Do livro “Poemas e Canções”, de Vicente de Carvalho
(1866-1924), cognominado de “o poeta do mar”.
Da série “Velho tema”, o soneto nº III:
Belas,
airosas, pálidas, altivas,
Como tu mesma, outras mulheres vejo:
São rainhas, e segue-as num cortejo
Extensa multidão de almas cativas.
Têm a alvura do mármore; lascivas
Formas; os lábios feitos para o beijo;
E indiferente e desdenhoso as vejo
Belas, airosas, pálidas, altivas...
Por quê? Porque lhes falta a tôdas elas,
Mesmo às que são mais puras e mais belas,
Um detalhe sutil, um quase nada:
Falta-lhes a paixão que em mim te exalta,
E entre os encantos de que brilham, falta
O vago encanto da mulher amada.
O soneto está na ortografia em que foi composto — em 1908 —, qual uma
luz que iluminou a alma do “o poeta do mar”, meu preferido.
Essa joia literária que remete a poesia aos píncaros da emoção, isto é,
esse livro, teve 17 edições! A última em 1965.
Meu exemplar é dessa edição
– verdadeira raridade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário