quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Estudo - Justiça Divina: Determinismo e Fatalidade (I e II)


JUSTIÇA DIVINA – Determinismo e fatalidade

Determinismo e fatalidade são dessas palavras que sem serem sinônimas têm seu entendimento dificultado, pois a fronteira dos seus significados — que as devia separar — é tênue, posto que se há confronto entre algumas das suas características, em outras elas co-existem:
Determinismo:
- Teoria filosófica segundo a qual os fenômenos naturais e os fatos humanos são causados por seus antecedentes; ”o homem é fruto do meio ambiente”.
- Não há o acaso: há encadeamento de causa-efeito entre dois ou mais fenômenos.
Fatalidade:
- Destino inevitável.
- Consequência inarredável, desastrosa, de algum acontecimento.
- Coincidência deplorável.
- Acaso infeliz.
Justiça Divina:
No Espiritismo o conceito de Justiça Divina tem sólido alicerce nas Leis Morais — Leis Divinas que balizam o comportamento do homem —, todas derivadas da Lei do Amor de Deus, dentre elas, particularmente, a Lei da Justiça: a cada um, segundo suas obras.
Aliás, nas Escrituras Sagradas encontram-se várias citações, quase que com as mesmas palavras, magistralmente sintetizando a Justiça Divina:
a. "Porque, segundo a obra do homem, ele lhe paga;  e faz que cada um ache segundo o seu caminho”.  (Livro de Jó, 34:11);
b. “Não pagará ele ao homem conforme a sua obra?”.  (Provérbios, 24:12);
c. “Julgar-vos-ei a cada um conforme os seus caminhos”.  (Ezequiel, 33:20);
d. “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal”.  (II Coríntios, 5:10);
e. “E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo a obra de cada um, andai em temor durante o tempo da vossa peregrinação”.  (I Pedro, 1:17);
f. “E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra”.  (Apocalipse, 22:12);
g. “A ti também, Senhor, pertence a misericórdia, pois retribuirás a cada um segundo a sua obra”.  (Salmos, 62:12).
h. “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos;  e então dará a cada um segundo as suas obras”.  (Mateus, 16:27).
Quem realize esse valioso passeio filosófico pela Bíblia, culminando com a palavra do Mestre Jesus, não poderá negar desconhecimento da justíssima Lei de Causa e Efeito.
Além do mais, não bastassem as Escrituras, de tempos em tempos o Pai envia um dos Seus filhos, com a Luz do Amor, para relembrar os preceitos das Leis Morais, aos homens cujos descaminhos espirituais estejam anestesiando a consciência.
   - Vieram Profetas ...
   - Veio Moisés ...
   - Veio Jesus ...
   - Veio Paulo: "Irmãos, não vos enganeis: de Deus não se zomba, pois aquilo que o homem semear, isso tam­bém ceifará". (Gálatas, 6:7).
   - Veio Sir Isaac Newton (1642-1727), propondo a i­gualdade entre ação e reação.  Iniciava o grande físico, matemático e astrônomo inglês, o acoplamento da Ciência à Filosofia, no que ela tem de mais profundo: a moral.
   - Veio Allan Kardec (1804-1869) — Codificador do Espiritismo —, expondo com luzes da Espiritua­lidade Maior a Justiça Divina e o porquê dos sofrimen­tos, cujas raízes estão sempre na alma daquele que pade­ce, plantadas que foram por ele próprio. Em "O Livro dos Espíritos", à questão 807, os Espíritos que arrimaram Kardec, para a Codificação do Espiritismo, alertaram fortemente: "Os que abusam da superioridade de sua posição social para oprimir o fraco em seu proveito são infelizes. Serão oprimidos por sua vez e renascerão numa existência em que sofrerão tudo o que fizeram sofrer". 
O tema se presta a estudos e reflexões, pois o que está em foco é a existência terrena com seus ganhos e perdas, até o horizonte final: a morte do corpo físico.
Em primeira e última instância faz toda a milenar diferença entre o materialismo e o espiritualismo, entre a descrença e a fé, entre a má-vontade dos filósofos e a lógica irretorquível do Espiritismo — tudo relativo à VIDA!
Sobre todos nós pairam as Leis Divinas, baseadas na Lei do Amor, sagrada e única!
É dentro desse foco que a seguir são apresentadas as pesquisas-premissas abaixo.

Determinismo

Enfoques espíritas
a. Determinismo natural
- expressões do mundo físico: nascer / respirar / alimentar-se / repousar / morrer.
b. Determinismo divino: a evolução!
- Uma única lei: o amor universal! Cujas resultantes são: o bem e a felicidade.
(Espírito Emmanuel, em “O Consolador”, questão 134, p.85, 6ª Ed., 1976, FEB, RJ/RJ)
c. Determinismo humano
Expressa-se pelas escolhas humanas (livre-arbítrio), carreando responsabilidade pelas conseqüências, a cada ação gerando reação, com acervo vulgarmente denominado “carma”.
Aqui será útil definir alguns conceitos quanto ao “carma”, ou “karma”:
- Vê-se no cap. 7 de "Ação e Reação", autoria espiri­tual de André Luiz, psicografia de Francisco C.Xavier, Ed. FEB:
- Carma: expressão vulgarizada entre os hindus, que em sânscrito quer dizer ação, a rigor, designa causa e efeito, de vez que toda ação ou movimento deriva de causa ou impulsos anteriores.  Para nós expressará a conta de cada um, englobando os créditos e os débitos que, em particular, nos digam respeito.  Por isso mesmo, há conta dessa natureza, não apenas catalogando e defi­nindo individualidades, mas também povos e raças, esta­dos e instituições.
Conceitos fundamentalmente similares: causa e efeito, ação e reação, choque de retorno.
Não menos interessante é o que diz o Espiritismo relativo ao nosso nascimento:
- Programas reencarnatórios: mapa de provas úteis, organizado com antecedência, como decisão antecipada das condições físicas e dos lugares mais adequados à evolução do espírito a reencarnar.
(Espírito Alexandre, em “Missionários da Luz”, cap. 13, p. 227, 21ª Ed., 1988, FEB, Rio).
Por ser assunto de grande importância nas nossas vidas, analisei alguns aspectos relativos a esses programas. De início, questionando:
— Não há nada que o homem possa fazer para modificar a sua vida, isto é, os acontecimentos que o envolvem, às vezes inexoravelmente?
Essa pergunta é talvez senão a mais importante, talvez uma das mais, de todas quantas já se tenha feito na vida.  Para todos!
O Espiritismo esclarece tão transcendental assunto, tendo como verdade lógica que ao reencarnar, cada indivíduo traz consigo um pro­grama de acontecimentos que o alcançarão, alguns inevi­tavelmente, outros, passíveis de alterações, sim:
a. os fatos inexoráveis fazem emergir, à lógica, que espelham situação devedora de resgate intransferível. Tais são os casos de cegueira de nascença, deformidades congênitas, acidentes absolutamente inesperados, doenças incuráveis em alguma época da vida, nível monetário, etc. Esses fatos são minuciosamente estudados e decididos por Espíritos Siderais, agentes da Lei de Justiça. Tal enredo acontece antes mesmo da reencarnação daqueles que terão de passar por tais expiações, ou provações compulsórias.
Contudo, nenhum deles, jamais, estará sem o permanente auxílio caridoso daqueles Espíritos protetores, que agem segundo o permanente Amor emanado do Supremo Criador a todas as criaturas;
   b. quanto às situações que podem sem modificadas, para melhor ou para pior, são aquelas sobre as quais o livre-arbítrio ainda pode agir.
A “contabilidade celestial” oferta vários exemplos no dia-a-dia.
Cito alguns, cujos fundamentos foram expostos pelo Espírito André Luiz, no livro "Ação e Reação", Edição da FEB, RJ/RJ:
a. Aumento dos débitos (no cap. 12)
— É quando o homem, reencarnando com propósitos de se corrigir, mais onera seu passivo moral, reincidindo na­queles mesmos erros que deveria eliminar da sua conduta moral.  Como exemplo, cito o caso de alguém que numa existência tenha sido muito rico e foi avaro;  na atual, voltando rico, mais egoísta ainda se torna. Ao desencarnar, seu débito estará dilatado: experiências futuras de pobreza...
Os suicidas, também, desencarnam sempre em condi­ções mais infelizes do que quando reencarnaram.
b. Passivo inalterado (no cap. 13)
— Quando o reencarnado passa a vida sem quaisquer realizações diretamente ligadas ao seu programa reencar­natório. Por exemplo: alguém reencarna com previsão de constituir família, cujos parentes deverá proteger, con­tudo, opta por manter-se solteiro, sem ligar-se afetiva­mente a ninguém. Ao desencarnar, estará com seu passivo inalterado, quanto à teia de realizações familiares previstas.  Se débito houver, será o referente à oportunidade perdida.
c. Cumprimento parcial (no cap. 16)
— Como exemplo, o divórcio, numa situação de casal que tinha previsão de juntos se reajustarem.  Separando-se, interrompem a reconstrução recíproca, que mais tar­de, em outra reencarnação, terá que ser retomada, tal­vez, em condições mais difíceis...
— Por que mais difíceis?
— Porque pode acontecer de se unir a alguém "mais complicado" que o cônjuge anterior, e cuja separação ocorreu por sua culpa, com isso prejudicando a marcha evolutiva daquele outro cônjuge, que após, eventualmente tenha evoluído por mérito próprio.
Agora: se a culpa foi de ambos, os dois, também, voltarão a se reencontrar no futuro.  Não há duvidar.
d. Abrandamento das dores (ainda no cap. 16)
— É muito citado, nos meios espíritas, o caso daquele homem que mantinha uma escola profissionalizante, com grande amor, mas com grandes sacrifícios. Um belo dia perdeu um dedo num torno. Triste, pensativo, intimamen­te se perguntava: por que teria Deus tirado meu dedo, justamente de mim, que tanto bem faço...?
À noite, na sessão mediúnica, o Mentor Espiritual, conhecendo suas dúvidas interiores, comunicou-lhe que havia previ­são espiritual pré-reencarnatória da perda do braço, contudo, face os méritos adquiridos junto à prática da caridade, só perdeu um dedo.  Sem o braço, ficaria im­possibilitado de cuidar das crianças, que dependiam dele ...
Deduz-se que o "destino" é resultante do proceder, através da utilização do livre-arbítrio.  E mais: que pode-se, sim, modificar a vida presente, para melhor, amealhando merecimento para atenuar as pro­vas que sobrecarregam a existência.
e. Extinção total de dívida (no cap .17)
Normalmente extingue-se determinada dívida, nos desastres ou em vários outros inevitáveis acontecimentos que causam morte violenta, bem como nos casos de doenças incuráveis e que causam muita dor (vide no cap. XIV, n.° 9, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”).
