JUSTIÇA DIVINA –
Determinismo e fatalidade
Determinismo e fatalidade são
dessas palavras que sem serem sinônimas têm seu entendimento dificultado, pois
a fronteira dos seus significados — que as devia separar — é tênue, posto que
se há confronto entre algumas das suas características, em outras elas
co-existem:
Determinismo:
- Teoria filosófica segundo a
qual os fenômenos naturais e os fatos humanos são causados por seus
antecedentes; ”o homem é fruto do meio ambiente”.
- Não há o acaso: há encadeamento
de causa-efeito entre dois ou mais fenômenos.
Fatalidade:
- Destino inevitável.
- Consequência inarredável, desastrosa, de algum acontecimento.
- Coincidência deplorável.
- Acaso infeliz.
Justiça Divina:
No Espiritismo o
conceito de Justiça Divina tem sólido alicerce nas Leis Morais — Leis Divinas
que balizam o comportamento do homem —, todas derivadas da Lei do Amor de Deus,
dentre elas, particularmente, a Lei da Justiça: a cada um, segundo suas obras.
Aliás, nas
Escrituras Sagradas encontram-se várias citações, quase que com as mesmas
palavras, magistralmente sintetizando a Justiça Divina:
a. "Porque, segundo a obra do homem, ele lhe
paga; e faz que cada um ache segundo o
seu caminho”. (Livro de Jó, 34:11);
b. “Não pagará ele ao homem conforme a sua obra?”. (Provérbios, 24:12);
c. “Julgar-vos-ei a cada um conforme os seus
caminhos”. (Ezequiel, 33:20);
d. “Porque todos devemos comparecer ante o
tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio
do corpo, ou bem ou mal”. (II Coríntios,
5:10);
e. “E, se invocais por Pai aquele que, sem
acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor durante o
tempo da vossa peregrinação”. (I
Pedro, 1:17);
f. “E eis que cedo venho, e o meu galardão está
comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”. (Apocalipse, 22:12);
g. “A ti também, Senhor, pertence a
misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra”. (Salmos, 62:12).
h. “Porque o Filho do homem virá na glória de
seu Pai, com os seus anjos; e então dará
a cada um segundo as suas obras”.
(Mateus, 16:27).
Quem realize esse
valioso passeio filosófico pela Bíblia, culminando com a palavra do Mestre
Jesus, não poderá negar desconhecimento da justíssima Lei de Causa e Efeito.
Além do mais, não
bastassem as Escrituras, de tempos em tempos o Pai envia um dos Seus filhos,
com a Luz do Amor, para relembrar os
preceitos das Leis Morais, aos homens cujos descaminhos espirituais estejam
anestesiando a consciência.
- Vieram Profetas ...
- Veio Moisés ...
- Veio Jesus ...
- Veio Paulo: "Irmãos, não vos enganeis: de Deus não se zomba, pois aquilo que o homem
semear, isso também ceifará". (Gálatas, 6:7).
- Veio Sir
Isaac Newton (1642-1727), propondo a igualdade entre ação e reação. Iniciava o grande físico, matemático e
astrônomo inglês, o acoplamento da Ciência à Filosofia, no que ela tem de mais
profundo: a moral.
- Veio Allan Kardec (1804-1869) —
Codificador do Espiritismo —, expondo com luzes da Espiritualidade Maior a
Justiça Divina e o porquê dos sofrimentos, cujas raízes estão sempre na alma
daquele que padece, plantadas que foram por ele próprio. Em "O Livro dos Espíritos", à questão 807, os Espíritos que arrimaram Kardec, para a Codificação do Espiritismo, alertaram fortemente: "Os que abusam da superioridade de sua posição social para oprimir o fraco em seu proveito são infelizes. Serão oprimidos por sua vez e renascerão numa existência em que sofrerão tudo o que fizeram sofrer".
O tema se presta a estudos e
reflexões, pois o que está em foco é a existência terrena com seus ganhos e
perdas, até o horizonte final: a morte do corpo físico.
Em primeira e última instância
faz toda a milenar diferença entre o materialismo e o espiritualismo, entre a
descrença e a fé, entre a má-vontade dos filósofos e a lógica irretorquível do
Espiritismo — tudo relativo à VIDA!
Sobre todos nós pairam as Leis
Divinas, baseadas na Lei do Amor, sagrada e única!
É dentro desse foco que a seguir
são apresentadas as pesquisas-premissas abaixo.
Determinismo
Enfoques espíritas
a. Determinismo natural
- expressões do mundo físico: nascer
/ respirar / alimentar-se / repousar / morrer.
b. Determinismo divino: a evolução!
- Uma única lei: o amor
universal! Cujas resultantes são: o bem e a felicidade.
(Espírito Emmanuel, em “O Consolador”,
questão 134, p.85, 6ª Ed., 1976, FEB, RJ/RJ)
c. Determinismo humano
Expressa-se pelas escolhas
humanas (livre-arbítrio), carreando responsabilidade pelas conseqüências, a
cada ação gerando reação, com acervo vulgarmente denominado “carma”.
Aqui será útil definir alguns
conceitos quanto ao “carma”, ou “karma”:
- Vê-se no cap. 7 de "Ação e Reação", autoria espiritual de André Luiz,
psicografia de Francisco C.Xavier, Ed. FEB:
- Carma: expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer ação, a rigor, designa causa e efeito, de vez que toda ação ou
movimento deriva de causa ou impulsos anteriores. Para nós expressará a conta de cada um,
englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam
respeito. Por isso mesmo, há conta dessa
natureza, não apenas catalogando e definindo individualidades, mas também povos
e raças, estados e instituições.
Conceitos
fundamentalmente similares: causa e
efeito, ação e reação, choque de retorno.
Não menos interessante é o que
diz o Espiritismo relativo ao nosso nascimento:
- Programas
reencarnatórios: mapa de provas úteis,
organizado com antecedência, como
decisão antecipada das condições físicas e dos lugares mais adequados à
evolução do espírito a reencarnar.
(Espírito Alexandre, em
“Missionários da Luz”, cap. 13, p. 227, 21ª Ed., 1988, FEB, Rio).
Por ser assunto
de grande importância nas nossas vidas, analisei alguns aspectos
relativos a esses programas. De início, questionando:
— Não há nada que
o homem possa fazer para modificar a sua vida, isto é, os acontecimentos que o
envolvem, às vezes inexoravelmente?
Essa pergunta é
talvez senão a mais importante, talvez uma das mais, de todas quantas já se
tenha feito na vida. Para todos!
O Espiritismo esclarece
tão transcendental assunto, tendo como verdade lógica que ao reencarnar, cada
indivíduo traz consigo um programa de acontecimentos que o alcançarão, alguns
inevitavelmente, outros, passíveis de alterações, sim:
a. os fatos
inexoráveis fazem emergir, à lógica, que espelham situação devedora de resgate
intransferível. Tais são os casos de cegueira de nascença, deformidades
congênitas, acidentes absolutamente inesperados, doenças incuráveis em alguma
época da vida, nível monetário, etc. Esses fatos são minuciosamente estudados e
decididos por Espíritos Siderais, agentes da Lei de Justiça. Tal enredo acontece
antes mesmo da reencarnação daqueles que terão de passar por tais expiações, ou
provações compulsórias.
Contudo, nenhum
deles, jamais, estará sem o permanente auxílio caridoso daqueles Espíritos
protetores, que agem segundo o permanente Amor emanado do Supremo Criador a todas as criaturas;
b. quanto às situações que podem sem
modificadas, para melhor ou para pior, são aquelas sobre as quais o
livre-arbítrio ainda pode agir.
A “contabilidade
celestial” oferta vários exemplos no dia-a-dia.
Cito alguns, cujos fundamentos
foram expostos pelo Espírito André Luiz, no livro "Ação e Reação",
Edição da FEB, RJ/RJ:
a. Aumento dos
débitos (no cap. 12)
— É quando o
homem, reencarnando com propósitos de se corrigir, mais onera seu passivo
moral, reincidindo naqueles mesmos erros que deveria eliminar da sua conduta
moral. Como exemplo, cito o caso de
alguém que numa existência tenha sido muito rico e foi avaro; na atual, voltando rico, mais egoísta ainda
se torna. Ao desencarnar, seu débito estará dilatado: experiências futuras de pobreza...
Os suicidas,
também, desencarnam sempre em condições mais infelizes do que quando reencarnaram.
b. Passivo inalterado
(no cap. 13)
— Quando o
reencarnado passa a vida sem quaisquer realizações diretamente ligadas ao seu
programa reencarnatório. Por exemplo:
alguém reencarna com previsão de constituir família, cujos parentes deverá
proteger, contudo, opta por manter-se solteiro, sem ligar-se afetivamente a
ninguém. Ao desencarnar, estará com seu
passivo inalterado, quanto à teia de realizações familiares previstas. Se débito houver, será o referente à
oportunidade perdida.
c. Cumprimento parcial (no cap. 16)
— Como exemplo, o
divórcio, numa situação de casal que tinha previsão de juntos se
reajustarem. Separando-se, interrompem a
reconstrução recíproca, que mais tarde, em outra reencarnação, terá que ser
retomada, talvez, em condições mais difíceis...
— Por que mais
difíceis?
— Porque pode
acontecer de se unir a alguém "mais complicado" que o cônjuge
anterior, e cuja separação ocorreu por sua culpa, com isso prejudicando a
marcha evolutiva daquele outro cônjuge, que após, eventualmente tenha evoluído por mérito próprio.
Agora: se a culpa
foi de ambos, os dois, também, voltarão a se reencontrar no futuro. Não há duvidar.
d. Abrandamento das dores (ainda no cap. 16)
— É muito citado,
nos meios espíritas, o caso daquele homem que mantinha uma escola
profissionalizante, com grande amor, mas com grandes sacrifícios. Um belo dia
perdeu um dedo num torno. Triste, pensativo, intimamente se perguntava: por que teria Deus tirado meu dedo,
justamente de mim, que tanto bem faço...?
À noite, na
sessão mediúnica, o Mentor Espiritual, conhecendo suas dúvidas interiores,
comunicou-lhe que havia previsão espiritual pré-reencarnatória da perda do
braço, contudo, face os méritos adquiridos junto à prática da caridade, só
perdeu um dedo. Sem o braço, ficaria impossibilitado
de cuidar das crianças, que dependiam dele ...
Deduz-se que o
"destino" é resultante do proceder, através da utilização do
livre-arbítrio. E mais: que pode-se,
sim, modificar a vida presente, para melhor, amealhando merecimento para
atenuar as provas que sobrecarregam a existência.
e. Extinção total
de dívida (no cap .17)
Normalmente
extingue-se determinada dívida, nos desastres ou em vários outros inevitáveis acontecimentos
que causam morte violenta, bem como nos casos de doenças incuráveis e que
causam muita dor (vide no cap. XIV, n.° 9, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”).
Nos assassinatos,
a vítima esgota uma pesada dívida, ao passo que o criminoso contrai enorme
débito.
Raríssimo é o
fato de alguém quitar-se inteiramente perante a consciência, do programa
reencarnatório previsto para aquela existência, observadas as Leis Morais. Isso ocorre quando o devedor completa toda a
lista de realizações a que se propôs executar antes da reencarnação. Quando essa lista veiculava seus últimos
débitos, terá completado o estágio de aprendizado terreno!
Nesse degrau da
evolução, situam-se aqueles Espíritos cuja elevação credencia-os a se
transferirem do planeta Terra para mundos mais felizes.
f. Resgate coletivo
(no cap. 18)
É aquele que
alcança grupos inteiros de familiares, de viajantes, vizinhos, ou mesmo uma
população: desastres aéreos, rodoviários, ferroviários, naufrágios, epidemias...,
pandemias, guerras, terremotos, maremotos, furacões, avalanches, inundações,
etc., formam alguns dos resgates nos quais os que perecem, conhecidos ou não,
tinham débito relativamente similar a ser quitado.
Como exemplo de
débito similar, conjeturo ser aquele de povos que (historicamente) dizimaram outros povos, com
aprovação de conterrâneos que, embora sem agir, os apoiaram.
Obs: Num aborto,
por exemplo, como enquadrar a mulher grávida que desiste da maternidade, já que
muitas vezes ela é pressionada por terceiros?
Nesse caso, não
objeta pressupor que não apenas a mulher grávida cometeu grave desrespeito às Leis da
Vida. Não raro, por irresponsabilidade,
covardia ou intolerância são co-participantes desse hediondo crime os agentes
físicos que assassinam o ser que deveria nascer, mas também o companheiro que a
engravidou, os familiares e, por extensão, toda a sociedade. Terão que reparar
tal falha.
Creio, quanto ao
abortado, que necessariamente, pelo que já expus acima, estará em processo de
reconstrução, tanto quanto os responsáveis, em processo de destruição da sua paz.
A Justiça Divina,
sempre, administrando agentes de causa e efeito, de ação e reação!
Raças: determinismo
ou fatalidade — prova ou expiação?
Pela Lei de Causa
e Efeito compreende-se porque há pobres, ricos, inteligentes, néscios, doentes
e sãos. Mas, como justificar as
raças? Brancos, negros ou amarelos: qual
a razão? Por que nascer numa ou noutra
dessas raças?
O conceito de
raças e sua aparência, transcende ao conhecimento humano. Contudo, no livro “A Caminho da Luz”, no cap. III, 13ª Ed., 1985, FEB, Rio, o Espírito Emmanuel clareia muitas dúvidas a
respeito, registrando, por exemplo, que a fixação dos caracteres raciais
demandou a contribuição do tempo, aí sendo computados milênios sobre
milênios. Hoje, que tais caracteres já
estão definidos, muito pobremente pode-se conjeturar que as multiplicadas reencarnações
ofertam, paralelamente, multiplicadas chances do mesmo Espírito acumular experiências
vivenciais, acrisolando-se em corpo ora branco, ora amarelo, ora negro...
Agrupamentos
humanos
Quanto às
famílias há fatores espirituais reunindo num mesmo teto os seus membros.
Isso
porque, como em todo o Universo não há ação sem reação, pode-se deduzir que
vidas passadas interligam realmente pais, filhos, cônjuges e familiares.
Na composição de
uma família, na maioria dos casos, prepondera a sintonia espiritual entre seus
componentes. Essa sintonia pode ser positiva ou negativa, exercendo
irresistível atração entre eles. Cuidam ainda os Engenheiros Siderais
responsáveis pela reencarnação que não ocorra desrespeito às leis naturais da
genética.
Só por essas
reflexões pode-se ajuizar o quanto é trabalhoso o processo de agrupamento
familiar, motivo pelo qual considero extremamente útil aos agrupamentos
familiares aproveitarem ao máximo as oportunidades de pacificação, quando
reencarnados.
Patrões e
empregados, em quase todos os casos, igualmente se aproximam e convivem longos
anos pela lei de atração, que obedece ao passado, promovendo no presente,
resgates-reajustes recíprocos, nos duros embates que a vida exibe, para a conquista da paz entre espíritos.
Essa mesma situação
repete-se em vários grupos sociais, quase sempre ligados por vertentes do
passado, ou mesmo por afinidade de ideais.
— E nos Centros
Espíritas?...
Nos Centros
Espíritas, em particular, mais de perto se pode comprovar a "presença do
passado", eis que dirigentes, médiuns e frequentadores, não raro, ofertam
cenários, ora de grandes realizações, ora de tristes quedas em novos ou
repetidos desajustes...
A presença da
harmonia entre os diretores e frequentadores é indicativo seguro de a quantas
anda a sintonia na casa espírita.
Essas rápidas considerações podem perfeitamente serem aplicadas aos demais grupos religiosos.
Hereditariedade
— Em se falando das
leis genéticas, pode-se explicar a hereditariedade pela Lei de Justiça?
— Perfeitamente:
o indivíduo, ao nascer, deve estar equipado de determinadas condições físicas e
morais, de certo ambiente familiar e social, para poder desempenhar seu roteiro
evolutivo.
Não existindo o acaso, a
união dos cromossomos paternos e maternos é promovida segundo sábias leis da
genética, de que os Mensageiros Celestiais detêm amplo conhecimento. Até para que as próprias Leis Naturais não
sejam desrespeitadas, a fecundação ocorrerá em obediência ao currículo vivencial
a ser cumprido, mas submetido à condição genética dos pais.
Como exemplo cito
que se um Espírito deve reencarnar a bordo da pesadíssima expiação da cegueira,
só poderá nascer de pais que tenham tal deficiência em seu inventário
cromossômico. E, nesse caso, embora as
respeitáveis e corretas Leis de Mendel identifiquem a deficiência orgânica dos
pais, a Lei de Ação e Reação — e somente ela, decifrando causa e efeito —,
elucidará a origem do problema: no passado delituoso do nascituro. Nem todos
os irmãos nascem cegos, o que singulariza a ocorrência.
Desencarnação
precoce, ou adiada - Reencarnação de emergência
Concessões ofertadas, como benefício, a
encarnados e desencarnados, por gênios angélicos, das sublimadas regiões celestes
de cada orbe.
1)
Desencarnação adiada (1)
No livro “Obreiros da Vida Eterna”, do Espírito André Luiz, psicografia de
Francisco C.Xavier, cap. 17, p.263, 9ªEd., 1975, FEB, DF/DF, os protetores
espirituais, atendendo prece de um menino, então com oito anos (Joãozinho),
grande servo de Jesus, adiam a desencarnação da personagem Albina, enferma,
dedicada à formação cristã de jovens. O desencarne de Albina, que adotara
Joãozinho como neto, poderia provocar problemas no parto de sua filha (Lóide), grávida, sensível, e se a
mãe morresse antes do
parto, poderia abortar,
pelo que, só após o parto a
equipe de A.Luiz promoveria a
desencarnação de sua mãe. Tal providência decorreria do fato de que a criança que vai nascer é peça
fundamental de
planejamento espiritual: com
Joãozinho, ambos seriam os continuadores do abençoado programa de educação
evangélica que Albina vinha realizando.
2) Desencarnação
adiada (2) – (seguida de reencarnação de emergência)
No livro “Sexo e Destino”, do
Espírito André Luiz, psicografia de F.C.Xavier e W.Vieira, 2ªP., cap. 9, p.
275, 11ª Ed., 1985, FEB, DF/DF, o Espírito Félix cita o caso de Marita, que
sofreu acidente gravíssimo, a que deu causa, sendo sua morte adiada por alguns
dias, para reajustes indispensáveis e oportunos, e que, após desencarnar, em
breve teve “reencarnação de emergência”.
(Para mim, esta é uma das narrativas
mais comoventes, de toda a literatura espírita).
3) Desencarnação
antecipada*
No livro “Entre os Dois Mundos”,
de Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo P.Franco, vemos nos cap.
07 a 10, como os protetores espirituais promovem a desencarnação antecipada do
personagem Marco Aurélio, no caso, por merecimento, impedindo-o assim de matar
a esposa, então doente.
* Notas extraídas do artigo “As mortes
antecipadas”, de Alessandro Viana Vieira de Paula, in: revista “O Consolador”
nº 234, de 06.11.2011;
d. Determinismo e livre-arbítrio
Livre-arbítrio: edificação consciente do próprio "destino",
pela escolha do caminho que desejar, na rota evolutiva.
(Martins Peralva, em “Estudando o
Evangelho”, cap. 30, p. 140, 6ª Ed., 1992, FEB, Rio)
Novamente o
Espírito Emmanuel, que agora acopla determinismo ao livre-arbítrio, em “O Consolador”,
já citado:
À questão nº
132: Determinismo e livre-arbítrio
coexistem, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção
dos homens. Nem sempre, contudo, são proporcionais: o primeiro é absoluto nas
baixas camadas evolutivas e o segundo amplia-se pela educação e experiência.
E à questão nº
133: Na zona de pura influenciação
espiritual, o homem é livre na escola do seu futuro caminho.
Assim, é o próprio homem que cria as circunstâncias presentes
e futuras .
e. Determinismo e evolução
- Leciona Manoel P.Miranda, em
“Loucura e Obsessão”, 2ª Ed., 1990, cap. 25, p. 312, FEB, RJ/RJ:
O determinismo é o resultado natural das realizações em cada etapa da
evolução.
Pode ser absoluto ou relativo:
- absoluto: Fatalidade do
nascer e morrer
- em corpo físico; em expiações mutiladoras
e dilacerantes; em vários tipos de injunção penosa; em
várias áreas sociais; em várias situações financeiras
- relativo: Alterável pelo livre-arbítrio em razão das realizações
eleitas
- boas escolhas, em
ordem com Deus : paz, harmonia,
- más escolhas, na
contramão divina: insucessos e dor.
Sempre, porém, objetivando o bem do Espírito, suas aquisições
libertárias, sua ascensão.
- Diz-nos o Espirito Sânzio, em “Ação e Reação”, cap. 7, p. 92, 5ªEd., 1976,
FEB, Rio:
"O determinismo pode ser irresistível nas esferas primárias da evolução“.
f. "Lei Divina
da Compulsoriedade" (“cassação”
do livre-arbítrio)
Decorrente da análise dos ensinos
dos Espíritos Superiores peço licença para, com muito respeito, lucubrar sobre
a provável existência da Lei da
Compulsoriedade (referente a reencarnações punitivas), contida no determinismo divino da evolução.
Cataloguei várias instruções dos
Espíritos sobre isso, não necessariamente com esse rótulo:
1) Questão nº 262 de “O Livro dos
Espíritos”, de Allan Kardec: Deus pode
impor uma existência ao Espírito com má-vontade.
É o caso daquele Espírito que, obtendo uma ou várias chances de
melhoria moral, teima em cometer erros sobre erros.
2) Item nº 8 do cap. V de “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec: As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou
extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de
causa. (Grifei).
3) Espírito Manoel P.Miranda, em
“Nas Fronteiras da Loucura”, psicografia de Divaldo Franco, 9ª Ed., 1997, p.9, LEAL, Salvador/BA: Quando não funcionem os estímulos para o
progresso e o Espírito deseje postergá-lo, imposições da própria Lei jungem-no
ao processo de crescimento, mediante as expiações lenificadoras que o depuram,
cooperando para a eliminação das sedimentadas mazelas que o martirizam...
4) Léon Denis, em “O Problema do
Ser, do Destino e da Dor”, 17ªEd., 1993, p.176, FEB, Rio:
Inteligências diretoras, visando o proveito,
evolução e expurgo do nosso passado, fazem elas próprias, em alguns casos, a
difícil escolha de nossas provas.
5) Manoel P. Miranda, em “Nos
Bastidores da Obsessão”, 2ªEd., 1976, p. 229, FEB, Rio:
Pacientes há, rebeldes de tal monta, que o
melhor medicamento para a saúde deles é a continuação do sofrimento em que se
encontram...
6) Emmanuel, em
"O Consolador", à questão n.º 96, oferta informação precisa quanto
ao Espírito envelhecido nos abusos do mundo, portador de doenças incuráveis,
estas como estação de tratamento e de cura e quanto às enfermidades d'alma,
persistentes: "podem reclamar várias
estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores".
Obs:
Informação coadjuvante à compulsoriedade na vida de Espíritos rebeldes, prestada
pelo Espírito Anacleto, em “Missionários da Luz”, p.333 a 335, 21ªEd., 1988,
FEB, Rio:
Bons Espíritos auxiliam Espíritos enfermos
por até dez vezes consecutivas, mas se estas oportunidades voam sem proveito, o
atendido é entregue à própria sorte, até que adote nova resolução. Quando a sós
aprender lições novas e se melhorar, voltará a ser socorrido.
7) Espírito “Irmão João”, em
“Memórias de Um Suicida”, 5ªEd., 1975, p.260/261, FEB, Rio:
A reencarnação
punitiva é medicamentação, apenas! Um gênero de tratamento que a urgência e a
gravidade do mal impõe ao enfermo (Espíritos suicidas sem condições de algo
tentarem voluntariamente)! Operação dolorosa que nos pesa fazer, mas à qual não
vacilamos em conduzir os pacientes, certos de que somente depois de realizada é
que entrarão eles em convalescença.
Obs: Às p. 271
e 272 dessa mesma obra há novas informações referentes a reencarnações compulsórias.
8) Inolvidável esclarecimento,
qual enérgico alerta é-nos dado pelo Assistente Áulus, em “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 15, p. 139 a 141, 8ªEd., 1976, FEB, Rio):
Espíritos infortunados que se comprazem na
loucura sem se fatigarem serão levados a prisão regeneradora, pela Lei. (...)
Há dolorosas reencarnações que significam luta expiatória para almas necrosadas
no vício. Ex: o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a
epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros
recursos.
9) Espírito Silas, em “Ação e
Reação”, cap. 15, p.209, 5ªEd., 1976, FEB, Rio:
O homem que tiraniza a mulher, furtando-lhe
os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, queda-se
a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado terá renascimento doloroso, com
inversão sexual compulsória por imposição dos agentes da Lei Divina. Renascerá
em corpo feminino para que, no extremo desconforto íntimo aprenda a venerar na
mulher sua irmã e companheira, filha e mãe.
FATALIDADE
Em se tratando de “fatalidade” é
comum ser ressaltada a doutrina do “fatalismo”.
a. Segundo a Filosofia a
fatalidade é atitude ou doutrina que
admite que o curso da vida humana está previamente fixado, sendo a vontade ou a
inteligência impotentes para dirigi-lo ou alterá-lo.
(Novo Dicionário Básico da
Língua Portuguesa – FOLHA/AURÉLIO, 1994-1995, p.291. Ed.Nova Fronteira,
S.Paulo/SP).
b. 0 fatalismo é doutrina que considera todos os acontecimentos como
irrevogavelmente marcados por uma causa única e sobrenatural. (...) Os
fatalistas se abandonam sem reação aos fatos e acontecimentos.
(Grande Enciclopédia Larousse
Cultural, 1990, Volume 4, p. 1313, Ed.Universo Ltda, S.Paulo/SP).
Depreende-se que os adeptos do
fatalismo abandonam-se passivamente aos acontecimentos: arquivam a inteligência
e o livre-arbítrio, duas ferramentas ofertadas por Deus para emprego em toda
e qualquer situação: não reagem / não
criam / nada decidem / nada resolvem.
Em primeira e última
instâncias: acomodam-se.
Enfoques espíritas
O Espiritismo,
ao contrário, parte sempre do pressuposto do jamais ausente auxílio do Plano
Maior a todos aqueles que, na angústia ou na dor oram e pedem ao Pai de Amor.
Tal postura, obviamente, não é exclusiva dos espíritas, mas sim das pessoas de
bom senso e que têm fé em Deus e em todos os Seus emissários celestiais.
1) Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser
ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as
circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade,
vai grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que um
instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. (Grifei).
(Allan Kardec, em “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, cap. XXVII, item 6).
Exemplo de dificuldade seguida ou
de reação ou de acomodação:
- nas regiões da seca, convivem
abundância e miséria porque, no primeiro caso, com irrigação artificial,
cisternas e poços artesianos construídos ensejam colheitas fartas de várias frutas
e legumes e abastecimento de água potável, enquanto que, no segundo caso impera
o conformismo inoperante, sob o herético lema fatal do Deus quer assim...
- alguém perdido no deserto, sem
água e com sede horrível: poderá entregar-se à morte, mas, ao contrário, diante
da adversidade, no mínimo, orar; e aí, quem sabe a prece não lhe trará água,
mas algum Espírito protetor poderá orientá-lo que direção seguir para encontrá-la?
Obs: Esse segundo
exemplo é de Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXVII,
item 8.
Dessa forma, pelas ações do
indivíduo ele pode alterar sua vida e até seu futuro, com o que, assim, fica
excluída a fatalidade cega, “fatal”.
2) A fatalidade é um efeito inteligentemente corretivo de uma causa das
ações praticadas pelo homem, na Terra ou no além.
(Espírito Rosália, em “Memórias
de Um Suicida”, 2ªP., cap. V, p.318, 5ªEd., 1975, Rio).
3) Há reencarnações que funcionam como drásticos (...) Deus criou o
livre-arbítrio, nós criamos a fatalidade”.
(Espírito mãe de André Luiz, em
“Nosso Lar”, cap. 46, p.256, 48ª Ed., 1998, FEB, Rio)
4) Resgates: O expressivo montante dos nossos débitos do
pretérito a ser resgatado é elaborado em programas que significam uma espécie
de fatalidade relativa, onde nossa conduta pode gerar benefício ou desfavor.
(Espírito Clarêncio, em “Entre a
Terra e o Céu”, Cap II, p.14, 13ªEd., 1990, FEB, Rio).
A questão dos resgates é um tanto quanto complicada.
Alguns
esclarecimentos espíritas talvez facilitem o raciocínio, entendimento e
aceitação:
a. a
desencarnação é assim como um pouso de parada na trajetória de atividades do
ser, proporcionando-lhe realizar um balanço de como tem se conduzido; do resultado desse balanço, irá depender sua
futura reencarnação, mas nesse intervalo ele será instruído e orientado por
Espíritos amigos, de como, quando, com quem,
e onde, poderá quitar seu
débito;
b. naturalmente,
que nem sempre as coisas acontecem assim com todos os Espíritos: tudo o que
ocorre a um Espírito, encarnado ou desencarnado, obedece à proporção direta do
seu grau de merecimento;
c. estando no
plano espiritual, quando o Espírito conscientiza-se de haver lesado a alguém,
requer ao Criador, oportunidade para reparar seu erro;
d. tão grande é a
Bondade de Deus, que tais oportunidades são concedidas sem limite, geralmente
através as reencarnações, que aproximam o Espírito, reencarnante, daquele(s)
que prejudicou; é o que se vê, no mundo todo, nos grupos familiares e sociais;
e. via de regra,
o devedor suplica pesados resgates, pois, curtido pelo remorso, requer duras
penas para sua próxima etapa de vida física;
f. contudo, para
dosar adequadamente a quantidade e o grau de dificuldades de acontecimentos
reparadores, as petições são submetidas a Entidades Angelicais, de grande
sabedoria e bondade ( Vide em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIV, n.°
9); aí, tais benfeitores ajuízam, caso a
caso, quais quantidades de sofrimentos, dores, desconfortos, facilidades
materiais, sociais, familiares, condições profissionais, saúde, doenças, grau
de inteligência, de memória, etc.,
etc., que cada criatura irá ter à sua disposição durante a próxima etapa
reencarnatória;
g. a duração
dessa existência é assim pré-determinada;
h. o entendimento
desse misericordioso mecanismo pacifica o Espírito sofredor, principalmente
quando encarnado, fazendo com que os revezes da vida sejam suportados
resignadamente.
Assim, tudo o que
de importante nos acontece, de bom ou de ruim, é a medida exata do nosso
merecimento; nesse último caso,
decorrentes de nossos insistentes pedidos...
(Quantas
lamentações inexistiriam se o Espiritismo fosse mais divulgado...).
5) A
fatalidade segundo o “O Livro dos Espíritos”:
- Questão n.º 853:
Fatal, no verdadeiro sentido da palavra,
só o instante da morte. Chegado esse
momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos;
- Questão nº
859: .
Obs: Será sempre perigoso
radicalizar: como citei no caso “Marita”,
na obra “Sexo e Destino”, de André Luiz, tanto o instante da morte foi prorrogado,
quanto a próxima reencarnação antecipada.
Não há contradição: o que há é o nosso desconhecimento integral das
Leis de Deus.
- Questões nº
851, 856, 860, 862 e 866:
Provas
físicas: escolha feita pelo Espírito antes de reencarnar.
Provas morais: poderão ser aumentadas ou diminuídas.
A maneira de
morrer pode ser modificada, por lutas a sustentar.
(Assim, há fatalidade
nos acontecimentos materiais e inexiste nos atos da vida moral, os quais podem
ser desviados).
