Espíritas, na
maioria, são contendores natos.
Guardados nas
gavetas do Tempo, registros amarelecidos pelos séculos testemunham o quanto
cada um evoluiu.
No período
compreendido entre o primitivismo do troglodita ao desconhecimento das Leis
Morais, enquanto selvagem, o ser humano ficou inimputável. Mas, nas dobras do tempo, as vagas cíclicas
da Vida trouxeram para a superfície terrestre a era da Razão, e com ela, o
raciocínio. Aí, tristemente, o
livre-arbítrio, a bordo da inteligência, substituiu a ignorância para a
sobrevivência pela crueldade para dominar, vencendo sempre.
Novamente os
séculos se sobrepuseram, uns aos outros.
Deus, na sua
inalcançável e insondável Sabedoria, encaminhou Espíritos diletos para iluminar a mente humana e
pacificar seu comportamento. Pontificando em Jesus, o recado do Pai não poderia ser mais claro, pelo
que se tornou eterno: “Amai-vos uns aos outros”.
A partir de
então, a Era Cristã agitou beneficamente todo o planeta. Muitos ouviram o recado. Sobre assimilação, aduziram exemplificação.
Degrau a
degrau, no avançar das reencarnações, vamos encontrar hoje, nos Centros
Espíritas, criaturas muito bem intencionadas, frequentando-os e participando de
suas atividades materiais e espirituais.
Se o lar e a
família são inspirações divinas, em boa hora apropriadas pelos homens, os
Centros Espíritas seguramente estão em patamar próximo delas. Ali, médiuns reunidos sob a lâmpada do
Evangelho, agrupam-se para a incomparável tarefa caridosa tanto com encarnados
quanto com desencarnados.
Pouquíssimos
institutos, em todo o universo, podem se comparar ao lar, à família e ao Centro
Espírita! Se nos dois primeiros é
inescapável a apara de dissensões, arestas e diferenças, reajuste imperando
vinte e quatro horas diárias, por longos dias, meses e anos, no Centro Espírita
ocorre outro enredo.
Com parentes
reajustamos inimizades e resgatamos passado delituoso. No Centro Espírita não há débito de médium
para médium, em escala individual, e sim, compromisso coletivo de união, para
consecução de ideal comum.
Podemos
desertar quantas vezes quisermos dos laços consanguíneos. A necessidade do reequilíbrio, cedo ou tarde,
nos reconduzirá, ainda pelo parentesco próximo, a reencontros e convivência
inevitáveis...
Já no Centro
Espírita, quando invigilantes, os médiuns cedem ao império do atavismo, apagam
o farol cristão e revivem lampejos da ancestralidade.
Sabemos
todos, que no Bem ou no Mal, momentos podem se transformar em séculos.
Os momentos do bem se eternizarão.
Os do mal, um
dia se diluirão.
Assim,
prudente será o médium testificar seu aprendizado, praticando aquilo mesmo que,
amiúde, sugere aos visitantes invisíveis, nas reuniões mediúnicas...
Se o médium,
buscando mais paz, transferir-se de uma para outra organização espírita, não
deixará rastros de reajustes. Estará,
certamente, apenas mudando o endereço do seu programa reencarnatório. Pois, para onde for, encontrará outros
jornadeiros, que dia menos dia apresentarão o mesmo quadro psíquico que se
intentou evitar.
Quando a
desunião visitar o Centro Espírita, convidada que tenha sido tão somente pela
intolerância de uma ou mais partes, é preciso que os corações assumam o
comando: ninguém melhor que o coração ouve o som divino, transformado em
palavra por Jesus, cujo eco, permanentemente, reverbera nos tímpanos da alma
cristã, a respeito do imortal “setenta vezes sete vezes”...
O
Espírito mais humilde não precisa
perdoar, porque jamais se ofende.
Se ao
adentrar no Espiritismo o médium empolga-se com as benditas luzes da chamada
“Terceira Revelação”, impondo a si mesmo radical transformação, sob a meta da
autorreforma, imperioso verificar que aqueles primórdios não bastam. Assim como na natureza, onde tudo se renova
para progredir, o espírita de hoje necessita reformar algo do espírita de
ontem. Sempre!
Não há
programa ou equação definidos para a reforma da autorreforma. Ela é incumbência individual, intransferível,
realizável periodicamente, a título de valiosa reavaliação. Para correção de rota...
Crises em
Centros Espíritas podem ser comparáveis às manchas solares, que de onze em onze
anos liberam fantásticas porções de energia, com repercussão em todo o sistema
solar, interferindo em todos os fenômenos naturais.
À tempestade
solar segue-se a ionização benéfica da atmosfera.
À tempestade
terrena segue-se a bonança e purificação do ar.
À erupção
vulcânica segue-se renovação dos compostos nas terras a plantar.
No Centro
Espírita — filial do amor universal —, quando sob interferências, de um ou
outro plano, unam-se dirigentes, médiuns e frequentadores e chamem Jesus,
perdão na mente, Evangelho no coração, suavidade na língua...
Essa a
equação da Paz para qualquer Centro Espírita: numerador, a soma das
heterogêneas pessoas que os compõem, e denominador comum, o Amor!
Maria é mãe,
toda Amor. Que Sua Bênção seja nossa.
(Texto do Espírito Dulce, psicografia do médium E.Kühl, extraído do livro "Âncoras de Luz, 2003, Editora LEB, Bagé/RS - edição esgotada)
O livro "Âncoras de Luz" está em e-book grátis, neste mesmo blog; clicar na seção "Livros".
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