Nos assassinatos, a vítima esgota uma pesada dívi­da, ao passo que o criminoso contrai enorme débito.
Raríssimo é o fato de alguém quitar-se inteiramente perante a consciência, do programa reencarnatório previsto para aquela existência, observadas as Leis Morais.  Isso ocorre quando o devedor completa toda a lista de reali­zações a que se propôs executar antes da reencarnação.  Quando essa lista veiculava seus últimos débitos, terá completado o estágio de aprendizado terreno!
Nesse degrau da evolução, situam-se aqueles Espíri­tos cuja elevação credencia-os a se transferirem do pla­neta Terra para mundos mais felizes.
f. Resgate coletivo (no cap. 18)
É aquele que alcança grupos inteiros de familiares, de viajantes, vizinhos, ou mesmo uma população: desastres aéreos, rodoviários, ferroviários, nau­frágios, epidemias..., pandemias, guerras, terremotos, ma­remotos, furacões, avalanches, inundações, etc., formam alguns dos resgates nos quais os que perecem, conhecidos ou não, tinham débito relativamente similar a ser quitado.
Como exemplo de débito similar, conjeturo ser aquele de povos que (historicamente) dizimaram outros povos, com aprovação de conterrâneos que, embora sem agir, os apoiaram.
Obs: Num aborto, por exemplo, como enquadrar a mulher grávida que desiste da maternidade, já que muitas vezes ela é pressionada por terceiros?
Nesse caso, não objeta pressupor que não apenas a mulher grávida cometeu grave desrespeito às Leis da Vida.  Não raro, por irresponsabilidade, covardia ou intolerância são co-partici­pantes desse hediondo crime os agentes físicos que assassinam o ser que deveria nascer, mas também o companheiro que a engravidou, os familiares e, por ex­tensão, toda a sociedade. Terão que reparar tal falha.
Creio, quanto ao abortado, que necessariamente, pelo que já expus acima, estará em processo de reconstrução, tanto quanto os responsáveis, em processo de destruição da sua paz.
A Justiça Divina, sempre, administrando agentes de causa e efeito, de ação e reação!
Raças: determinismo ou fatalidade — prova ou expiação?
Pela Lei de Causa e Efeito compreende-se porque há pobres, ricos, inteligentes, néscios, doentes e sãos.  Mas, como justificar as raças?  Brancos, negros ou amarelos: qual a razão?  Por que nascer numa ou noutra dessas raças?
O conceito de raças e sua aparência, transcende ao conhecimento humano.  Contudo, no livro “A Caminho da Luz”, no cap. III, 13ª Ed., 1985, FEB, Rio, o Espírito Emmanuel clareia muitas dúvidas a respeito, registrando, por exemplo, que a fixação dos caracteres raciais demandou a contribuição do tempo, aí sendo computados milênios sobre milênios.  Hoje, que tais caracteres já estão definidos, muito pobremente pode-se conjeturar que as multiplicadas reencarnações ofertam, paralelamente, multiplicadas chances do mesmo Espírito acumular experiências vivenciais, acrisolando-se em corpo ora branco, ora amarelo, ora negro...
Agrupamentos humanos
Quanto às famílias há fatores espirituais reunindo num mesmo teto os seus membros.
Isso porque, como em todo o Universo não há ação sem reação, pode-se deduzir que vidas passadas interligam real­mente pais, filhos, cônjuges e  familiares.
Na composição de uma família, na maioria dos casos, prepondera a sintonia espiritual entre seus componentes. Essa sintonia pode ser positiva ou negativa, exercendo irresistível atração entre eles. Cuidam ainda os Engenheiros Siderais responsáveis pela reencarnação que não ocorra desrespeito às leis naturais da genética.
Só por essas reflexões pode-se ajuizar o quanto é trabalhoso o processo de agrupamento familiar, motivo pelo qual considero extremamente útil aos agrupamentos familiares aproveitarem ao máximo as oportunidades de pacificação, quando reencarnados.
Patrões e empregados, em quase todos os casos, igualmente se aproximam e con­vivem longos anos pela lei de atração, que obedece ao passado, promovendo no presente, resgates-reajustes re­cíprocos, nos duros embates que a vida exibe, para a conquista da paz entre espíritos.
Essa mesma situação repete-se em vários grupos soci­ais, quase sempre ligados por vertentes do passado, ou mesmo por afinidade de ideais.
— E nos Centros Espíritas?...
Nos Centros Espíritas, em particular, mais de perto se pode comprovar a "presença do passado", eis que diri­gentes, médiuns e frequentadores, não raro, ofertam ce­nários, ora de grandes realizações, ora de tristes quedas em novos ou repetidos desajustes...
A presença da harmonia entre os diretores e frequentadores é indicativo seguro de a quantas anda a sintonia na casa espírita.
Essas rápidas considerações podem perfeitamente serem aplicadas aos demais grupos religiosos.
Hereditariedade
— Em se falando das leis genéticas, pode-se explicar a hereditariedade pela Lei de Justiça?
— Perfeitamente: o indivíduo, ao nascer, deve estar equipado de determinadas condições físicas e morais, de certo ambiente familiar e social, para poder desempenhar seu roteiro evolutivo.
