sexta-feira, 25 de março de 2016

Artigo - Heranças



O que hoje possuímos corresponde exatamente ao que ontem nós mesmos depositamos em nossa conta perante a Vida.
O Criador dá à criatura, ao criá-la, como Herança Maior, a Eternidade.  Essa é, indubitavelmente, a maior de todas as heranças, posto que incomensurável, infindável, muito superior à dimensão do Tempo.
Entretanto, outras heranças são distribuídas a todas as criaturas, qual sejam: as oportunidades, repetidas quanto necessário sejam, de renovar experiências, no processo simples da reencarnação.
É dessa forma que todos os homens, ao nascer, recebendo premiado bilhete de vinda, recebem, também, abençoado e irrecusável bilhete de volta, sem data conhecida para utilização, mas seguramente, prêmio da Grande Viagem que contém fronteiras na vida e na morte.
Engana-se aquele que crê indispensável deixar bens terrenos aos descendentes.  O amparo terreno é perfeitamente definido no Estatuto Divino lembrado por Jesus quando nos advertiu não nos preocupássemos com o amanhã.  Naquela oportunidade, o Mestre situou as avezinhas como amparadas por parágrafos humildes daquele Estatuto e afirmou que nos seus artigos principais, no capítulo da “manutenção”, o Legislador Maior contemplou-nos, a nós homens, com proficiência e certeza.
Não será pois de boa competência o preocupar-se com o que repassar a herdeiros. Não obstante, garantir-lhes estabilidade, certamente é ato de responsabilidade a que não se deve negar, aquele que puder.
Provavelmente, como terceira grande herança divina, se considerarmos a criação a primeira, e a eternidade a segunda, recebemos as fontes do Magistério, constituídas pelo sempre aprender em todos os estágios e fundamento do ato de viver: parentes, amigos, colegas e principalmente inimigos, são fontes perenes de ensinamentos dirigidos essencialmente para cada um de nós.
E, no âmbito coletivo, incontáveis são os abnegados trabalhadores da Seara Universal que legaram, legam e sempre legarão sublimes dotes, incalculáveis heranças para toda a Humanidade, a serem aplicadas nos campos:
- das artes puras, enaltecendo o Bem e o Belo;
- da fraternidade, na Medicina
- das colheitas, na bendita multiplicação dos alimentos;
- do Espírito , onde filosofia não é teorizada mas sim exemplificada no amor ao próximo, constituindo em indeclinável convite ao mesmo reto proceder;
- da matéria, com conquistas científicas para atenuar as agruras terrenas e assim oferecer oportunidade a que os Espíritos ocupem esse espaço nas lides maiores da evolução.

Somos todos herdeiros de muitas heranças.
Se nos cartórios da letra escrita gravam-se documentos de transferências futuras de posses mensuráveis, ao Cristão não será lícito desaperceber que no Tabelionato Espiritual os dotes se destinam ao próprio doador.  É-nos permitido ajuizar que embora Jesus, meigo e tolerante, não incentivasse nem condenasse a poupança, para herança, não olvidou, dentre tantos outros eternos ensinamentos um matemático enunciado: referente ao retorno ao plantador dos Grãos da Caridade!  Lição essa até hoje não integralmente aquilatada ou absorvida, certamente por ter sido complementada pela recomendação em armazenar tesouros no Céu, só ali indenes a furtos ou acidentes.
O Bem é uma herança dada para nós por nós, representado por veículo que uma vez posto em movimento não mais interromperá a marcha, rumo à luminosa imensidão do Tempo.  Aqui também é-nos permitido, em nome do amor aos outros, conduzir a reboque e em ajuda, não só os descendentes do condutor, mas sim os estradeiros do caminho, alienígenas, falidos, destrambelhados...

Mas sempre nossos irmãos!

(Mensagem do Espírito Josué, psicografia do médium E.Kühl, livro "Ancoras de Luz", 2003, LEB, Bagé/RS, edição esgotada)


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