O homem e a religião
(3/6)
Como
assinalei no primeiro texto destes comentários semanais, (1/6), de tempos em
tempos aportam no planeta Espíritos missionários, com a tarefa específica de
erigir colunas-mestras da religação do homem a Deus. Todos, sem exceção,
esclarecem que o comportamento humano — bom ou mau — terá sempre como
resultante, respectivamente, aproximação ou afastamento da felicidade.
Invariavelmente esses tarefeiros do Bem, prepostos de Jesus — tanto os que
vieram antes, quanto depois d’Ele —, empunharam a bandeira do amor a Deus e ao
próximo, como principal via de acesso ao Reino Celestial.
Jesus,
falando ao povo dogmático da recuada época em que o Império Romano era o “dono
do mundo” não poderia dizer, a esse povo, coisas que naquele tempo não fariam
sentido.
Exemplos?
Vejamos alguns.
Antes,
lembremo-nos do registro sobre o Mestre dos mestres feito pelo Espírito
Emmanuel, em “A Caminho da Luz”, cap. I, p.17/18, 13ª Ed., 1985, FEB, RJ/RJ:
Jesus participou da
organização da Terra, desde quando o planeta ainda não existia. Com efeito, a
Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos nasceu de uma nuvem solar. De início não
tinha forma regular. À proporção que atraiu maior quantidade de matéria,
começou a tomar a forma esférica.
Isto
posto, é de se perguntar:
● Será que Jesus,
quando aqui esteve, encarnado, desconhecia a existência do Continente Americano,
que seria descoberto dali a 15 séculos, passando a ser lar de milhões de
Espíritos?
Nota:
Nas três
Américas, hoje (2019), estão cerca de 1,076 bilhão de Espíritos encarnados. Há
uma estimativa “demográfica espiritual” dando conta de que no plano espiritual
hospedam-se da ordem de 4 a 5 Espíritos para cada encarnado. Assim, apenas
estatisticamente, temos, só nas Américas (Espíritos encarnados, somados aos que
se encontram na psicosfera desse “Novo Mundo”), cerca de 5 bilhões de criaturas
humanas;
● A imprensa, a
eletricidade, a aeronáutica, a eletrônica, a energia atômica, a informática, a
biogenética e tantos outros avanços científicos: eram desconhecidos de
Jesus?...
De
forma alguma! Certamente que todas essas questões, necessariamente eram do
conhecimento do Cristo. Mas, como anunciá-las àquela época e àquele povo? Como?
E
quanto ao aporte do Espiritismo, no século XIX ?
Com a
previsibilidade própria de quem, do alto, descortina a paisagem à sua frente (o
futuro), Jesus noticiou sim, sobre o Espiritismo, por ele pedagogicamente
denominado e avalizado como o futuro “Consolador” (João - 14: 15,16,17 e 26).
No
tempo (séc. XIX) e lugar (França) adequados, surge Allan Kardec, o eminente e
consagrado pedagogo francês, transformado do até então Hippolyte Léon Denizard
Rivail. Kardec apresentou ao mundo o fruto de sua meticulosa codificação das
informações vinda dos Espíritos, em cinco livros, sendo o primeiro “O Livro dos
Espíritos” (lançado em Paris, em 18.abril.1857) —, pedra fundamental da
Doutrina dos Espíritos; a seguir “ O Livro dos Médiuns” (1861), “O Evangelho
Segundo o Espiritismo” (1864), “O Céu e o Inferno” (1865 ) e “A Gênese” (1868).
O
Espiritismo demonstra a Sabedoria de Deus, com a lógica irretorquível da Lei
Divina de Amor e Justiça, segundo a qual o homem colhe o que tenha plantado.
Por exemplo: muitos sofrimentos de hoje são frutos amargos de equivocada
plantação, ontem (bom senso da reencarnação (vidas sucessivas). Aí, o sofredor
compreende a razão do sofrer. E mais: sabendo-se em temporário resgate,
consola-se e parte para reconstrução moral.
Tal o
aspecto consolador da Doutrina dos Espíritos!
Com
Kardec cumpriu-se a previsão-promessa do Cristo, de que enviaria, no tempo
certo “O Consolador” — o Espiritismo.
Com
efeito, pelo seu conteúdo esclarecedor, o Espiritismo passou a ser reconhecido
pelo Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, como
sendo a Revelação prometida por Jesus para o porvir, no qual a Humanidade
pudesse melhor assimilar-lhe o conteúdo.
Em “O
Que é o Espiritismo” (no “Preâmbulo”) Allan Kardec definiu o Espiritismo e
comentou:
● O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem
e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal;
● (...) o Espiritismo é, ao mesmo tempo, ciência de
observação e doutrina filosófica. Como ciência prática, tem a sua essência nas
relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende
todas as consequências morais decorrentes dessas relações;
Na
“Revista Espírita” de Dezembr o/1868
registrou:
● o
Espiritismo não pode ser considerado “religião”, por não ter culto, casta
sacerdotal, cerimônias e privilégios; todavia há nele o sentido nitidamente
religioso, quando estabelece um laço moral entre os homens, quando os une,
como consequência da comunidade de vistas e de sentimentos, a fraternidade e a
solidariedade, a indulgência e a benevolência, mútuas.
No
livro “Obras Póstumas” (compilação de escritos de Kardec, lançado postumamente
em Paris, em 1890), no capítulo “Ligeira Resposta aos Detratores do
Espiritismo”) vê-se a anotação:
● o Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos
religiosos (...) vai às bases de todas as religiões: Deus, a alma e a vida
futura. Mas não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem
rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título
de sacerdote ou de sumo sacerdote. (Grifei).
Apenas
por essas premissas já se vê como o Espiritismo não pode ser confundido com
quaisquer outras correntes religiosas, conquanto as principais religiões
(Judaísmo, Catolicismo, Confucionismo, Protestantismo, Teosofismo, Esoterismo,
Budismo, Brahamanismo, etc.) sejam espiritualistas,
isto é, aceitam a imortalidade do Espírito e a existência de Deus. Também não
pode ser confundido:
● nem mesmo entre
aquelas que aceitam a reencarnação;
● as que, em suas
práticas, eivadas de sincretismo, exercitam o mediunismo.
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