- Questão nº
855: Os perigos são advertências (do Anjo Guardião).
(Quanto às previsões espirituais
— sonhos pré-monitórios, por ex. —, são também advertências e não certeza de
acontecimentos fatais).
- Questões nº
261 e 865: Sorte no jogo: ganho como homem e perda como Espírito.
Essa é uma espécie de alegria
escolhida anteriormente (provação), sendo-lhe concedida como tentação
(sem o acaso...), isto é, prova para seu
orgulho e cupidez.
A Justiça Divina
Tratando dos males desta vida sem
que ações anteriores os justifiquem, muitos foram os filósofos que
desacreditaram ou que ainda desacreditam
na Justiça Divina, uma vez que segundo o que é pregado pela maioria das
religiões, Deus é justo “e não coloca cruz em ombro errado”.
Tais filósofos e os que os aceitam arrimam sua descrença à vista de
tantas infelicidades terrenas: “fatalidades” individuais ou coletivas, quais acidentes
inevitáveis, perda de seres amados, reveses da fortuna, vitimação decorrente de
flagelos naturais, enfermidades de nascença, condenação de inocentes, “balas perdidas", etc.
Allan
Kardec bem que adverte, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, item 6:
- Todavia, por virtude do axioma segundo o
qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma
causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa.
Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida atual, há de ser anterior a essa vida, isto
é, há de estar numa existência precedente.
Assim, não há
como excluir o homem da responsabilidade pelo mal que o alcance de forma
indefensável, muitas vezes através expiações coletivas.
— O que seriam?
— A porção
(região) negativa da psicosfera de um mundo é a resultante da soma dos maus
atos praticados pelos seus habitantes, pois que até mesmo os pensamentos são
força viva que perambulam na atmosfera astral.
Com isso, tem-se que quando alguém prejudica um semelhante, ou
desrespeita a própria Natureza, seja maltratando um animal ou danificando a
ecologia, passa a ser responsável também pelo clima espiritual do planeta.
Tem-se que
considerar que a Lei de Justiça, como de resto todas as Leis Morais, são perfeitíssimas,
irretocáveis, por Divinas.
A bênção das vidas sucessivas
(reencarnação) ilumina qualquer dúvida filosófica sobre essas “fatalidades”,
depreendendo-se que todos esses acontecimentos são consequentes (efeitos),
cujos antecedentes (causas) estão no passado.
Do contrário, de fato, não se
admitiria a Justiça Divina, perfeita!
Não existe maior evidência
filosófica das vidas sucessivas!
Nos casos de mortes trágicas inevitáveis,
admitindo-se que as vítimas tenham culpa desta ou de outra vida, até mesmo
alguns reencarnacionistas podem questionar:
- como é que as Leis Divinas decidem e
administram, num acidente aéreo, por exemplo, quem “deve morrer” e quem “deve
se salvar”, ajustando tudo milimetricamente para que tal aconteça, programando
acontecimentos que se desenrolarão, às vezes, em fração de segundos?
- quando morrem dezenas, centenas de
pessoas, sendo que não raro uma ou apenas algumas sobrevivem, como é que os
Espíritos responsáveis pela vida e morte deles os posiciona no avião, no
momento exato de incêndio, explosão ou queda?
- esse avião que caiu foi derrubado pelos
Espíritos protetores que cumprem a vontade de Deus?
Os questionamentos são razoáveis,
sensatos.
Mas as respostas, quem as tem,
segundo penso, são os Espíritos Superiores, que agem em cumprimento a
orientações de Deus constantes das Leis Morais, máxime a Lei de Justiça.
E, nesse caso, por enquanto, no
contexto moral terreno não se poderá afirmar que existam Espíritos com tal
evolução e grandeza moral, capazes de dissertar sobre detalhes.
Pois, escapa
totalmente aos conhecimentos humanos a “administração sideral do evento”, como no caso dos desastres nos quais não raro
algumas pessoas salvam-se
"milagrosamente": cabe conjeturar que tal morte não fazia
parte do rol de seus débitos, por isso “se salvaram”, menos ainda como é que as
vítimas foram reunidas exatamente ali, naquele momento...
Imagino inapreciável
a precisão com a qual agem os Espíritos Angelicais encarregados desses
resgates, situando os que se salvam a milímetros da morte certa. Mas, no contexto integral do acidente, deve
haver o emprego de superiores conhecimentos de Tempo e Espaço, Dinâmica, Física
e Fisiologia, para as justas resultantes.
A propósito, Allan Kardec, em “O
Livro dos Espíritos”, às questões nº 526 a 528, tratando da “Influência dos
Espíritos nos acontecimentos da vida”, dá-nos pistas, citando:
- alguém cai de uma escada e morre;
- uma pessoa se abriga da chuva debaixo de uma árvore e é fulminado por
um raio;
- uma pessoa mal intencionada disparar sobre outra um projétil essa
pessoa se desvia...
Registra que nessas três
circunstâncias houve, sim, ação direta de Espíritos, atuando dentro das leis da
Natureza, para que tais fatos ocorressem: a escada estava podre, o raio ia cair
naquele local e a bala foi dirigida à vítima com pontaria certeira.
Considere-se, porém, que os
Espíritos têm ação sobre a matéria, para cumprirem leis da Natureza, jamais
para as derrogar. No entanto, nos três eventos citados, apenas inspiraram as
pessoas: a primeira, para subir na tal escada podre; a segunda, para se abrigar
debaixo daquela árvore e à terceira, que
se desviasse no momento exato.
Não se diga, em crítica
apressada, que tais Espíritos agiram maldosa ou insensivelmente: nos dois primeiros
exemplos, agiram qual pai ou mãe que, com o coração em lágrimas leva o filho
gravemente enfermo ao hospital para uma cirurgia curativa; no terceiro exemplo,
como esses mesmos pai ou mãe que livra o filho de um perigo iminente.
Grandes males, via de regra, são
amargo remédio...
À questão nº 859.a de “O Livro dos Espíritos”
está registrado:
Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral,
Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução.
Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, no
capítulo V, item 21, há a recomendação a nós, humanos, para que compreendamos
que o bem, muitas vezes, está onde julgamos ver o mal. Esse item trata
da perda de pessoas amadas ou de mortes prematuras: por vezes isso constitui um
grande benefício que Deus concede a alguém que se vai.
No mesmo item há uma leve reprimenda:
Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus
é justo em todas as coisas. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem.
Em “A Gênese”, no capítulo III, item 3:
O mal existe e tem uma causa, sejam os provocados pelo homem ou os que, à
primeira vista, não pode evitar, tais como os flagelos naturais, mas que, pela
inteligência, os neutralizará. Desse ponto de vista depreende-se que o que
ao homem se afigura mau e injusto, conhecendo-lhe a causa consideraria justo e
admirável.
No item 7:
Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do
próprio mal saia o remédio. A referência é sobre o momento em que o excesso do mal moral se torna
intolerável e impõe ao homem mudar de vida.
Em “O Céu e o Inferno”, na I Parte, cap. IX,
item 4:
(...) Para
compreender como do mal pode resultar o bem, é preciso considerar não
uma, porém, muitas existências; é necessário apreender o conjunto do qual — e
só do qual — resultam nítidas as causas e respectivos efeitos.
Em “Obras Póstumas”, na I Parte, item As expiações coletivas é-nos esclarecido
que quando infortúnios alcançam grande número de pessoas, ali elas resgatam
atos de vidas passadas, seja por faltas cometidas na vida privada ou na vida
pública. Não é raro, nessas hecatombes, existirem criaturas destemidas e que
vendo a calamidade enfrentam-na com solidariedade e destemor, vindo a perecer.
Assim, entre as muitas vítimas, todas em resgate, algumas podem ter sido ótimos
cidadãos, mas péssimos chefes de família, ou então bons pais de família, mas
cidadãos indignos.
(Todos
os grifos são meus).
Assim, as
expiações coletivas, causando desencarnações em massa, obedecem a um parâmetro
absolutamente justo, podendo o homem, com muita humildade, conjeturar que os
atingidos estarão resgatando débitos, no mínimo semelhantes.
Daí vem a
pergunta de resposta aparentemente difícil: mas
e as criancinhas atingidas, que mal fizeram para merecer tamanho sofrimento?
A questão é
pungente, mas somente a Lei da Reencarnação lançará claridades à Razão,
ofertando resposta lógica: essa criancinha (corpo orgânico novíssimo, mas
Espírito milenar, de multiplicadas vidas sucessivas) está pagando dívida
contraída em vidas passadas.
Muito pobremente
comparando, sobre tais acontecimentos tão tristes, o que sentem os Espíritos
encarregados de administrá-los, assemelha-se ao que sente a mãe que, com a alma
cortada de dor, leva o filho ao médico para livrar-se de doença grave e lá terá
que passar por cirurgia de grande porte... Mas, depois, esse filho estará são e
salvo!
Sem a
reencarnação, de fato, não se terá sobre Deus a concepção real: Pai de Amor!
— Ainda sobre
resgates dolorosos: sempre se está resgatando o passado?
— Quase sempre:
aos filhos réprobos o Pai Maior permite tempo para reflexões, arrependimento e mais
que tudo, reconstrução. Outras vezes, o
homem sofre pela incúria na própria existência.
As chuvas ácidas, por exemplo,
comprovam a afirmativa, eis que sua origem, quase sempre, está a quilômetros
de distância (gases venenosos lançados na atmosfera, por algumas indústrias).
As populações
atingidas por essas chuvas ácidas sofrem suas danosas consequências.
Têm o crédito do resgate.
Mas, em
contrapartida, isso representará débito
para quem as provocou, exigindo resgate.
Resta como reflexão, fé e verdade
inabaláveis, inquestionáveis e definitivas, que “no mar da vida nenhum ser vivo
é barco à matroca”, pelo que os acontecimentos notáveis das suas existências
estão sim, sob “administração do Plano Maior”, sábio e justo.
Repetindo: sobre todos nós pairam
as Leis Divinas, baseadas na Lei do Amor, sagrada e única!
Considerações gerais
— Ante a Lei de
Causa e Efeito, todas as angústias dos filósofos se desvanecem ante o esplendor
do que ela nos faz compreender, expondo à Razão, o quanto o Pai é justo, bom e
misericordioso.
— O Amor de Deus
por nós concretizou a vinda do Mestre Jesus — sublime plantador de esperanças —
balsamizando corações sofredores, na poesia encantadora recitada no Monte:
"Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados".
— Os aflitos,
crendo em Jesus, compreendem que os sofrimentos de hoje (frutos amargos), são
colheita de árvores do nosso ontem equivocado plantio.
Mas, sobretudo,
representam a alforria para o amanhã de paz.
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