Não existindo o acaso, a união dos cromossomos pa­ternos e maternos é promovida segundo sábias leis da genética, de que os Mensageiros Celestiais detêm amplo conhecimento.  Até para que as próprias Leis Naturais não sejam desrespeitadas, a fecundação ocorrerá em obe­diência ao currículo vivencial a ser cumprido, mas sub­metido à condição genética dos pais.
Como exemplo cito que se um Espírito deve reencarnar a bordo da pesadíssima expiação da cegueira, só poderá nascer de pais que tenham tal deficiência em seu inven­tário cromossômico.  E, nesse caso, embora as respeitáveis e corretas Leis de Mendel i­dentifiquem a deficiência orgânica dos pais, a Lei de Ação e Reação — e somente ela, decifrando causa e efei­to —, elucidará a origem do problema: no passado deli­tuoso do nascituro. Nem todos os irmãos nascem cegos, o que singulariza a ocorrência.
Desencarnação precoce, ou adiada  -  Reencarnação de emergência
Concessões ofertadas, como benefício, a encarnados e desencarnados, por gênios angélicos, das sublimadas regiões celestes de cada orbe.
          1) Desencarnação adiada (1)
No livro “Obreiros da Vida Eterna”, do Espírito André Luiz, psicografia de Francisco C.Xavier, cap. 17, p.263, 9ªEd., 1975, FEB, DF/DF, os protetores espirituais, atendendo prece de um menino, então com oito anos (Joãozinho), grande servo de Jesus, adiam a desencarnação da personagem Albina, enferma, dedicada à formação cristã de jovens. O desencarne de Albina, que adotara Joãozinho como neto, poderia provocar problemas no parto de sua filha (Lóide), grávida, sensível, e se a mãe morresse antes do parto, poderia abortar, pelo que, só após o parto a equipe de A.Luiz promoveria a desencarnação de sua mãe. Tal providência decorreria do fato de que a criança que vai nascer é peça fundamental de planejamento espiritual: com Joãozinho, ambos seriam os continuadores do abençoado programa de educação evangélica que Albina vinha realizando.
2) Desencarnação adiada (2) – (seguida de reencarnação de emergência)
No livro “Sexo e Destino”, do Espírito André Luiz, psicografia de F.C.Xavier e W.Vieira, 2ªP., cap. 9, p. 275, 11ª Ed., 1985, FEB, DF/DF, o Espírito Félix cita o caso de Marita, que sofreu acidente gravíssimo, a que deu causa, sendo sua morte adiada por alguns dias, para reajustes indispensáveis e oportunos, e que, após desencarnar, em breve teve “reencarnação de emergência”.
(Para mim, esta é uma das narrativas mais comoventes, de toda a literatura espírita).
          3) Desencarnação antecipada*
No livro “Entre os Dois Mundos”, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo P.Franco, vemos nos cap. 07 a 10, como os protetores espirituais promovem a desencarnação antecipada do personagem Marco Aurélio, no caso, por merecimento, impedindo-o assim de matar a esposa, então doente.
* Notas extraídas do artigo “As mortes antecipadas”, de Alessandro Viana Vieira de Paula, in: revista “O Consolador” nº 234, de 06.11.2011;
d. Determinismo e livre-arbítrio
Livre-arbítrio: edificação consciente do próprio "destino", pela escolha do caminho que desejar, na rota evolutiva.
(Martins Peralva, em “Estudando o Evangelho”, cap. 30, p. 140, 6ª Ed., 1992, FEB, Rio)
Novamente o Espírito Emmanuel, que agora acopla determinismo ao livre-arbítrio, em “O Consolador”, já citado:
À questão nº 132: Determinismo e livre-arbítrio coexistem, entrosando-se na estrada dos destinos, para a elevação e redenção dos homens. Nem sempre, contudo, são proporcionais: o primeiro é absoluto nas baixas camadas evolutivas e o segundo amplia-se pela educação e experiência.
E à questão nº 133: Na zona de pura influenciação espiritual, o homem é livre na escola do seu futuro caminho.
Assim, é  o próprio homem que cria as circunstâncias presentes e futuras .
e. Determinismo e evolução
- Leciona Manoel P.Miranda, em “Loucura e Obsessão”, 2ª Ed., 1990, cap. 25, p. 312, FEB, RJ/RJ:
O determinismo é o resultado natural das realizações em cada etapa da evolução.
Pode ser absoluto ou relativo:
- absoluto:  Fatalidade do nascer e morrer
- em corpo físico; em expiações mutiladoras e dilacerantes; em vários tipos de                       injunção penosa; em várias áreas sociais; em várias situações financeiras
- relativo: Alterável pelo livre-arbítrio em razão das realizações eleitas
          - boas escolhas, em ordem com Deus : paz, harmonia,
          - más escolhas, na contramão divina: insucessos e dor.
Sempre, porém, objetivando o bem do Espírito, suas aquisições libertárias, sua ascensão.
- Diz-nos o Espirito Sânzio, em “Ação e Reação”, cap. 7, p. 92, 5ªEd., 1976, FEB, Rio:
"O determinismo pode ser irresistível nas esferas primárias da evolução“.
f. "Lei Divina da Compulsoriedade" (“cassação” do livre-arbítrio)
Decorrente da análise dos ensinos dos Espíritos Superiores peço licença para, com muito respeito, lucubrar sobre a provável existência da Lei da Compulsoriedade (referente a reencarnações punitivas), contida no determinismo divino da evolução.
