domingo, 16 de junho de 2019

O homem e a religião (3/6)


O homem e a religião  (3/6)

Como assinalei no primeiro texto destes comentários semanais, (1/6), de tempos em tempos aportam no planeta Espíritos missionários, com a tarefa específica de erigir colunas-mestras da religação do homem a Deus. Todos, sem exceção, esclarecem que o comportamento humano — bom ou mau — terá sempre como resultante, respectivamente, aproximação ou afastamento da felicidade. Invariavelmente esses tarefeiros do Bem, prepostos de Jesus — tanto os que vieram antes, quanto depois d’Ele —, empunharam a bandeira do amor a Deus e ao próximo, como principal via de acesso ao Reino Celestial.
Jesus, falando ao povo dogmático da recuada época em que o Império Romano era o “dono do mundo” não poderia dizer, a esse povo, coisas que naquele tempo não fariam sentido.
Exemplos? Vejamos alguns.
Antes, lembremo-nos do registro sobre o Mestre dos mestres feito pelo Espírito Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, cap. I, p.17/18, 13ª Ed., 1985, FEB, RJ/RJ:
Jesus participou da organização da Terra, desde quando o planeta ainda não existia. Com efeito, a Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos nasceu de uma nuvem solar. De início não tinha forma regular. À proporção que atraiu maior quantidade de matéria, começou a tomar a forma esférica.
Isto posto, é de se perguntar:
● Será que Jesus, quando aqui esteve, encarnado, desconhecia a existência do Continente Americano, que seria descoberto dali a 15 séculos, passando a ser lar de milhões de Espíritos?
   Nota: Nas três Américas, hoje (2019), estão cerca de 1,076 bilhão de Espíritos encarnados. Há uma estimativa “demográfica espiritual” dando conta de que no plano espiritual hospedam-se da ordem de 4 a 5 Espíritos para cada encarnado. Assim, apenas estatisticamente, temos, só nas Américas (Espíritos encarnados, somados aos que se encontram na psicosfera desse “Novo Mundo”), cerca de 5 bilhões de criaturas humanas;
● A imprensa, a eletricidade, a aeronáutica, a eletrônica, a energia atômica, a informática, a biogenética e tantos outros avanços científicos: eram desconhecidos de Jesus?...
De forma alguma! Certamente que todas essas questões, necessariamente eram do conhecimento do Cristo. Mas, como anunciá-las àquela época e àquele povo? Como?
E quanto ao aporte do Espiritismo, no século XIX ?
Com a previsibilidade própria de quem, do alto, descortina a paisagem à sua frente (o futuro), Jesus noticiou sim, sobre o Espiritismo, por ele pedagogicamente denominado e avalizado como o futuro “Consolador” (João - 14: 15,16,17 e 26).
No tempo (séc. XIX) e lugar (França) adequados, surge Allan Kardec, o eminente e consagrado pedagogo francês, transformado do até então Hippolyte Léon Denizard Rivail. Kardec apresentou ao mundo o fruto de sua meticulosa codificação das informações vinda dos Espíritos, em cinco livros, sendo o primeiro “O Livro dos Espíritos” (lançado em Paris, em 18.abril.1857) —, pedra fundamental da Doutrina dos Espíritos; a seguir “ O Livro dos Médiuns” (1861), “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (1864), “O Céu e o Inferno” (1865 ) e “A Gênese” (1868).
O Espiritismo demonstra a Sabedoria de Deus, com a lógica irretorquível da Lei Divina de Amor e Justiça, segundo a qual o homem colhe o que tenha plantado. Por exemplo: muitos sofrimentos de hoje são frutos amargos de equivocada plantação, ontem (bom senso da reencarnação (vidas sucessivas). Aí, o sofredor compreende a razão do sofrer. E mais: sabendo-se em temporário resgate, consola-se e parte para reconstrução moral.
Tal o aspecto consolador da Doutrina dos Espíritos!
Com Kardec cumpriu-se a previsão-promessa do Cristo, de que enviaria, no tempo certo “O Consolador” — o Espiritismo.
Com efeito, pelo seu conteúdo esclarecedor, o Espiritismo passou a ser reconhecido pelo Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, como sendo a Revelação prometida por Jesus para o porvir, no qual a Humanidade pudesse melhor assimilar-lhe o conteúdo.
Em “O Que é o Espiritismo” (no “Preâmbulo”) Allan Kardec definiu o Espiritismo e comentou:
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal;
(...) o Espiritismo é, ao mesmo tempo, ciência de observação e doutrina filosófica. Como ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais decorrentes dessas relações;
Na “Revista Espírita” de Dezembro/1868 registrou:
o Espiritismo não pode ser considerado “religião”, por não ter culto, casta sacerdotal, cerimônias e privilégios; todavia há nele o sentido nitidamente religioso, quando estabelece um laço moral entre os homens, quando os une, como consequência da comunidade de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a solidariedade, a indulgência e a benevolência, mútuas.
No livro “Obras Póstumas” (compilação de escritos de Kardec, lançado postumamente em Paris, em 1890), no capítulo “Ligeira Resposta aos Detratores do Espiritismo”) vê-se a anotação:
o Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos (...) vai às bases de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo sacerdote. (Grifei).
Apenas por essas premissas já se vê como o Espiritismo não pode ser confundido com quaisquer outras correntes religiosas, conquanto as principais religiões (Judaísmo, Catolicismo, Confucionismo, Protestantismo, Teosofismo, Esoterismo, Budismo, Brahamanismo, etc.) sejam espiritualistas, isto é, aceitam a imortalidade do Espírito e a existência de Deus. Também não pode ser confundido:
● nem mesmo entre aquelas que aceitam a reencarnação;
● as que, em suas práticas, eivadas de sincretismo, exercitam o mediunismo.

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