas por animismo (meu), creditando a bênção ao
Amor do Pai Maior e à caridade de Jesus.
Depreendo que quando um médium, até mesmo não
necessariamente “veterinário”, aplica passe em animais carentes, Amigos do
Plano Maior, zoófilos, encarregam-se de modificar o fluido humano doado, em
fluido consentâneo com a espécie animal atendida, acrescentando os da Natureza,
além dos deles próprios.
Por oportuno, encerro relembrando que São Francisco
de Assis, considerado “Padrinho dos Animais”, no século XII já concedia bênção
aos animais, desde os primórdios de sua alcandorada missão naquela existência
terrena.
Como tradição, até hoje as Igrejas católicas
devotadas especialmente àquele santo igualmente concedem bênçãos aos
animais, no dia 4 de Outubro de cada ano, data de aniversário dele.
Como espírita considero que tal procedimento
caracteriza um ato benfazejo aos animais, diferente do atendimento
médico-veterinário.
A bênção do padre, a meu ver, de alguma forma tem a
mesma intenção caridosa do passe ministrado por médiuns zoófilos nos nossos
irmãos menores, sempre que se depararem com um deles em estado de carência
física.
O Amor de Deus, o Supremo Criador, e a Caridade de
Jesus, o Abençoado Pastor, jamais faltaram a todas as criaturas!
(Partes
retiradas do livro ANIMAIS, NOSSOS IRMÃOS, de Eurípedes Kühl, 1ª Ed. 1995,
Editora PETIT, SP/SP e que contou com “edição especial de 20 anos em 2015”, com
revisão e ampliação de assuntos).
Minha gratidão ao senhor Eurípedes Kuhl pelos ensinamentos desde artigo e principalmente, do livro "Animais nossos irmãos", que tive a oportunidade de ler no início dos anos 90. Ali despertou em mim o interesse em conhecer um pouco mais sobre a Espiritualidade dos animais. Gratidão, seo Eurípedes.
ResponderExcluirWilson Rodrigues Jr - presidente do Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA Sorocaba)