Cataloguei várias instruções dos Espíritos sobre isso, não necessariamente com esse rótulo:
1) Questão nº 262 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec: Deus pode impor uma existência ao Espírito com má-vontade.
É o caso daquele Espírito  que, obtendo uma ou várias chances de melhoria moral, teima em cometer erros sobre erros.
2) Item nº 8 do cap. V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec: As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa. (Grifei).
3) Espírito Manoel P.Miranda, em “Nas Fronteiras da Loucura”, psicografia de Divaldo Franco, 9ª Ed., 1997, p.9, LEAL, Salvador/BA: Quando não funcionem os estímulos para o progresso e o Espírito deseje postergá-lo, imposições da própria Lei jungem-no ao processo de crescimento, mediante as expiações lenificadoras que o depuram, cooperando para a eliminação das sedimentadas mazelas que o martirizam...
4) Léon Denis, em “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, 17ªEd., 1993, p.176, FEB, Rio:
Inteligências diretoras, visando o proveito, evolução e expurgo do nosso passado, fazem elas próprias, em alguns casos, a difícil escolha de nossas provas.
5) Manoel P. Miranda, em “Nos Bastidores da Obsessão”, 2ªEd., 1976, p. 229, FEB, Rio:
Pacientes há, rebeldes de tal monta, que o melhor medicamento para a saúde deles é a continuação do sofrimento em que se encontram...
6) Emmanuel, em "O Consolador", à ques­tão n.º 96, oferta informação precisa quanto ao Espírito enve­lhecido nos abusos do mundo, portador de doenças incurá­veis, estas como estação de tratamento e de cura e quan­to às enfermidades d'alma, persistentes: "podem reclamar várias estações sucessivas, com a mesma intensidade nos processos regeneradores".
Obs: Informação coadjuvante à compulsoriedade na vida de Espíritos rebeldes, prestada pelo Espírito Anacleto, em “Missionários da Luz”, p.333 a 335, 21ªEd., 1988, FEB, Rio:
Bons Espíritos auxiliam Espíritos enfermos por até dez vezes consecutivas, mas se estas oportunidades voam sem proveito, o atendido é entregue à própria sorte, até que adote nova resolução. Quando a sós aprender lições novas e se melhorar, voltará a ser socorrido.
7) Espírito “Irmão João”, em “Memórias de Um Suicida”, 5ªEd., 1975, p.260/261, FEB, Rio:
A reencarnação punitiva é medicamentação, apenas! Um gênero de tratamento que a urgência e a gravidade do mal impõe ao enfermo (Espíritos suicidas sem condições de algo tentarem voluntariamente)! Operação dolorosa que nos pesa fazer, mas à qual não vacilamos em conduzir os pacientes, certos de que somente depois de realizada é que entrarão eles em convalescença.
Obs: Às p. 271 e 272 dessa mesma obra há novas informações referentes a reencarnações compulsórias.
8) Inolvidável esclarecimento, qual enérgico alerta é-nos dado pelo Assistente Áulus, em “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 15, p. 139 a 141, 8ªEd., 1976, FEB, Rio):
Espíritos infortunados que se comprazem na loucura sem se fatigarem serão levados a prisão regeneradora, pela Lei. (...) Há dolorosas reencarnações que significam luta expiatória para almas necrosadas no vício. Ex: o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros recursos.
9) Espírito Silas, em “Ação e Reação”, cap. 15, p.209, 5ªEd., 1976, FEB, Rio:
O homem que tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, queda-se a tal ponto que, inconsciente e desequilibrado terá renascimento doloroso, com inversão sexual compulsória por imposição dos agentes da Lei Divina. Renascerá em corpo feminino para que, no extremo desconforto íntimo aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe.

FATALIDADE

Em se tratando de “fatalidade” é comum ser ressaltada a doutrina do “fatalismo”.
a. Segundo a Filosofia a fatalidade é atitude ou doutrina que admite que o curso da vida humana está previamente fixado, sendo a vontade ou a inteligência impotentes para dirigi-lo ou alterá-lo.
(Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa – FOLHA/AURÉLIO, 1994-1995, p.291. Ed.Nova Fronteira, S.Paulo/SP).
b. 0 fatalismo é doutrina que considera todos os acontecimentos como irrevogavelmente marcados por uma causa única e sobrenatural. (...) Os fatalistas se abandonam sem reação aos fatos e acontecimentos.
(Grande Enciclopédia Larousse Cultural, 1990, Volume 4, p. 1313, Ed.Universo Ltda, S.Paulo/SP).
Depreende-se que os adeptos do fatalismo abandonam-se passivamente aos acontecimentos: arquivam a inteligência e o livre-arbítrio, duas ferramentas ofertadas por Deus para emprego em toda e qualquer situação: não reagem /  não criam /  nada decidem /  nada resolvem.
Em primeira e última instâncias: acomodam-se. 
Enfoques espíritas
O Espiritismo, ao contrário, parte sempre do pressuposto do jamais ausente auxílio do Plano Maior a todos aqueles que, na angústia ou na dor oram e pedem ao Pai de Amor.
Tal postura, obviamente, não é exclusiva dos espíritas, mas sim das pessoas de bom senso e que têm fé em Deus e em todos os Seus emissários celestiais.
