Dos
sofrimentos por que passa a criatura, as dores da alma são superlativas às do
corpo.
A perda de
seres queridos, por exemplo: em que farmácia haveria um remédio para eliminar a
saudade da alma daquele que aqui ficou?
Anos e anos a
lembrança não se apaga, eis que tal dor é chama inextinguível.
Há um bálsamo
consolador: a compreensão das vidas múltiplas, que já favorece aos
espíritas. Exige, apenas, para fazer
efeito, sinceridade na sua aceitação, quando então surge anestesia à suprema
dor da perda do convívio terrestre com entes amados.
Outra dor da
alma: o desterro (outra perda da convivência com seres amados).
Quase todas
as criaturas humanas julgam-se desterradas: seja de bens materiais, de melhores
condições profissionais, ou mesmo de benesses espirituais.
Ainda uma vez
mais o Espiritismo autoriza que parte da cortina seja entreaberta e coisas do
outro lado sejam vistas e analisadas.
Vê-se então, que se está no lugar certo, isto é, “na rua dos seus
pecados e no quarteirão do seu merecimento”...
Sim: não há
um único exilado, em toda a história terrena, e em todas as áreas da atividade
humana, que não tenha sido beneficiado com notícias da sua pátria distante,
quanto saudosa.
Até mesmo as
cidadezinhas mais longínquas recebem as novas das capitais, ou pelos meios de
comunicação, ou por viajantes visitantes.
Há dois mil
anos um obscuro e distante núcleo cósmico, habitado, chamado Terra, recebeu a
fulgurante visita de um viajante que, vindo por certo de lugar muito mais
evoluído, levou-lhes, aos habitantes que ali se julgavam em desterro, notícias
de um mundo maior, de um mundo melhor.
Ensinou a
todos qual condução tomar para chegar nesse outro lugar.
Antes de
voltar deixou todos espantados e surpresos, quando, num exemplo de humildade,
único e ainda não superado, lavou os pés daqueles que mais de perto o seguiam.
Sejamos como
o lírio: causemos admiração à matreira cegonha que muito alto o sobrevoa. Mas a cujo alvor ainda não atingiu,
surpreendentemente advindo dos locais poluídos e venenosos, dos pantanais que
alimentam suas pétalas, que se abrem todos os dias para o esplendor do céu, lá
nas alturas...
Se somos
vítimas de dificuldades a nos rodear, vamos alçar vôo, em Espírito e pensamento construtivo, ajudando uns aos
outros.
Talvez, daqui
a muito tempo, quem sabe, mas não importa, possamos também, com autêntica
sinceridade e propósito, lavar os pés daqueles que os tenham na lama. Com isso,
ajudando-os a se livrarem das impurezas rasteiras das más tendências, veremos
que esses irmãos têm no seu íntimo, algo com maior alvura ainda do que o mais
alvo dos lírios: o Espírito imortal — criação divina!
(Mensagem do Espírito Jairo, psicografia do médium E.Kühl, livro "Âncoras de Luz", 2003, LEB, Bagé/RS - edição esgotada)
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