1) Sem dúvida alguma, há leis naturais e imutáveis que não podem ser ab-rogadas ao capricho de cada um; mas, daí a crer-se que todas as circunstâncias da vida estão submetidas à fatalidade, vai grande distância. Se assim fosse, nada mais seria o homem do que um instrumento passivo, sem livre-arbítrio e sem iniciativa. (Grifei).
(Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXVII, item 6).
Exemplo de dificuldade seguida ou de reação ou de acomodação:
- nas regiões da seca, convivem abundância e miséria porque, no primeiro caso, com irrigação artificial, cisternas e poços artesianos construídos ensejam colheitas fartas de várias frutas e legumes e abastecimento de água potável, enquanto que, no segundo caso impera o conformismo inoperante, sob o herético lema fatal do Deus quer assim...
- alguém perdido no deserto, sem água e com sede horrível: poderá entregar-se à morte, mas, ao contrário, diante da adversidade, no mínimo, orar; e aí, quem sabe a prece não lhe trará água, mas algum Espírito protetor poderá orientá-lo que direção seguir para encontrá-la?
          Obs: Esse segundo exemplo é de Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXVII, item 8.
Dessa forma, pelas ações do indivíduo ele pode alterar sua vida e até seu futuro, com o que, assim, fica excluída a fatalidade cega, “fatal”.
2) A fatalidade é um efeito inteligentemente corretivo de uma causa das ações praticadas pelo homem, na Terra ou no além.
(Espírito Rosália, em “Memórias de Um Suicida”, 2ªP., cap. V, p.318, 5ªEd., 1975, Rio).
3) Há reencarnações que funcionam como drásticos (...) Deus criou o livre-arbítrio, nós criamos a fatalidade”.
(Espírito mãe de André Luiz, em “Nosso Lar”, cap. 46, p.256, 48ª Ed., 1998, FEB, Rio)
4) Resgates: O expressivo montante dos nossos débitos do pretérito a ser resgatado é elaborado em programas que significam uma espécie de fatalidade relativa, onde nossa conduta pode gerar benefício ou desfavor.
(Espírito Clarêncio, em “Entre a Terra e o Céu”, Cap II, p.14, 13ªEd., 1990, FEB, Rio).
           A questão dos resgates é um tanto quanto complicada.
          Alguns esclarecimentos espíritas talvez facilitem o raciocínio, entendimento e aceitação:
a. a desencarnação é assim como um pouso de parada na trajetória de atividades do ser, proporcionando-lhe rea­lizar um balanço de como tem se conduzido;  do resultado desse balanço, irá depender sua futura reencarnação, mas nesse intervalo ele será instruído e orientado por Espí­ritos amigos, de como, quando, com quem,  e  onde, pode­rá quitar seu débito;
b. naturalmente, que nem sempre as coisas acontecem assim com todos os Espíritos: tudo o que ocorre a um Espírito, encarnado ou desencarnado, obedece à proporção direta do seu grau de merecimento;
c. estando no plano espiritual, quando o Espírito consci­entiza-se de haver lesado a alguém, requer ao Criador, o­portunidade para reparar seu erro;
d. tão grande é a Bon­dade de Deus, que tais oportunidades são concedidas sem limite, geralmente através as reencarnações, que aproxi­mam o Espírito, reencarnante, daquele(s) que prejudicou; é o que se vê, no mundo todo, nos grupos familiares e sociais;
e. via de regra, o devedor suplica pesados resgates, pois, curtido pelo remorso, requer duras penas para sua próxima etapa de vida física;
f. contudo, para dosar adequadamente a quantidade e o grau de dificuldades de acontecimentos reparadores, as petições são submetidas a Entidades Angelicais, de gran­de sabedoria e bondade ( Vide em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIV, n.° 9);  aí, tais benfeitores ajuízam, caso a caso, quais quantidades de sofrimentos, dores, descon­fortos, facilidades materiais, sociais, familiares, con­dições profissionais, saúde, doenças, grau de inteligên­cia,  de memória, etc., etc., que cada criatura irá ter à sua disposição durante a próxima etapa reencarnatória;
g. a duração dessa existência é assim pré-determinada;
h. o entendimento desse misericordioso mecanismo paci­fica o Espírito sofredor, principalmente quando encarna­do, fazendo com que os revezes da vida sejam suportados resignadamente.
Assim, tudo o que de importante nos acontece, de bom ou de ruim, é a medida exata do nosso merecimento;  nesse último caso, decorrentes de nossos insistentes pedidos...
(Quantas lamentações inexistiriam se o Espiritismo fosse mais divulgado...).
5) A fatalidade segundo o  “O Livro dos Espíritos”:
- Questão n.º 853: Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o ins­tante da morte.  Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podeis furtar-vos;
- Questão nº 859: .
Obs: Será sempre perigoso radicalizar:  como citei no caso “Marita”, na obra “Sexo e Destino”, de André Luiz, tanto o instante da morte foi prorrogado, quanto a próxima reencarnação antecipada.  Não há contradição: o que há é o nosso desconhecimento integral das Leis de Deus.
- Questões nº 851, 856, 860, 862 e 866:
Provas físicas: escolha feita pelo Espírito antes de reencarnar.
Provas morais: poderão ser aumentadas ou diminuídas.
A maneira de morrer pode ser modificada, por lutas a sustentar.
(Assim, há fatalidade nos acontecimentos materiais e inexiste nos atos da vida moral, os quais podem ser desviados).
- Questão nº 855: Os perigos são advertências (do Anjo Guardião).
(Quanto às previsões espirituais — sonhos pré-monitórios, por ex. —, são também advertências e não certeza de acontecimentos fatais).
- Questões nº 261 e 865: Sorte no jogo: ganho como homem e perda como Espírito.
Essa é uma espécie de alegria escolhida anteriormente (provação), sendo-lhe concedida como tentação (sem o acaso...), isto é, prova para seu  orgulho e cupidez.


A Justiça Divina

Tratando dos males desta vida sem que ações anteriores os justifiquem, muitos foram os filósofos que desacreditaram ou que ainda desacreditam  na Justiça Divina, uma vez que segundo o que é pregado pela maioria das religiões, Deus é justo “e não coloca cruz em ombro errado”.
Tais filósofos e os que os aceitam arrimam sua descrença à vista de tantas infelicidades terrenas: “fatalidades” individuais ou coletivas, quais acidentes inevitáveis, perda de seres amados, reveses da fortuna, vitimação decorrente de flagelos naturais, enfermidades de nascença, condenação de inocentes, “balas perdidas", etc.
Allan Kardec bem que adverte, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. V, item 6:
- Todavia, por virtude do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa, tais misérias são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que se admita um Deus justo, essa causa também há de ser justa. Ora, ao efeito precedendo sempre a causa, se esta não se encontra na vida  atual, há de ser anterior a essa vida, isto é, há de estar numa existência precedente.
Assim, não há como excluir o homem da responsabilidade pelo mal que o alcance de forma indefensável, muitas vezes através expiações coletivas.
— O que seriam?
— A porção (região) negativa da psicosfera de um mundo é a resultante da soma dos maus atos praticados pelos seus habitantes, pois que até mesmo os pensamentos são força viva que perambulam na atmosfera astral.  Com isso, tem-se que quando alguém prejudica um semelhante, ou desrespeita a própria Natu­reza, seja maltratando um animal ou danificando a ecolo­gia, passa a ser responsável também pelo clima espiritu­al do planeta.
Tem-se que considerar que a Lei de Justiça, como de resto todas as Leis Morais, são perfeitíssimas, irretocáveis, por Divinas.
A bênção das vidas sucessivas (reencarnação) ilumina qualquer dúvida filosófica sobre essas “fatalidades”, depreendendo-se que todos esses acontecimentos são consequentes (efeitos), cujos antecedentes (causas) estão no passado.
Do contrário, de fato, não se admitiria a Justiça Divina, perfeita!
Não existe maior evidência filosófica das vidas sucessivas!
Nos casos de mortes trágicas inevitáveis, admitindo-se que as vítimas tenham culpa desta ou de outra vida, até mesmo alguns reencarnacionistas podem questionar:
- como é que as Leis Divinas decidem e administram, num acidente aéreo, por exemplo, quem “deve morrer” e quem “deve se salvar”, ajustando tudo milimetricamente para que tal aconteça, programando acontecimentos que se desenrolarão, às vezes, em fração de segundos?
- quando morrem dezenas, centenas de pessoas, sendo que não raro uma ou apenas algumas sobrevivem, como é que os Espíritos responsáveis pela vida e morte deles os posiciona no avião, no momento exato de incêndio, explosão ou queda?
- esse avião que caiu foi derrubado pelos Espíritos protetores que cumprem a vontade de Deus?
Os questionamentos são razoáveis, sensatos.
Mas as respostas, quem as tem, segundo penso, são os Espíritos Superiores, que agem em cumprimento a orientações de Deus constantes das Leis Morais, máxime a Lei de Justiça.
E, nesse caso, por enquanto, no contexto moral terreno não se poderá afirmar que existam Espíritos com tal evolução e grandeza moral, capazes de dissertar sobre detalhes.
Pois, escapa totalmente aos conhecimentos humanos a “administração sideral do evento”,  como no caso dos desastres nos quais não raro algumas pesso­as salvam-se  "milagrosamente": cabe conjeturar que tal morte não fazia parte do rol de seus débitos, por isso “se salvaram”, menos ainda como é que as vítimas foram reunidas exatamente ali, naquele momento...
Imagino inapreciável a precisão com a qual agem os Espí­ritos Angelicais encarregados desses resgates, situando os que se salvam a milímetros da morte certa.  Mas, no contexto integral do acidente, deve haver o emprego de superio­res conhecimentos de Tempo e Espaço, Dinâmica, Física e Fisiologia, para as justas resultantes.
A propósito, Allan Kardec, em “O Livro dos Espíritos”, às questões nº 526 a 528, tratando da “Influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida”, dá-nos pistas, citando:
- alguém cai de uma escada e morre;
- uma pessoa se abriga da chuva debaixo de uma árvore e é fulminado por um raio;
- uma pessoa mal intencionada disparar sobre outra um projétil essa pessoa se desvia...
Registra que nessas três circunstâncias houve, sim, ação direta de Espíritos, atuando dentro das leis da Natureza, para que tais fatos ocorressem: a escada estava podre, o raio ia cair naquele local e a bala foi dirigida à vítima com pontaria certeira.
Considere-se, porém, que os Espíritos têm ação sobre a matéria, para cumprirem leis da Natureza, jamais para as derrogar. No entanto, nos três eventos citados, apenas inspiraram as pessoas: a primeira, para subir na tal escada podre; a segunda, para se abrigar debaixo daquela árvore e  à terceira, que se desviasse no momento exato.
Não se diga, em crítica apressada, que tais Espíritos agiram maldosa ou insensivelmente: nos dois primeiros exemplos, agiram qual pai ou mãe que, com o coração em lágrimas leva o filho gravemente enfermo ao hospital para uma cirurgia curativa; no terceiro exemplo, como esses mesmos pai ou mãe que livra o filho de um perigo iminente.
Grandes males, via de regra, são amargo remédio...
À questão nº 859.a de “O Livro dos Espíritos” está registrado:
Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus os prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução.
Em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, no capítulo V, item 21, há a recomendação a nós, humanos, para que compreendamos que o bem, muitas vezes, está onde julgamos ver o mal. Esse item trata da perda de pessoas amadas ou de mortes prematuras: por vezes isso constitui um grande benefício que Deus concede a alguém que se vai.
No mesmo item há uma leve reprimenda:
Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender e crede que Deus é justo em todas as coisas. Muitas vezes, o que vos parece um mal é um bem.
Em “A Gênese”, no capítulo III, item 3:
O mal existe e tem uma causa, sejam os provocados pelo homem ou os que, à primeira vista, não pode evitar, tais como os flagelos naturais, mas que, pela inteligência, os neutralizará. Desse ponto de vista depreende-se que o que ao homem se afigura mau e injusto, conhecendo-lhe a causa consideraria justo e admirável.
No item 7:
Deus, todo bondade, pôs o remédio ao lado do mal, isto é, faz que do próprio mal saia o remédio. A referência é sobre o momento em que o excesso do mal moral se torna intolerável e impõe ao homem mudar de vida.
Em “O Céu e o Inferno”, na I Parte, cap. IX, item 4:
(...) Para compreender como do mal pode resultar o bem, é preciso considerar não uma, porém, muitas existências; é necessário apreender o conjunto do qual — e só do qual — resultam nítidas as causas e respectivos efeitos.
Em “Obras Póstumas”, na I Parte, item As expiações coletivas é-nos esclarecido que quando infortúnios alcançam grande número de pessoas, ali elas resgatam atos de vidas passadas, seja por faltas cometidas na vida privada ou na vida pública. Não é raro, nessas hecatombes, existirem criaturas destemidas e que vendo a calamidade enfrentam-na com solidariedade e destemor, vindo a perecer. Assim, entre as muitas vítimas, todas em resgate, algumas podem ter sido ótimos cidadãos, mas péssimos chefes de família, ou então bons pais de família, mas cidadãos indignos.
          (Todos os grifos são meus).
Assim, as expiações coletivas, causando desencarnações em massa, obedecem a um parâmetro absolutamente justo, podendo o homem, com muita humildade, conjeturar que os atingidos estarão resgatando débitos, no mínimo semelhantes.
Daí vem a pergunta de resposta aparentemente difícil: mas e as criancinhas atingidas, que mal fizeram para merecer tamanho sofrimento?
A questão é pungente, mas somente a Lei da Reencarnação lançará claridades à Razão, ofertando resposta lógica: essa criancinha (corpo orgânico novíssimo, mas Espírito milenar, de multiplicadas vidas sucessivas) está pagando dívida contraída em vidas passadas.
Muito pobremente comparando, sobre tais acontecimentos tão tristes, o que sentem os Espíritos encarregados de administrá-los, assemelha-se ao que sente a mãe que, com a alma cortada de dor, leva o filho ao médico para livrar-se de doença grave e lá terá que passar por cirurgia de grande porte... Mas, depois, esse filho estará são e salvo!
Sem a reencarnação, de fato, não se terá sobre Deus a concepção real: Pai de Amor!
— Ainda sobre resgates dolorosos: sempre se está resgatando o passado?
— Quase sempre: aos filhos réprobos o Pai Maior permite tempo para reflexões, arrependimento e mais que tudo, reconstrução.  Outras vezes, o homem sofre pela incúria na própria existência.  As chuvas ácidas, por exemplo, comprovam a afirma­tiva, eis que sua origem, quase sempre, está a quilôme­tros de distância (gases venenosos lançados na atmosfe­ra, por algumas indústrias).
As populações atingidas por essas chuvas ácidas sofrem suas danosas consequên­cias.
Têm o crédito do resgate.
Mas, em contrapartida, isso representará débito para quem as provocou, exigindo resgate.
Resta como reflexão, fé e verdade inabaláveis, inquestionáveis e definitivas, que “no mar da vida nenhum ser vivo é barco à matroca”, pelo que os acontecimentos notáveis das suas existências estão sim, sob “administração do Plano Maior”, sábio e justo.
Repetindo: sobre todos nós pairam as Leis Divinas, baseadas na Lei do Amor, sagrada e única!

Considerações gerais
— Ante a Lei de Causa e Efeito, todas as angústias dos filósofos se desvanecem ante o esplendor do que ela nos faz compreender, expondo à Razão, o quan­to o Pai é justo, bom e misericordioso.
— O Amor de Deus por nós concretizou a vinda do Mestre Jesus — sublime plantador de esperanças — balsamizando corações sofredores, na poesia encantadora recitada no Monte: "Bem-aventurados os que choram, porque serão conso­lados".
— Os aflitos, crendo em Jesus, compreendem que os sofrimentos de hoje (frutos amargos), são colheita de árvores do nosso ontem equivocado plantio.

Mas, sobretudo, representam a alforria para o amanhã de paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário